Era preciso a tradução
da Bíblia para dar cumprimento às palavras do Senhor Jesus após ressuscitar:
"Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Mc
16.15). Ora, o mundo está dividido em nações, tribos e povos, cada qual com
suas línguas. Hoje, quando vemos as Escrituras traduzidas em mais de 1.700
línguas, sabemos que Aquele que comissionou os discípulos para tão grande obra,
proveria também os meios para a sua realização.
a. Versões semíticas.
1) O Pentateuco Samaritano.
Não é propriamente uma
versão. É o texto hebraico do Pentateuco, escrito nos velhos caracteres
hebraicos ou em samaritano. O samaritano é um dialeto oriundo do hebraico
antigo, surgido com a mistura do povo assírio trazido para Samaria por Sargão
II, por ocasião do cativeiro das 10 tribos. É uma mistura do hebraico antigo
com o assírio. Dele existem muitas cópias. É a Bíblia da seita dos
sama-ritanos, que teve início com a expulsão de Manasses de Jerusalém (Ne
13.23-30), e a conseqüente construção de um
templo rival no monte Gerizim. Isso marcou o início da contínua separação, pela qual "os judeus não se comunicam com os samaritanos" (Jo 4.9). Em 1616, Pietro Delia Valle trouxe para a Europa o primeiro exemplar do Pentateuco Samaritano, comprando-o em Damasco, da mão de um samaritano. Os MSS existentes estão escritos em samaritano. Em Nablus (a antiga Siquém) os samaritanos exibem antigos MSS do Pentateuco Samaritano na sinagoga que lá se encontra. Há um desses manuscritos que eles afirmam ter sido escrito por um bisneto de Moisés, no 13? ano após a conquista de Canaã, por Josué, o que sabemos ser mera conjectura, sem fundamento.
templo rival no monte Gerizim. Isso marcou o início da contínua separação, pela qual "os judeus não se comunicam com os samaritanos" (Jo 4.9). Em 1616, Pietro Delia Valle trouxe para a Europa o primeiro exemplar do Pentateuco Samaritano, comprando-o em Damasco, da mão de um samaritano. Os MSS existentes estão escritos em samaritano. Em Nablus (a antiga Siquém) os samaritanos exibem antigos MSS do Pentateuco Samaritano na sinagoga que lá se encontra. Há um desses manuscritos que eles afirmam ter sido escrito por um bisneto de Moisés, no 13? ano após a conquista de Canaã, por Josué, o que sabemos ser mera conjectura, sem fundamento.
2) Os Targuns.
São paráfrases ou
explicações, em aramaico do AT. A palavra significa "interpretações".
Quando os judeus regressaram do exílio, tinham perdido o uso do hebraico. Era
preciso que tivessem as Escrituras em hebraico, mas também era preciso que
alguém lhes transmitisse o real significado do texto. Nesse tempo, a leitura
em público, das Escrituras, era seguida de explicação pelo leitor, para que o povo
pudesse entender (Ne 8.8.) Os Targuns eram a princípio resumidos e simples,
mas pouco a pouco tornaram-se aperfeiçoados e, finalmente foram reduzidos a
escrita. Os principais Targuns são:
• O da Lei, feito
por Ónquelos, amigo de Gamaliel, do Século II d.C.
• Os dos Profetas e
Livros Históricos, feitos por Jonathan Ben Uziel, que diz ter sido
discípulo de Hilel, de é-poca posterior. (Não confundam os Targuns com o
Talmu-de; este é o conjunto de tradições judaicas e explicações orais do AT
reduzidas a escrita no Século II d.C.)
b. Versões gregas.
1) A Septuaginta.
É comumente designada
por "LXX". O nome vem do latim "Septuaginta", que quer
dizer "70". Aristeas, escritor da corte de Ptolomeu Filadelfo, que
reinou de 285-246 a.C, escrevendo a seu irmão Filócrates, conta que o referido
monarca, por proposta de seu bibliotecário, Demétrio de Falero, solicitou ao
sumo sacerdote judaico, Eleazar, que lhe enviasse doutores versados nas
Sagradas Escrituras para preparar-lhe uma versão delas, em grego. Ele muito
ouvia falar das Escrituras e queria uma versão delas, para enriquecer sua
vasta biblioteca, em Alexandria. O sumo sacerdote escolheu 72 eruditos (6 de
cada tribo) e enviou-os a Alexandria, os quais completaram a versão em 72 dias.
Josefo registra o fato com detalhes que o espaço não nos permite registrar. De
72 derivou-se o nome "Septuaginta."
A tradução foi feita na
ilha de Faros, situada no porto da cidade. Essa Bíblia teve a mais ampla
difusão entre as nações, especialmente naquelas onde estavam os judeus da
dispersão oriunda do cativeiro. Os magos que visitaram o menino Jesus, sem
dúvida, conheciam esta Bíblia no Oriente. Foi a Septuaginta um dos meios que
Deus usou na preparação dos povos e nações para o advento do Evangelho que
seria proclamado por Jesus e seus discípulos, ao chegar a "plenitude dos
tempos" (Gl 4.4). Ela, por onde quer que ia, disseminava as profecias que
apontavam para o Messias. A língua grega foi outro veículo usado por Deus. Ela
serviu para levar o Evangelho ao mundo de então.
Foi a Septuaginta a
primeira tradução completa do AT, do original hebraico. Foi também ela que
situou e dividiu os livros por assuntos como os temos hoje: Lei, História,
Poesia, Profecia. Não há um só exemplar original da Versão dos Setenta;
somente cópias, a mais antiga das quais data de 325 d.C. (É o MS Vaticano,
estudado noutra parte deste capítulo.) A carta de Aristeas é tida por espúria
por modernos estudiosos; sustentam estes que a Versão Septuaginta foi preparada
aos poucos; que o Pentateuco foi traduzido em 250 a.C, e em seguida, os demais
livros; terminando a versão em 150 a.C. Seja como for, é ela a mais antiga
tradução da Bíblia hebraica. Os outros grandes MSS da LXX são os já estudados
códices: Vaticano, Sinaítico e Alexandrino. A Septuaginta é usada ainda hoje na
Igreja Grega. Sua primeira aparição impressa é a constante da Complutensiana
Poliglota publicada em Alcalá, província de Madri, em 1514-1517, e distribuída
em 1522 pelo Cardeal Ximenes.
2) A versão de Áqüila, natural de Sínope,
cidade do Ponto. É uma tradução puramente literal. Contém só o AT. Foi feita em
138 d.C, no reinado de Adriano. Existe em fragmentos.
3) A versão de Teodocião, natural de
Éfeso, coevo de Justino Mártir, que o menciona em seus escritos. Foi feita em
160 d.C, no tempo do Imperador Cômodo. Não é mais que uma revisão dos LXX.
Contém só o AT. Teodocião era ebionita.
4) A versão de
Símaco, feita em 218. Só do AT. Símaco era também ebionita. Existe em
fragmentos.
5) A Héxapla, de Orígenes. Não é
propriamente uma versão; é obra compendiada. Devido a falhas na tradução da
Septuaginta, Orígenes, grande erudito da igreja primitiva, compôs, em Cesaréia,
a sua Héxapla, ou versão de 6 colunas, em 228 d.C. As seis colunas estão
dispostas da direita para a esquerda, assim:
1ª O texto hebraico
2ª O texto grego
traduzido do hebraico
3ª A versão de Áqüila
4ª A versão de Símaco
5ª A Septuaginta
6ª A versão de Teodocião
Jerônimo consultou essa
obra no Século IV. É também citada por Euzébio, que dela copiou o texto dos LXX
e também correções e edições de outros tradutores que Orí-genes incluíra.
Admite-se que a famosa Héxapla perdeu-se no saque dos sarracenos contra
Cesaréia, em 653 d.C. Se ela tivesse chegado até nós, teríamos hoje três
traduções gregas para comparar com a dos Setenta. Dela só se conhece citações.
O texto dos Setenta, da Héxapla, foi publicado em 1714 por Montfaucon. Euzébio,
bispo de Cesaréia (263-340) o copiara.
c. Versões siríacas.
A partir de agora, entra nas versões o NT. Poucos anos após a fundação da Igreja havia igrejas espalhadas em regiões remotas como Ásia Menor, Roma, Antioquia, etc, isso devido ao zelo inflamado pelo Espírito Santo nos crentes de então. Eles percorriam as estradas acima e abaixo contando a história de Jesus. A disseminação das Escrituras era por meio de cópias manuscritas. Os apóstolos de Jesus ainda viviam quando as primeiras versões siríacas foram feitas.
1) A Peshito. Significa
simples. Foi feita diretamente do hebraico, pela Igreja Siríaca de
Edessa, no Nordeste da Mesopotâmia, no século II. Abrange pela primeira vez o
NT, com exceção de poucos livros. E ainda hoje a Bíblia do remanescente da
Igreja Siríaca. Começou a ser feita quando ainda viviam os apóstolos, isto é,
no século I, e foi concluída entre 150 a 200 d.C. Deu origem a outras versões,
como seja, a árabe, a pérsica e a armênia. Esta versão serviu às igrejas do
Oriente.
2) A versão
Filoxênia. Traduzida por Filoxeno, em 508, bispo de Hierápolis na Ásia
Menor. Compreende só o Novo Testamento.
d. Versões latinas.
O latim era a língua falada pelos romanos. Foi língua importantíssima, especialmente considerando-se que o último império mundial foi o romano. O latim foi implantado à medida que o império romano realizava suas conquistas. João, em seu Evangelho, diz-nos que o título posto sobre a cruz de Jesus estava escrito também em latim (Jo 19.20). Foram as seguintes as versões latinas:
1) A Antiga Versão
Latina. É também chamada Versão Africana do Norte. Foi feita na África do
Norte, possivelmente em Cartago. Abrange ambos os Testamentos. Serviu às
igrejas do Ocidente. Seu AT foi traduzido não do texto hebraico e sim do texto
grego da Septuaginta. Foi concluída em 170 d.C. Era bem conhecida por
Tertuliano, falecido em 220, e de Agostinho. Teve várias revisões. Dela restam
uns 40 MSS.
2) A ítala. Também conhecida por Vetus
ítala (em latim). É mais propriamente uma revisão da Antiga Versão Latina. Foi
preparada na Itália, na segunda metade do Século II. Abrange ambos os
Testamentos.
3) A Revisão de Jerônimo. É uma revisão
da Antiga Versão Latina, feita por Jerônimo em 382-387 d.C. Jerônimo foi
encarregado disso por Dâmaso, bispo de Roma. Nesse trabalho Jerônimo utilizou a
Héxapla de Orígenes. Foi nesse tempo que a Septuaginta começou a cair em desuso.
4) A Vulgata. É uma nova versão da Bíblia
por Jerônimo. O AT foi traduzido diretamente do hebraico, e do NT revisto. Em
assuntos bíblicos, foi Jerônimo o homem mais sábio do seu tempo. Era também
dotado de grande piedade e valor moral. Para realizar esta obra, ele instalou-se
num mosteiro, em Belém. Baseou-se na Héxapla de Orígenes. A versão foi feita
em 387-405 d.C. Tinha Jerônimo 60 anos quando iniciou a tarefa. Já antes, em
Belém, fizera a revisão da Antiga Versão Latina.
A Vulgata foi a Bíblia
da Igreja do Ocidente na Idade Média. Foi também ela o primeiro livro impresso
após a invenção do prelo, saindo à luz em 1452, em Mogúncia, Alemanha. Devido à
popularidade e difusão que teve, foi, no tempo de Gregório o Grande (604 d.C),
denominada "Vulgata", do latim "vulgos" = povo, isto é,
versão do povo, popular, corrente. Por mil anos a Vulgata foi a Bíblia de
quase toda a Europa. Foi ela também a base de inúmeras traduções para outras
línguas. Foi decretada como a Bíblia oficial da Igreja Romana no Concilio de
Trento, 4? Sessão, em 8 de abril de 1546; decreto este somente cumprido
em 1592 com a publicação de nova edição da Vulgata pelo Papa Clemente VIII.
Jerônimo nasceu em 342 e faleceu em Belém, em 420.
e. Outras versões orientais. Entre estas podemos mencionar:
1) As versões egípcias ou cópticas. São 3 as de primeira ordem. Foram feitas até o ano 500 d.C.
2) A Etíope, feita
em 330, abrangendo ambos os Testamentos, com base na LXX.
3) A Gótica, feita em 350, de ambos os
Testamentos também, com base na LXX.
4) A Armênia, feita no Século V. Base: os
LXX.
5) A Georgina, feita no Século V.
Preparada por meio de cópias da versão Armênia.
6) A Eslavônica, feita no Século IX.
Base: os LXX. É ainda hoje usada pelos eslavos orientais e meridionais. Ambos
os Testamentos. Foi preparada por dois irmãos missionários tessalonicenses à
Bulgária e Morávia: Cirilo e Metódio.
Além destas versões
orientais, há ainda as versões árabes, mas, de pouca importância para a
crítica textual.
f. Versões européias.
Após um intervalo de 300
anos, começaram no Século XII as traduções nas línguas da Europa, tais como o
francês (1487), o italiano (1432), o alemão (1534), o sueco (1541), o
dinamarquês (1550), o holandês (1560), o espanhol (1602), o finlandês (1642),
o português (1681), etc. Hoje em dia a Bíblia está traduzida não só em todas as
principais línguas da Europa, como também em todas as principais do mundo.
Em muitos dos países
acima mencionados, houve tradução das Escrituras em datas bem anteriores, mas
em porções e com diminuta circulação. A base da maioria das traduções que
acabamos de mencionar foi a Vulgata.
Das versões européias,
vamos destacar apenas três, devido à sua importância, que são:
1) Versões inglesas. Foi a Bíblia que formou a mentalidade do povo inglês e firmou a seriedade nacional. O povo inglês tem alta veneração pela Bíblia. Ela é tida e considerada como o sustentáculo daquele povo. Quando certo imperador chinês perguntou à rainha Victória: - "Que fez a vossa nação tornar-se tão importante em todos os sentidos?" Tomando uma Bíblia em suas mãos, respondeu a rainha: - "Este Livro, senhor".
A Inglaterra foi a
primeira nação a ter a Bíblia em sua própria língua. Até então, as Escrituras
estavam encerradas em latim, desde muitos séculos; língua essa já desconhecida
do povo em geral. Pequenas porções da Bíblia foram traduzidas para o inglês a
partir do Século VIII. Beda, falecido em 735, traduziu os quatro Evangelhos.
Outras porções foram traduzidas até 1300 d.C.
Houve 13 principais
versões em inglês, abrangendo a Inglaterra e os Estados Unidos, feitas entre
1380 e 1978. A primeira, de 1380, foi feita por John Wycliffe. Este foi um
grande erudito e estudioso das Escrituras. Decidiu traduzir toda a Bíblia para
a língua inglesa. O NT foi concluído em 1380. Até que ponto Wycliffe traduziu o
AT é incerto, pois morreu em 1380, antes de completar a tarefa. Depois de
morto, seu túmulo foi aberto por ordem do Papa; seu esqueleto foi queimado e
as cinzas lançadas ao rio Swift. Seus auxiliares concluíram o trabalho após sua
morte. É tradução da Vulgata. Tanto Wycliffe como seus auxiliares enfrentaram
tenaz oposição. O prelo ainda não existia, e um escriba levava muitos meses
para copiar uma Bíblia. Os exemplares eram caríssimos. Foi publicada em 1388
por Purvey, já com revisões. Purvey era o assistente de Wycliffe.
Pela ordem, o segundo
tradutor inglês foi Tyndale. Estudou em Cambridge e Oxford. Conhecia a fundo o
grego e demais línguas bíblicas. A Bíblia do Tyndale foi a primeira versão
inglesa feita dos idiomas originais. Foi também a primeira Bíblia impressa em
inglês. Tyndale enfrentou tal perseguição na Inglaterra, que foi obrigado a
seguir para a Europa continental para poder continuar seu trabalho. Publicou
ele o NT em Worms, Alemanha, em 1525. Devido à perseguição, os exemplares
tiveram de entrar na Inglaterra como contrabando. Lá, quando descobertos, eram
queimados. Tyndale foi morto antes de concluir a tradução do AT. Foi
estrangulado e depois queimado, em 6 de outubro de 1536, pelos
católico-romanos de Antuérpia. A influência do seu monumental trabalho
continua até hoje, porque a famosa Versão Autorizada, hoje em uso, é praticamente
uma revisão da de Tyndale.
As quatro principais versões recentes inglesas são:
a) A Versão Autorizada ou Versão do Rei Tiago. Seis meses após Tiago subir ao trono da Inglaterra (1603) presidiu uma conferência religiosa em Hampton, já em 1604. A conferência tinha por fim considerar as queixas dos puritanos contra os anglicanos. Dessa conferência resultou a nomeação de 54 teólogos para prepararem uma nova versão da Bíblia (mas só 41 tomaram parte na obra). Foi publicada em 1611. Continua até hoje sendo a Bíblia favorita dos povos de fala inglesa. Há 3 séculos vem ela mantendo o primeiro lugar entre as demais versões em inglês.
b) A Versão Revisada
(English Reuised Version). Feita por um grupo de sábios ingleses e
norte-americanos. O Novo Testamento foi publicado em 1881 e o AT em 1885. Tem
grande vantagem sobre as Bíblias anteriores. É uma revisão da Versão
Autorizada. No seu preparo foram utilizados MSS a que os teólogos da Versão
Autorizada não tiveram acesso. Nela tomaram parte homens famosos como Sayce,
Driver, Angus, Lightfoot, Westcott e outros doutores da Bíblia.
c) A Versão Revisada Americana (American
Standard Version). Esta versão é o texto preferido pelos membros
norte-americanos do Comitê que preparou a Versão Revisada de 1881-1885. Foi
publicada em 1900 (NT) e 1901 (AT).
d) A Versão Padrão Revisada (Revised Standard
Version).^ mais uma nova versão do que revisão. Foi preparada nos Estados
Unidos. Os primeiros passos para essa grande obra foram dados em 1929 quando
foi nomeado o corpo de teólogos tradutores e mestres de reconhecida
competência. Alguns deles foram Goodspeed, Moffat, Millar Burrows, Abright.
Novos textos originais foram consultados. O NT foi publicado em 1946 e o AT em
1952. Há prós e contras quanto a esta versão. Não teve a popularidade que era
de se esperar. As quatro versões mais recentes são: New English Bible (1970);
Good News Bible (1976); Jerusalém Bible (1966), e New
International (1978). Esta última é considerada a versão mais fiel publicada
até hoje em língua inglesa.
2) Versão alemã. Lutero preparou-a
traduzindo dos originais. Concluiu-a em 1534. Houve antes outra versão derivada
da Vulgata, de tradução literal, no Século XIV. Lutero executou o trabalho em
plena Reforma, publicando a versão em 1522. Esta Bíblia foi de inestimável
valor para o Movimento da Reforma. Foi tão bem feita que serviu de base para o
alemão literário. Na Alemanha, a Bíblia é considerada como o começo da
literatura alemã.
3) Versões em português. Como aconteceu
em relação a outros idiomas, a Bíblia não foi inicialmente traduzida por
inteiro em português. D. Diniz, rei de Portugal (1279-1375), traduziu da
Vulgata uma parte do livro de Gênesis. O Rei D. João I (1385-1433) ordenou a
tradução dos Evangelhos. Esse mesmo rei traduziu os Salmos. Frei Bernardo
traduziu o Evangelho de São Mateus no Século XV. Em 1495, a rainha Leonor,
casada com D. João II, mandou publicar o livro "Vida de Cristo", uma
espécie de harmonia dos Evangelhos. Em 1505, a mesma rainha mandou imprimir os
Atos e Epístolas Universais.
Agora vejamos as
traduções completas.
a) A Versão de Almeida.
João Ferreira d'Almeida
foi ministro do Evangelho da Igreja Reformada Holandesa, em Batávia, então
capital da ilha de Java, na Oceania. (Batávia é agora a moderna Dja-karta,
capital da Indonésia) Java era então domínio holandês, conquistada aos
portugueses. Almeida traduziu primeiro o Novo Testamento, terminando-o em
1670; em 1681 foi ele impresso em Amsterdam, Holanda, isto é, 100 anos antes da
primeira edição católica da Bíblia - a de Figueiredo, 1781! Almeida traduziu o
Antigo Testamento até Eze-quiel 48.21, quando então faleceu em 1691.
Missionários seus amigos completaram a tradução, especialmente Ja-cob Opden
Akker. Almeida fez sua tradução do grego e hebraico, línguas que estudou após
abraçar o Evangelho. Utilizou também as versões holandesa (de 1637) e a espanhola
(de Valera, 1602). Seu Antigo Testamento foi publicado em 1753, em Amsterdam.
A Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira começou a publicar o texto de
Almeida em 1809, publicando a Bíblia completa pela primeira vez, em 1819. O
texto de Almeida não era muito bom por ele ter deixado Portugal muito cedo e
não ter cultura profunda.
O texto de Almeida foi
revisado em 1894 e 1925. Em 1951, a Imprensa Bíblica Brasileira (organização
batista independente) publicou a "Edição Revista e Corrigida",
abreviadamente ARC.
Uma comissão de
especialistas brasileiros trabalhando de 1945 a 1955 apresentou recentemente a
"Edição Revista e Atualizada" de Almeida (ARA). É uma obra magnífica
com linguagem qualificada e de melhor tradução. O NT foi publicado em 1951 e o
AT em 1958. A publicação é da Sociedade Bíblica do Brasil. A comissão revisora
compôs-se de 30 elementos dos mais abalizados de várias denominações. Foram
membros, figuras como Sinésio Lira, A.C. Gonçalves, Crabtree, R.G. Bratcher, W.
C. Taylor. Foi usado o texto grego de Nestle para o NT, e o hebraico de
Letteris, para o AT. Fez-se o melhor possível. Há uma comissão permanente de
revisão acompanhando os progressos da crítica textual.
Alguns dados pessoais
de Almeida. Nasceu
em Torre de Tavares, em Portugal, em 1628. Emigrou para a Holanda, e daí seguiu
para Java, achando-se aí em 1641. Converteu-se na Igreja Reformada Holandesa em
1642 por meio de um folheto que tratava sobre a "Diferença da Cristandade
entre a Igreja Reformada e a Igreja Romana". Casou-se em 1651 com a filha
de um pastor. Foi ordenado ao santo ministério em 16 de outubro de 1656.
Aprendeu grego e hebraico e começou a traduzir o Novo Testamento, tendo como
base o "Textus Receptus" dos irmãos Elzevirs, segunda edição de 1633.
Faleceu em 6 de agosto de 1691. A Igreja Católica, através do tribunal da
Inquisição, queimou-o em estátua, em Gôa, antiga possessão portuguesa na
índia. A Igreja Romana, nem mesmo agora, no chamado Ecumenismo, se desculpou
de tais coisas...
b) A Versão de Figueiredo.
O padre Antônio Pereira
de Figueiredo, português, levou 17 anos no preparo de sua versão. Publicou o
NT em 1781 e o AT em 1790. É tradução da Vulgata. Foi um dos maiores latinistas
do seu tempo. Desde 1821, a SBBE publica o texto de Figueiredo. O texto atual
publicado pela SBBE é superior ao primitivo.
c) A Tradução
Brasileira. Começou em 1904, por uma comissão de vultos do evangelismo
brasileiro, nomeada pela SBA (Sociedade Bíblica Americana) e SBBE (Sociedade
Bíblica Britânica e Estrangeira). Entre outros, foram membros da comissão:
Antônio Trajano, Eduardo Carlos Pereira e Hipólito de Oliveira Campos. O NT foi
publicado em 1910 e o AT em 1917. A tradução é mui fiel ao original. Há muita
rigidez na tradução. Falta-lhe a beleza de estilo e a segurança vernacular,
porque a tradução é literal, e não à base da equivalência dinâmica, como se diz
em lingüística.
d) A Versão de
Rhoden. Consta só o NT. Era padre brasileiro de Santa Catarina, quando da
tradução. Começou o trabalho como estudante, na Alemanha, em 1924-1927,
concluindo-o no Brasil. Foi publicada em 1935. Este padre deixou a Igreja
Romana. É versão muito usada para estudo comparativo e crítica textual. O texto
grego usado foi o de Nestle.
e) A Versão de Matos
Soares. Também padre brasileiro. Traduziu a Vulgata. Concluiu a tradução
em 1932, mas só em 1946 foi publicada. É a Bíblia popular dos católico-romanos
brasileiros. A versão carece de fidelidade. Como todo tradutor católico,
nota-se em Matos Soares preconceitos e tendências, especialmente nos itálicos,
que às vezes tem texto maior que o próprio original. O Papa é conivente
nisto, conforme sua carta do Vaticano de 1932.
Alguns outros
informes sobre a Bíblia em português.
• A Bíblia foi impressa
a primeira vez no Brasil, em 1944, pela Imprensa Bíblica Brasileira.
• Entre as Bíblias mais
populares do mundo está a em português. As outras são: a Vulgata, a de Lutero,
e a Versão Autorizada (inglesa).
• Há no Brasil três
entidades evangélicas publicadoras e distribuidoras de Bíblias. A primeira é a
Imprensa Bíblica Brasileira fundada em 1940. A segunda é a Sociedade Bíblica
do Brasil fundada em 10-06-1948, resultante da fusão das agências da SBA e
SBBE que funcionavam no Brasil. A terceira é a Sociedade Bíblica Trinitariana,
com sede em São Paulo.
• A primeira agência
distribuidora de Bíblias no Brasil foi a da SBBE, em 1856; a segunda foi a da
SBA, em 1876, ambas na cidade do Rio de Janeiro. Antes disso, vinham Bíblias
para o Brasil através de comandantes de navios, que as entregavam a casas
comerciais para revenda. A mais antiga Sociedade Bíblica do mundo é a SBBE
fundada em 1804; a segunda é a SBA, fundada em 1816.
• Na distribuição de
Bíblias em todo o mundo, o Brasil ocupa o segundo lugar!
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