quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O PAPISMO


Ninguém, em sã consciência, pode negar a influência política do papa entre as nações, por ser sozinho o chefe da segunda maior religião do planeta e por se tratar de um político religioso; mas biblicamente, esse cargo não existe. A teoria de que Pedro foi o primeiro papa não resiste à análise bíblica. E como disse certo estadista, que uma mentira repetida vinte vezes se torna verdade, foi isso que aconteceu nessa história. A tradição católica diz que Pedro foi papa em Roma durante vinte e cinco anos, mas nunca pôde ser confirmado nem na Bíblia e nem na história.
Se o apóstolo Pedro foi martirizado no reinado de Nero, por volta de 67 ou 68 d.C, subtraindo dessa data vinte e cinco anos, retrocederemos a 42 ou 43 d.C. Rastreando a vida do apóstolo Pedro, no Novo Testamento, fica desmascarada essa tradição romanista. O Concílio de Jerusalém, Atos 15, ocorreu em 48 ou pouco depois, entre a primeira e a segunda viagens
missionárias do apóstolo Paulo. O apóstolo Pedro participou desse Concílio, mas quem o presidiu foi Tiago. Confira isso em Atos 15.13,19. Em 58 o apóstolo Paulo escreveu a epístola aos Romanos e no capítulo 16 mandou saudação para muita gente em Roma, mas o tal bispo de Roma sequer é mencionado. Não é estranho? Em 62 Paulo chegou a Roma, foi visitado por muitos irmãos, novamente não se tem no­tícia desse suposto papa. Veja Atos 28.30,31.
De Roma escreveu epístolas para algumas igrejas. Em 62: Efésios, Colossenses e Filemon. Em 63: Filipenses. Entre 67 e 68, após o incêndio de Roma, quando estava preso pela segunda vez, 2 Timóteo. Esse tal papa não é mencionado! É verdade que a simples ausência do nome do apóstolo Pedro não se constitui fator decisivo para se rejeitar a tradição católica sobre a figura do papa. Isso é mais um recurso que depõe contra o papismo, e mais uma prova, à luz da Bíblia, que o apóstolo Pedro nunca foi bispo de Roma.
Há até mesmo dúvida se ele esteve em Roma. A única passa­gem bíblica, que é discutível, que dá margem para interpretar como sua presença em Roma é 1 Pedro 5.13, que diz "A vossa co-eleita em Babilônia vos saúda, e meu filho Marcos". Que Babilônia é essa? Visto que a tradição conecta Pedro a Roma é possível que seja a maneira de cristãos e judeus identificarem Roma com Babilônia. A "Grande Babilônia", de Apocalipse, capítulos 17, 18 e 19, parece reforçar essa idéia.
Convém ressaltar que havia uma região no Egito, na época, chamada Babilônia, fundada por refugiados da Assíria séculos antes. A possibilidade de ser essa a Babilônia, mencionada pelo apóstolo, é muitíssimo remota. A Babilônia literal da Mesopotâmia ainda era povoada por numerosos judeus. Mas não há nenhuma evidência de que essa seja a Babilônia mencionada pelo apóstolo, apesar de Calvino e Erasmo sustentarem a idéia de que Pedro es­teve na Babilônia dos rios Tigre e Eufrates.
Usam o texto de Mateus 16.18 para consubstanciar sua doutri­na. Essa passagem bíblica é usada pela Igreja Católica para legiti­mar o cargo de papa. Antes de entrar na exegese do texto sagrado em foco, convém lembrar que a Igreja do primeiro século desco­nhecia a figura do papa. O Senhor Jesus disse: "Pois também te digo que tu é Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja" (Mt 16.18). E uma das passagens mais controvertidas do Novo Testa­mento. A questão gira em torno da identidade da "pedra". Há aqui um jogo de palavras gregas Petros e petra. A primeira, traduzida por "Pedro", significa "pedra". A segunda, significa "rocha".
A expressão: "Sobre esta pedra" significa sobre a resposta de Pedro: "Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo". Sobre Cristo a Igreja foi edificada, e não sobre Pedro. Há muitos expositores que afir­mam que Pedro é a pedra por ser o primeiro a descobrir que Jesus é o Cristo e, portanto, o primeiro cristão, ou seja, o primeiro mem­bro da igreja de Cristo. Argumentam ainda que a diferença entre Petros e petra só existe no grego, pois no aramaico o nome de Pedro é Cefas e seria a mesma palavra nessa língua. Mas esses mesmos expositores do Novo Testamento não reconhecem que nessa passagem o Senhor Jesus esteja delegando autoridade como seu sucessor e nem tudo aquilo que o papa pensa ser.
Essa interpretação não tem fundamento, pois é o mesmo que afirmar que José e Maria, João Batista e os pastores de Belém não sabiam que Jesus era o Cristo. O anjo disse: "pois na cidade de Davi vos nasceu o Salvador, que é Cristo o Senhor" (Lc 2.11). André sabia que Jesus era o Messias mesmo antes de Pedro. Veja João 1.41. Quanto ao nome Cefas, convém salientar que até agora ninguém pode provar que o evangelho de Mateus foi escrito em aramaico. Todas as evidências internas parecem não confirmar essa idéia.
A Bíblia ensina desde o Velho Testamento que a Pedra Angu­lar, Principal ou de Esquina é Jesus: "A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se cabeça de esquina" (SI 118.22). Veja ainda Isaías 28.16. Jesus afirmou ser ele mesmo a pedra: "Jesus disse- lhes: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores re­jeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi fei­to isso e é maravilhoso aos seus olhos?" (Mt 21.42).

O próprio apóstolo Pedro afirmou ser Cristo a pedra: "Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi pos­ta por cabeça de esquina (At 4.11). Veja tambéml Pe 2.4-6. O apóstolo Paulo afirma que Pedro é apenas uma pedra como os demais apóstolos, sendo Jesus Cristo a pedra principal: "edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina" (Ef 2.20). Falta, portanto, fundamento bíblico para consubstanciar a figura do papa.

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