quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

COMO PREPARAR UM BOM DISCURSO

    A experiência dos oradores, legado de séculos de trabalho dos que procuram fazer da oratória uma arte que expressasse com dignidade as idéias através das palavras, não pode ser deixado de lado sob o argumento de que o orador “deve ser ele mesmo” e não se ater às regras, tampouco pode ser encarada de forma dogmática e mecânica, o que levaria o orador a se perder de tal maneira às normas que mataria a indispensável naturalidade da fala.

            Devemos encontrar um justo meio que nos conduza ao aproveitamento do conhecimento passado e de nossa própria personalidade.

    O melhor conhecimento da personalidade e do estilo que é próprio de cada um nascerá de seu trabalho pelo aprimoramento de
sua expressão verbal. Por ora, daremos um modelo – já bem conhecido – de como preparar um discurso, sendo que este deverá ser seguido não como um fim em si mesmo,mas, como um bom ponto de partida para o desenvolvimento do estilo próprio de cada um.

3.1) INTRODUÇÃO

            Neste início você deve provocar interesse no público para o que irá dizer. É preciso desperta-lo. Começo fazendo uma pergunta, contando uma história que cause impacto, aludindo a ocasião, fazendo uma citação, definindo um termo, ideia, filosofia ou situação, o que for necessário para que todos fiquem interessados.

            Não pense nem por um instante, que necessariamente que o auditório esta em suspense, ansioso por seu discurso. Os presentes poderão estar cochilando ou distraídos. “Chii...!” talvez eles pensem “o que esse cara vai falar?”.

            Em suas primeiras palavras, portanto, você deve tirá-los dessa atitude. Nunca inicie uma fala, por exemplo, sobre “Prevenção de Acidentes” dizendo “O assunto que me foi proposto é o da redução de acidentes de trânsito”.

            Diga, em vez disso, por exemplo. “Ontem toda cidade parou para acompanhar o enterro de um jovem querido de todos nós, acidentado em uma motocicleta”.

3.2) PREPARAÇÃO

            Nesta segunda fase você deve construir uma ponte. Seus ouvintes moram numa ilha, a ilha dos seus interesses próprios.

            É preciso construir uma ponte ligando você a esta ilha.

            O ouvinte conjectura: “Muito bem, você captou minha atenção com sua curiosa introdução, mas por que isso agora? O que eu tenho com isso?”.

            Eis aqui o resumo de como um psicólogo motivou sua palestra sobre insanidade mental, num auditório de pais, explicando a relação existente entre eles e o assunto da palestra.

  1. Introdução: “Eu os convidei, senhores, para considerarmos o problema da insanidade mental, porque os senhores poderão, a qualquer momento ter de enfrentá-lo”.

  1. Preparação: “Atualmente existe uma possibilidade em vinte de que seu filho seja internado num hospício”.

  1. Assunto Central: “Suponhamos que ele escape disso muito bem, mas assim mesmo os senhores serão afetados porque, se o filho do seu vizinho for a vitima, as estatísticas provam que ele ficará internado durante aproximadamente sete anos, e que os milhares de reais gastos pelo governo para manter cada paciente internado serão pagos também pelos senhores”.


  1. Conclusão: “Portanto, quer como pai, quer como contribuinte de impostos, os senhores estarão profundamente ligados a este assunto”.

Enfim, você deve construir uma ponte até o seu público. Enquanto essa ponte não for transposta, você não estará preparado para abordar o ponto principal do seu assinto.

3.3) ASSUNTO CENTRAL

Nesta terceira fase do discurso, desenvolva o tema central de sua palestra ou aula, aproveitando para dar exemplos que clarifiquem o assunto ao máximo e dêem uma boa perspectiva de como ele se dá na realidade.

Vamos supor que você tenha começado seu discurso de um modo interessante e que, na primeira fase, tenha acabado com os “chii...!” e convencido o auditório de que o assunto é de seu interesse. Então agora vá direto ao caso.

Se você julga um crime o desmatamento da Amazônia, ou a poluição industrial prejudicial à vida humana, ou ainda que qualidade essencial é o sustentáculo, a base para a qualidade Total, nesta fase refira-se a isto dando ao ouvinte exemplos e exibindo os quadros ou gráficos pertinentes.

Quanto maior o número de exemplos, ilustrações e citações feitas, maior será o apoio no qual as pessoas manterão a mensagem do discurso.


3.4) CONCLUSÃO

Esta fase final do seu discurso requisita o posicionamento do ouvinte, o fim de um discurso, assim como a extremidade de um lápis deve ter uma ponta.

O fim deve ser algo mais que uma despedida divertida. Deve satisfazer a curiosidade do público, respondendo a sua pergunta final: “E ai? Que devo concluir disso tudo?” portanto, conforme o tipo de fala, ao finalizar, leve o auditório a tomar uma decisão, ou a formar uma opinião definida sobre o assunto.

Por exemplo: “Coopere! Contribua! Vote! Proteste! Escreva! Compre! Venda! Pague! Convença! Participe!”.

Termine sua fala com um convite a ação.


IMPORTANTE: Procure escrever por extenso a introdução e a conclusão do seu discurso, memorizando-as e treinando-as de tal forma que seja capaz de dizê-las com naturalidade e entusiasmo. Garanta assim, nos pontos cruciais em que muitos oradores “perdem o ritmo”, o início e o final perfeitos ao discurso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário