A
experiência dos oradores, legado de séculos de trabalho dos que procuram fazer
da oratória uma arte que expressasse com dignidade as idéias através das
palavras, não pode ser deixado de lado sob o argumento de que o orador “deve
ser ele mesmo” e não se ater às regras, tampouco pode ser encarada de forma
dogmática e mecânica, o que levaria o orador a se perder de tal maneira às
normas que mataria a indispensável naturalidade da fala.
Devemos encontrar um justo meio que
nos conduza ao aproveitamento do conhecimento passado e de nossa própria
personalidade.
O melhor conhecimento da
personalidade e do estilo que é próprio de cada um nascerá de seu trabalho pelo
aprimoramento de
sua expressão verbal. Por ora, daremos um modelo – já bem
conhecido – de como preparar um discurso, sendo que este deverá ser seguido não
como um fim em si mesmo,mas, como um bom ponto de partida para o
desenvolvimento do estilo próprio de cada um.
3.1) INTRODUÇÃO
Neste início você deve provocar
interesse no público para o que irá dizer. É preciso desperta-lo. Começo
fazendo uma pergunta, contando uma história que cause impacto, aludindo a
ocasião, fazendo uma citação, definindo um termo, ideia, filosofia ou situação,
o que for necessário para que todos fiquem interessados.
Não pense nem por um instante, que
necessariamente que o auditório esta em suspense, ansioso por seu discurso. Os
presentes poderão estar cochilando ou distraídos. “Chii...!” talvez eles pensem
“o que esse cara vai falar?”.
Em suas primeiras palavras,
portanto, você deve tirá-los dessa atitude. Nunca inicie uma fala, por exemplo,
sobre “Prevenção de Acidentes” dizendo “O assunto que me foi proposto é o da
redução de acidentes de trânsito”.
Diga, em vez disso, por exemplo. “Ontem
toda cidade parou para acompanhar o enterro de um jovem querido de todos nós,
acidentado em uma motocicleta”.
3.2) PREPARAÇÃO
Nesta segunda fase você deve
construir uma ponte. Seus ouvintes moram numa ilha, a ilha dos seus interesses
próprios.
É preciso construir uma ponte
ligando você a esta ilha.
O ouvinte conjectura: “Muito bem,
você captou minha atenção com sua curiosa introdução, mas por que isso agora? O
que eu tenho com isso?”.
Eis aqui o resumo de como um
psicólogo motivou sua palestra sobre insanidade mental, num auditório de pais,
explicando a relação existente entre eles e o assunto da palestra.
- Introdução: “Eu os convidei, senhores, para
considerarmos o problema da insanidade mental, porque os senhores poderão,
a qualquer momento ter de enfrentá-lo”.
- Preparação: “Atualmente existe uma
possibilidade em vinte de que seu filho seja internado num hospício”.
- Assunto Central: “Suponhamos que ele escape disso
muito bem, mas assim mesmo os senhores serão afetados porque, se o filho
do seu vizinho for a vitima, as estatísticas provam que ele ficará
internado durante aproximadamente sete anos, e que os milhares de reais
gastos pelo governo para manter cada paciente internado serão pagos também
pelos senhores”.
- Conclusão: “Portanto, quer como pai, quer
como contribuinte de impostos, os senhores estarão profundamente ligados a
este assunto”.
Enfim, você deve construir uma ponte
até o seu público. Enquanto essa ponte não for transposta, você não estará
preparado para abordar o ponto principal do seu assinto.
3.3) ASSUNTO CENTRAL
Nesta terceira fase do discurso,
desenvolva o tema central de sua palestra ou aula, aproveitando para dar
exemplos que clarifiquem o assunto ao máximo e dêem uma boa perspectiva de como
ele se dá na realidade.
Vamos supor que você tenha começado
seu discurso de um modo interessante e que, na primeira fase, tenha acabado com
os “chii...!” e convencido o auditório de que o assunto é de seu interesse.
Então agora vá direto ao caso.
Se você julga um crime o desmatamento
da Amazônia, ou a poluição industrial prejudicial à vida humana, ou ainda que
qualidade essencial é o sustentáculo, a base para a qualidade Total, nesta fase
refira-se a isto dando ao ouvinte exemplos e exibindo os quadros ou gráficos
pertinentes.
Quanto maior o número de exemplos,
ilustrações e citações feitas, maior será o apoio no qual as pessoas manterão a
mensagem do discurso.
3.4) CONCLUSÃO
Esta fase final do seu discurso
requisita o posicionamento do ouvinte, o fim de um discurso, assim como a
extremidade de um lápis deve ter uma ponta.
O fim deve ser algo mais que uma
despedida divertida. Deve satisfazer a curiosidade do público, respondendo a
sua pergunta final: “E ai? Que devo concluir disso tudo?” portanto, conforme o
tipo de fala, ao finalizar, leve o auditório a tomar uma decisão, ou a formar
uma opinião definida sobre o assunto.
Por exemplo: “Coopere! Contribua!
Vote! Proteste! Escreva! Compre! Venda! Pague! Convença! Participe!”.
Termine sua fala com um convite a
ação.
IMPORTANTE: Procure escrever por extenso a
introdução e a conclusão do seu discurso, memorizando-as e treinando-as de tal
forma que seja capaz de dizê-las com naturalidade e entusiasmo. Garanta assim,
nos pontos cruciais em que muitos oradores “perdem o ritmo”, o início e o final
perfeitos ao discurso.
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