2.1) CREDIBILIDADE: A ESSÊNCIA
DA ORATÓRIA
A credibilidade do orador perante o
público é como um voto de confiança que aquele recebe deste. Este voto de
confiança é conquistado quando o orador expressa em seu discurso as seguintes
qualidades:
- Naturalidade;
- Entusiasmo;
- Conhecimento;
- Conduta
ética;
NATURALIDADE
É a mais importante qualidade de um orador. Não existe técnica em comunicação, por
mais elaborada e precisa que seja, que substitua a naturalidade.
Se a platéia perceber qualquer sinal
de artificialismo no comportamento do orador,
desconfiará dos seus propósitos e
colocará barreiras à sua linha de argumentação. Portanto, observe que, para
obter sucesso come orador, a pessoa precisa ser ela mesma, natural e
espontânea.
Para saber se esta sendo natural
ao falar em público, reflita sobre a questão: “Estou falando da mesma maneira
como falaria se estivesse diante de alguns amigos?”.
Se a resposta for negativa,
concentre-se na idéia de estar falando para esse grupo de amigos até conseguir
a naturalidade. Vá a platéia disposto a conversar com os ouvintes, e não “falar
em público”.
Agora CUIDADO! Ser natural não
significa levar para frente do auditório os erros e negligências de uma
comunicação deficiente. Os defeitos de estilo e as incorreções de linguagem
precisam ser combatidos com estudo, experiência, disciplina e trabalho
persistente.
ENTUSIASMO
Ter entusiasmo é “falar com o coração”. É estar o orador de tal forma
compromissado com o que diz, que se sente envolvido e motivado com o assunto,
tão envolvido e motivado que falar deste assunto lhe é natural, e também de
forma natural os ouvintes se sentem inspirados pelo orador a se envolverem e
motivarem com o mesmo tema.
Se
não demonstrar entusiasmo, interesse e envolvimento pela mensagem, o orador
jamais poderá esperar que os ouvintes se entusiasmem, se interessem ou mesmo se
envolvam com o que esta dizendo. Portanto, antes de envolver e de despertar
interesse no público, é preciso que o próprio orador esteja envolvido e
interessado no que diz.
Interprete a mensagem a ser
transmitida. Transmita-a com a força da importância que ela possui. Não trate
de assuntos que não merecem sua emoção, mas, se precisar aborda-los, porque
representam um meio para atingir algum objetivo maior, concentre-se neles;
lembre-se, a cada palavra, de que se o tema não for exposto com entusiasmo,
provavelmente não abrirá as portas que deveriam leva-lo ao objetivo pretendido.
O entusiasmo é o motor que estimula
o orador à busca de duas outras qualidades que trarão credibilidade: o conhecimento
e a conduta exemplar ou ética.
CONHECIMENTO
A credibilidade do orador esta
intimamente relacionada com o conhecimento que ele demonstra possuir sobre o
assunto.
Cada apresentação precisa estar
fundamentada em informações que adquiriu em sua atividade profissional,
experiência ou estudos realizados. Mesmo que fale com desembaraço e
entusiasmo sem esse respaldo de conhecimento e autoridade, o orador correrá o
risco de ser considerado um “falador presunçoso”.
Tenha sempre mais informações do que
pretende transmitir. Leia, estude, pesquise, entreviste outros especialistas,
tenha contato direto com a atividade a respeito da qual falará e prepare-se
durante o maior tempo possível sobre a matéria que irá apresentar.
Possua o conhecimento, fale com entusiasmo
e conquiste credibilidade.
CONDUTA ÉTICA
Que credibilidade dar-se-á a um
discurso sobre os povos indígenas, proferido por alguém que notoriamente não
tem experiência alguma de vida fora das grandes cidades? Serão recebidas suas
afirmações da mesma forma que se viessem de um indigenista bem conceituado, devido
a ter sua vida devotada á causa indígena? Muito embora possam até mesmo dizer
as mesmas coisas, estas serão interpretadas e aceitas diferentemente pelo
público, conforme a experiência que possua – ou aparenta possuir – o orador.
A prática dá ao orador experiência
que será manancial de exemplos ao que precise dizer irá diferencia-lo de todos
os que não possuem credibilidade porque não possuem experiência do que estão
falando, nem condutas pessoais exemplares. Para esses últimos, existe uma
grande diferença entre o que suas palavras dizem e o que seu comportamento demonstra.
O exemplo dá substância palpável, viva
e prática à ideia que, de outra maneira, poderia parecer mera especulação ou teoria dissociada da realidade.
Não importa de que lado estamos ou a
causa que estejamos abraçando. Para conquistarmos credibilidade, nossas
palavras precisam estar respaldas na experiência pessoal e na correta conduta
pessoal sobre o tema do qual estejamos tratando.
2.2) A EXPRESSÃO
CORPORAL
O cuidado com a postura começa antes
da fala propriamente dita. Na verdade, a postura é uma maneira de ser, uma
característica adquirida e vivida diariamente. Todo o nosso corpo fala
quando nos comunicamos. A posição dos pés e das pernas, o movimento do
tronco, dos braços, das mãos e dos dedos, a postura dos ombros, o balanço da
cabeça, as contrações do semblante e a expressão do olhar, cada gesto possui um
significado próprio, encerrando em si uma mensagem. Embora os gestos tenham
muita afinidade com a natureza das idéias, nem sempre é fácil encontrar na sua
expressão o complemento ideal para nossa mensagem. Muitas vezes, temos que
adaptar nosso temperamento em busca de maior expressividade do pensamento.
Embora saibamos que a gesticulação
pode ser aprendida e treinada, nada pode substituir a naturalidade individual
da expressão espontânea. Portanto, ao invés de tentarmos ensinar gestos e
posturas, nos deteremos em alertar para certas atitudes que devem ser evitadas,
bem como a correção das mesmas:
Olhos:
Errado
|
Certo
|
|
|
Corpo:
Errado
|
Certo
|
|
|
Movimentos:
Errado
|
Certo
|
|
|
Mãos e braços:
Errado
|
Certo
|
|
|
COMO FALAR SENTADO
Fale sentado se puder ver todos os
ouvintes e eles também puderem vê-lo.
Evite cruzar os pés em forma de x
embaixo da cadeira, não estique as pernas nem penda o corpo demasiadamente para
um dos lados.
2.3) A VOZ
VELOCIDADE E VOLUME DA
FALA
Cada orador e cada assunto terão sua
velocidade própria, dependendo principalmente da mensagem a ser transmitida. Se
dissermos: “passou rápido como a luz” é evidente que a velocidade será maior
que o normal; também estará claro que a pronúncia das palavras se dará com uma
velocidade compatível com a mensagem, evitando os exageros entre a rapidez e a
lentidão. Cada caso poderá ser trabalhado separadamente, onde os exercícios
para a correção deverão seguir o seguinte raciocínio: se a fala é muito rápida,
procurar pronunciar um texto em voz alta e bem vagarosamente até equilibrar
essa tendência; se o caso for ao contrário, agir de forma inversa.
Quanto ao volume da voz, deve-se ter
muita atenção, pois não podemos falar aos berros para um pequeno auditório, nem
sussurrando para uma multidão. Devemos, sim, considerar o público que está nos
ouvindo. Em caso de dúvida, é natural que o orador pergunte as pessoas do
público que se encontram mais distantes dele se a sua voz esta chegando às
mesmas satisfatoriamente, nestes casos, existe uma técnica para direcionamento
de voz, é necessário que se faça um x imaginário entre os ângulos da sala ou
auditório, feito isso, direcione a intensidade da sua voz para o centro do x,
desta forma todos que estão mais distantes ou mais laterais perceberão com
clareza a mensagem.
USO DAS PAUSAS
A pausa é um recurso que permite ao
orador respirar, pensar no que vai dizer, mudando, inclusive, o tom da voz. A pausa
bem aplicada possui uma dupla vantagem: valoriza a informação que foi dada,
dando ao auditório tempo para assimilar o que foi dito e ao mesmo tempo cria
uma expectativa para o que vai ser dito.
GESTOS
Errado
|
Certo
|
|
|
PÉS E PERNAS
Errado
|
Certo
|
|
|
FISIONOMIA
Errado
|
Certo
|
|
|
Mesmo assim deve-se levar em
consideração que em determinadas situações, certos gestos considerados
incorretos são os mais expressivos para o momento. Por exemplo, aconselhamos a
cruzar os braços para indicar uma atitude desafiadora ou de espera embora esse
gesto seja desaconselhado para uma postura normal.
Algumas recomendações importantes
são as seguintes:
- Faça
uma pequena pausa quando começar a sua fala;
- Depois
da pausa diga a(s) primeira(s) palavra(s) com ênfase e energia,
demonstrando que ficou em silêncio não porque tinha perdido a seqüência
das idéias, mas porque estava procurando a melhor mensagem;
- Quando
tiver que fazer uma pausa, faça sem medo; não preencha esse tempo com sons
do tipo: “é...”, “hann...”, “hunn...”, "ééé...", etc. Lembre-se que é mais agradável
para os ouvidos o silêncio de que esses ruídos estranhos;
2.4) O VOCABULÁRIO
Como
as palavras traduzem nossas idéias, devemos procurar aquelas que sejam mais
adequadas ao momento e ao público ouvinte. Se houver deficiência de
vocabulário, não conseguiremos transmitir o que pensamos, e talvez, nem
chegamos a pensar direito, pois nossos pensamentos são traduzidos por palavras.
O orador ideal é aquele dotado de um
vocabulário rico, o que lhe permite compreender a todos inclusive aos mais
cultos, e, por outro lado, de uma habilidade
para se expressar de forma simples, não simplória, traduzindo com clareza as idéias e permitindo a boa
compreensão dos ouvintes.
O orador deve adaptar seu
vocabulário a qualquer auditório, guardando as diferenças particulares
pertinentes a cada grupo ouvinte. Quanto maior o vocabulário, maior será a
capacidade de adaptação aos mais diferentes tipos de auditórios. Esta realidade
torna o orador admirado em qualquer ambiente, dos mais humildes aos mais
elevados.
COMO DESENVOLVER UM BOM
VOCABULÁRIO
1.
Devemos
procurar ler bons livros e revistas com uma caneta e um pedaço de papel à mão.
O mesmo é válido ao ouvirmos uma palestra aula.
2.
Toda
palavra desconhecida ou de significado incorreto deve ser anotada para
posterior consulta em um dicionário.
3.
Pesquise
então essas palavras, anotando seus significados.
4.
Construa
algumas frases usando a nova palavra com seu(s) significado(s).
5. Aplique,
de forma adequada e coerente, a nova palavra em suas conversas e escritos.
Assim, irá integrando definitivamente novas palavras ao seu vocabulário.
Não se esqueça que toda nova ideia, e
sua expressão – a palavra – só
se
estabelece com a prática.
Há cuidados especiais que devem ser
tomados, como o uso de:
·
Gírias. Seu uso exagerado demonstra pobreza
de vocabulário.
·
“Palavrões”. Evite-os.
· Termos Incomuns. Bem compreendidos apenas por platéias
cultas, que são difíceis de serem encontradas. As palavras simples são
preferíveis pela forma mais direta com que representam as idéias, sendo bem
aceitas por qualquer tipo de público.
· Termos Técnicos. Dentro de um grupo homogêneo de
pessoas de uma mesma profissão ou classe, o uso de termos técnicos próprios
deste grupo é normal. Fora deste contexto, o orador deve explicar todo termo
técnico que julgou necessário utilizar, pois de outra forma cometeria uma
desconsideração para com o público que não é obrigado a conhecer aquele termo.
·
Chavões e frases vulgares. Tudo deste mundo que conhecemos, se
desgasta, inclusive as palavras. Portanto evite chavões e frases vulgares.
·
Tiques e Maneirismos. São sílabas, palavras e até frases
inteiras que destroem ótimas oportunidades de se utilizar as pausas; alguns
exemplos: “né”, “ta”, “ta entendendo?” dentre outros. Representam vícios de
comunicação que devem ser combatidos com atenção e afinco.
2.5) APARÊNCIA
A SUA APARÊNCIA TAMBÉM
FALA
Ao
escolher a roupa, os sapatos, o corte de cabelo, os óculos e todos os
acessórios que ajudarão a construir a sua aparência em uma apresentação, o
orador deve levar em conta dois aspectos:
1.
A propriedade com a ocasião. Não devemos ir a uma festa
descontraída com um traje esporte fina, nem a uma importante reunião social com
bermudas. O orador deve estar apropriadamente trajado para cada ocasião;
2.
O bem estar pessoal. O orador deve se sentir bem com o que
vestir, seja na sua com ou em qualquer outro detalhe. Deve estar confortável
com suas roupas e seus adereços (óculos, brincos, dentre outros), para que
estes não constituam um elemento de desconforto e distração.
Não use roupa espalhafatosa quando for
falar. Uma gravata muito berrante ou uma camisa de cores espetaculares
distrairão a atenção do auditório que começará a imaginar em que “raio” de
lugar teria sido adquirida tal roupa. Cuidado com as armadilhas da moda.
Seja sóbrio em suas roupas e vista-se
com elegância e distinção. Pode parecer que isso se aplique somente a pessoas
da alta sociedade, porém, esta provado que a boa aparência tem grande efeito
sobre o público, predispondo-o a simpatizar com você, mesmo antes que você
tenha dito as primeiras palavras. Ao contrario, a má aparência tem péssimo
efeito.
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