quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

AS QUALIDADES DO ORADOR


                       
 2.1) CREDIBILIDADE: A ESSÊNCIA DA ORATÓRIA

            A credibilidade do orador perante o público é como um voto de confiança que aquele recebe deste. Este voto de confiança é conquistado quando o orador expressa em seu discurso as seguintes qualidades:

  • Naturalidade;
  • Entusiasmo;
  • Conhecimento;
  • Conduta ética;

NATURALIDADE

            É a mais importante qualidade de um orador. Não existe técnica em comunicação, por mais elaborada e precisa que seja, que substitua a naturalidade.

            Se a platéia perceber qualquer sinal de artificialismo no comportamento do orador,
desconfiará dos seus propósitos e colocará barreiras à sua linha de argumentação. Portanto, observe que, para obter sucesso come orador, a pessoa precisa ser ela mesma, natural e espontânea.

            Para saber se esta sendo natural ao falar em público, reflita sobre a questão: “Estou falando da mesma maneira como falaria se estivesse diante de alguns amigos?”.

            Se a resposta for negativa, concentre-se na idéia de estar falando para esse grupo de amigos até conseguir a naturalidade. Vá a platéia disposto a conversar com os ouvintes, e não “falar em público”.

            Agora CUIDADO! Ser natural não significa levar para frente do auditório os erros e negligências de uma comunicação deficiente. Os defeitos de estilo e as incorreções de linguagem precisam ser combatidos com estudo, experiência, disciplina e trabalho persistente.

           
ENTUSIASMO

            Ter entusiasmo é “falar com o coração”. É estar o orador de tal forma compromissado com o que diz, que se sente envolvido e motivado com o assunto, tão envolvido e motivado que falar deste assunto lhe é natural, e também de forma natural os ouvintes se sentem inspirados pelo orador a se envolverem e motivarem com o mesmo tema.

            Se não demonstrar entusiasmo, interesse e envolvimento pela mensagem, o orador jamais poderá esperar que os ouvintes se entusiasmem, se interessem ou mesmo se envolvam com o que esta dizendo. Portanto, antes de envolver e de despertar interesse no público, é preciso que o próprio orador esteja envolvido e interessado no que diz.

            Interprete a mensagem a ser transmitida. Transmita-a com a força da importância que ela possui. Não trate de assuntos que não merecem sua emoção, mas, se precisar aborda-los, porque representam um meio para atingir algum objetivo maior, concentre-se neles; lembre-se, a cada palavra, de que se o tema não for exposto com entusiasmo, provavelmente não abrirá as portas que deveriam leva-lo ao objetivo pretendido.

            O entusiasmo é o motor que estimula o orador à busca de duas outras qualidades que trarão credibilidade: o conhecimento e a conduta exemplar ou ética.


CONHECIMENTO

            A credibilidade do orador esta intimamente relacionada com o conhecimento que ele demonstra possuir sobre o assunto.

            Cada apresentação precisa estar fundamentada em informações que adquiriu em sua atividade profissional, experiência ou estudos realizados. Mesmo que fale com desembaraço e entusiasmo sem esse respaldo de conhecimento e autoridade, o orador correrá o risco de ser considerado um “falador presunçoso”.

            Tenha sempre mais informações do que pretende transmitir. Leia, estude, pesquise, entreviste outros especialistas, tenha contato direto com a atividade a respeito da qual falará e prepare-se durante o maior tempo possível sobre a matéria que irá apresentar.

            Possua o conhecimento, fale com entusiasmo e conquiste credibilidade.


CONDUTA ÉTICA

            Que credibilidade dar-se-á a um discurso sobre os povos indígenas, proferido por alguém que notoriamente não tem experiência alguma de vida fora das grandes cidades? Serão recebidas suas afirmações da mesma forma que se viessem de um indigenista bem conceituado, devido a ter sua vida devotada á causa indígena? Muito embora possam até mesmo dizer as mesmas coisas, estas serão interpretadas e aceitas diferentemente pelo público, conforme a experiência que possua – ou aparenta possuir – o orador.

            A prática dá ao orador experiência que será manancial de exemplos ao que precise dizer irá diferencia-lo de todos os que não possuem credibilidade porque não possuem experiência do que estão falando, nem condutas pessoais exemplares. Para esses últimos, existe uma grande diferença entre o que suas palavras dizem  e o que seu comportamento demonstra.

            O exemplo dá substância palpável, viva e prática à ideia que, de outra maneira, poderia parecer mera  especulação ou teoria dissociada da realidade.

            Não importa de que lado estamos ou a causa que estejamos abraçando. Para conquistarmos credibilidade, nossas palavras precisam estar respaldas na experiência pessoal e na correta conduta pessoal sobre o tema do qual estejamos tratando.


2.2) A EXPRESSÃO CORPORAL

            O cuidado com a postura começa antes da fala propriamente dita. Na verdade, a postura é uma maneira de ser, uma característica adquirida e vivida diariamente. Todo o nosso corpo fala quando nos comunicamos. A posição dos pés e das pernas, o movimento do tronco, dos braços, das mãos e dos dedos, a postura dos ombros, o balanço da cabeça, as contrações do semblante e a expressão do olhar, cada gesto possui um significado próprio, encerrando em si uma mensagem. Embora os gestos tenham muita afinidade com a natureza das idéias, nem sempre é fácil encontrar na sua expressão o complemento ideal para nossa mensagem. Muitas vezes, temos que adaptar nosso temperamento em busca de maior expressividade do pensamento.

            Embora saibamos que a gesticulação pode ser aprendida e treinada, nada pode substituir a naturalidade individual da expressão espontânea. Portanto, ao invés de tentarmos ensinar gestos e posturas, nos deteremos em alertar para certas atitudes que devem ser evitadas, bem como a correção das mesmas:


Olhos:

Errado
Certo
  • Olhar para baixo, para cima ou para qualquer outro lugar que não seja em direção do público.
  • Olhar para o público


Corpo:

Errado
Certo
  • Curvar-se para frente, indicando excesso de humildade ou ficar com a cabeça levantada, olhando por cima, demonstrando arrogância ou prepotência.
  • Manter o corpo naturalmente ereto.



Movimentos:

Errado
Certo
  • Rigidez absoluta;
  • Movimentos bruscos;
  • Posicionar-se de modo a ser visto por todos, ora se aproximando mais do público de um lado, ora de outro;



Mãos e braços:

Errado
Certo
  • Falar com as mãos nos bolsos;
  • Colocar os braços atrás das costas, cruzando ou apoiando constantemente sobre qualquer objeto;
  • Posicionar os braços ao lado do corpo ou dispor as mãos a sua frente prontas para a realização dos gestos;



COMO FALAR SENTADO


            Fale sentado se puder ver todos os ouvintes e eles também puderem vê-lo.

            Evite cruzar os pés em forma de x embaixo da cadeira, não estique as pernas nem penda o corpo demasiadamente para um dos lados.


2.3) A VOZ

VELOCIDADE E VOLUME DA FALA

            Cada orador e cada assunto terão sua velocidade própria, dependendo principalmente da mensagem a ser transmitida. Se dissermos: “passou rápido como a luz” é evidente que a velocidade será maior que o normal; também estará claro que a pronúncia das palavras se dará com uma velocidade compatível com a mensagem, evitando os exageros entre a rapidez e a lentidão. Cada caso poderá ser trabalhado separadamente, onde os exercícios para a correção deverão seguir o seguinte raciocínio: se a fala é muito rápida, procurar pronunciar um texto em voz alta e bem vagarosamente até equilibrar essa tendência; se o caso for ao contrário, agir de forma inversa.

            Quanto ao volume da voz, deve-se ter muita atenção, pois não podemos falar aos berros para um pequeno auditório, nem sussurrando para uma multidão. Devemos, sim, considerar o público que está nos ouvindo. Em caso de dúvida, é natural que o orador pergunte as pessoas do público que se encontram mais distantes dele se a sua voz esta chegando às mesmas satisfatoriamente, nestes casos, existe uma técnica para direcionamento de voz, é necessário que se faça um x imaginário entre os ângulos da sala ou auditório, feito isso, direcione a intensidade da sua voz para o centro do x, desta forma todos que estão mais distantes ou mais laterais perceberão com clareza a mensagem.

USO DAS PAUSAS

            A pausa é um recurso que permite ao orador respirar, pensar no que vai dizer, mudando, inclusive, o tom da voz. A pausa bem aplicada possui uma dupla vantagem: valoriza a informação que foi dada, dando ao auditório tempo para assimilar o que foi dito e ao mesmo tempo cria uma expectativa para o que vai ser dito.


GESTOS

Errado
Certo
  • Ficar se coçando a todo momento;
  • Gesticular abaixo da linha da cintura ou acima da linha da cabeça;
  • Utilizar gestos obscenos;
  • Enfiar o dedo no nariz, na orelha ou na boca;
  • Gesticular para cada informação predominante na frase;
  • Gesticular entre a linha da cintura e da cabeça;
  • Variar os gestos;
  • Marcar o ritmo da fala com os braços na frente do corpo;


PÉS E PERNAS

Errado
Certo
  • Cruzar os pés em forma de “x”;
  • Ficar saltitando feito canguru;
  • Movimentar-se desordenadamente num constante vaivém;
  • Posicionar-se naturalmente sobre as duas pernas


FISIONOMIA

Errado
Certo
  • Fazer caretas;
  • Demonstrar tristeza ou indiferença ao falar de temas alegres e vice-versa;
  • Usar o jogo fisionômico interpretando o conteúdo do discurso, o que torna a comunicação mais expressiva;


            Mesmo assim deve-se levar em consideração que em determinadas situações, certos gestos considerados incorretos são os mais expressivos para o momento. Por exemplo, aconselhamos a cruzar os braços para indicar uma atitude desafiadora ou de espera embora esse gesto seja desaconselhado para uma postura normal.

            Algumas recomendações importantes são as seguintes:

  • Faça uma pequena pausa quando começar a sua fala;

  • Depois da pausa diga a(s) primeira(s) palavra(s) com ênfase e energia, demonstrando que ficou em silêncio não porque tinha perdido a seqüência das idéias, mas porque estava procurando a melhor mensagem;

  • Quando tiver que fazer uma pausa, faça sem medo; não preencha esse tempo com sons do tipo: “é...”, “hann...”, “hunn...”, "ééé...", etc. Lembre-se que é mais agradável para os ouvidos o silêncio de que esses ruídos estranhos;


2.4) O VOCABULÁRIO

            Como as palavras traduzem nossas idéias, devemos procurar aquelas que sejam mais adequadas ao momento e ao público ouvinte. Se houver deficiência de vocabulário, não conseguiremos transmitir o que pensamos, e talvez, nem chegamos a pensar direito, pois nossos pensamentos são traduzidos por palavras.

            O orador ideal é aquele dotado de um vocabulário rico, o que lhe permite compreender a todos inclusive aos mais cultos, e, por outro lado, de uma habilidade para se expressar de forma simples, não simplória, traduzindo com clareza as idéias e permitindo a boa compreensão dos ouvintes.

            O orador deve adaptar seu vocabulário a qualquer auditório, guardando as diferenças particulares pertinentes a cada grupo ouvinte. Quanto maior o vocabulário, maior será a capacidade de adaptação aos mais diferentes tipos de auditórios. Esta realidade torna o orador admirado em qualquer ambiente, dos mais humildes aos mais elevados.

COMO DESENVOLVER UM BOM VOCABULÁRIO

1.    Devemos procurar ler bons livros e revistas com uma caneta e um pedaço de papel à mão. O mesmo é válido ao ouvirmos uma palestra aula.

2.    Toda palavra desconhecida ou de significado incorreto deve ser anotada para posterior consulta em um dicionário.

3.    Pesquise então essas palavras, anotando seus significados.
4.    Construa algumas frases usando a nova palavra com seu(s) significado(s).

5.  Aplique, de forma adequada e coerente, a nova palavra em suas conversas e escritos. Assim, irá integrando definitivamente novas palavras ao seu vocabulário.

Não se esqueça que toda nova ideia, e sua expressão – a palavra – só
se estabelece com a prática.

            Há cuidados especiais que devem ser tomados, como o uso de:


·         Gírias. Seu uso exagerado demonstra pobreza de vocabulário.

·         “Palavrões”.  Evite-os.

·     Termos Incomuns. Bem compreendidos apenas por platéias cultas, que são difíceis de serem encontradas. As palavras simples são preferíveis pela forma mais direta com que representam as idéias, sendo bem aceitas por qualquer tipo de público.

·     Termos Técnicos. Dentro de um grupo homogêneo de pessoas de uma mesma profissão ou classe, o uso de termos técnicos próprios deste grupo é normal. Fora deste contexto, o orador deve explicar todo termo técnico que julgou necessário utilizar, pois de outra forma cometeria uma desconsideração para com o público que não é obrigado a conhecer aquele termo.

·         Chavões e frases vulgares. Tudo deste mundo que conhecemos, se desgasta, inclusive as palavras. Portanto evite chavões e frases vulgares.

·         Tiques e Maneirismos. São sílabas, palavras e até frases inteiras que destroem ótimas oportunidades de se utilizar as pausas; alguns exemplos: “né”, “ta”, “ta entendendo?” dentre outros. Representam vícios de comunicação que devem ser combatidos com atenção e afinco.

2.5) APARÊNCIA

A SUA APARÊNCIA TAMBÉM FALA

            Ao escolher a roupa, os sapatos, o corte de cabelo, os óculos e todos os acessórios que ajudarão a construir a sua aparência em uma apresentação, o orador deve levar em conta dois aspectos:

1.    A propriedade com a ocasião. Não devemos ir a uma festa descontraída com um traje esporte fina, nem a uma importante reunião social com bermudas. O orador deve estar apropriadamente trajado para cada ocasião;

2.    O bem estar pessoal. O orador deve se sentir bem com o que vestir, seja na sua com ou em qualquer outro detalhe. Deve estar confortável com suas roupas e seus adereços (óculos, brincos, dentre outros), para que estes não constituam um elemento de desconforto e distração.


Não use roupa espalhafatosa quando for falar. Uma gravata muito berrante ou uma camisa de cores espetaculares distrairão a atenção do auditório que começará a imaginar em que “raio” de lugar teria sido adquirida tal roupa. Cuidado com as armadilhas da moda.

Seja sóbrio em suas roupas e vista-se com elegância e distinção. Pode parecer que isso se aplique somente a pessoas da alta sociedade, porém, esta provado que a boa aparência tem grande efeito sobre o público, predispondo-o a simpatizar com você, mesmo antes que você tenha dito as primeiras palavras. Ao contrario, a má aparência tem péssimo efeito.


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