quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A Trindade e a Doutrina da Salvação

As opiniões não-trinitarianas, tais como o modalismo e o arianismo, reduzem a doutrina da salvação a uma charada divina. Todas as convicções cristãs básicas que se centrali­zam na obra da Cruz pressupõem a distinção pessoal dos membros da Trindade.
Refletindo, podemos perguntar se é necessário crer na doutrina da Trindade para ser salvo. A resposta histórica e teológica é que a Igreja não tem usual­mente exigido uma declaração explícita de fé na doutrina da Trindade para a pessoa ser batizada. Mas a Igreja certamente espera uma fé implícita no Deus Trino e Uno como aspecto essencial do nosso relacionamento pessoal com os papéis distintivos de cada uma das Pessoas da Deidade, na obra salvífica em prol da humanidade.

A doutrina da salvação (inclusive a reconciliação, a propiciação, a redenção, a justificação e a expiação) depen­de da cooperação dos membros distintivos do Deus Trino e Uno (Ef 1.3-14). Por isso, renunciar deliberadamente a dou­trina da Trindade ameaça gravemente a nossa esperança de salvação pessoal. As Escrituras incluem todos os membros da raça humana na condenação universal do pecado (Rm 3.23), e por isso, todos "precisam da salvação; a doutrina da salva­ção requer um Salvador adequado, ou seja: uma cristologia adequada. Uma cristologia sadia exige um conceito satisfatório de Deus, isto é, uma teologia especial e sadia - que nos traz de volta à doutrina da Trindade".
O conceito modalístico da natureza de Deus deixa total­mente abolida a obra mediadora entre Deus e as pessoas. A reconciliação (2 Co 5.18-21) subentende deixar de lado a inimizade ou a oposição. Qual inimizade é deixada de lado? As Escrituras revelam que Deus está em inimizade contra os pecadores (Rm 5.9), e que as pessoas, nos seus pecados, também estão em inimizade contra Deus (Rm 3.10-18; 5.10).
O Deus Trino e Uno é revelado na Bíblia de modo explícito na redenção dos pecadores e na sua reconcilia­ção com Deus. Deus "envia" o Filho ao mundo (Jo 3.16,17). A sombra do Calvário, Jesus se submete com obediência à vontade do Pai: "Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres" (Mt 26.39). O relacionamento sujeito-objeto en­tre o Pai e o Filho fica claramente evidente aqui. O Filho suporta a vergonha do madeiro maldito, trazendo a paz (reconciliação) entre Deus e a humanidade (Rm 5.1; Ef 2.13-16). Enquanto a vida se esgota rapidamente do seu corpo, Jesus, no Calvário, olha para o céu, e pronuncia suas últimas palavras: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23.46). Se duas pessoas distintivas não fo­rem reveladas aqui, no ato salvífico da cruz, esse evento seria uma mera charada de um único Cristo (que só pode­ria ser neurótico).
No Modalismo, o conceito da morte de Cristo como uma satisfação infinita está perdido. O sangue de Cristo é o sacrifício pelos nossos pecados (1 Jo 2.2). A doutrina de propiciação tem a conotação de um aplacar ou evitar a ira mediante um sacrifício aceitável. Cristo é o Cordeiro sacrificial de Deus (Jo 1.29). Por causa de Cristo, a miseri­córdia de Deus é oferecida em vez da ira que merecemos por causa dos nossos pecados. Sugerir, porém, como faz o Modalismo, que Deus é uma só Pessoa e que faz de si mesmo a si mesmo uma oferta pelo pecado, estando Ele ao mesmo tempo irado e misericordioso, deixa parecer que Ele é capri­choso. Noutras palavras: a Cruz seria um ato sem sentido no que diz respeito ao conceito de uma oferta pelo pecado.
O apóstolo João identifica Jesus como nosso Paracleto (ajudador ou conselheiro). Temos, portanto, alguém que fala com o Pai em nossa defesa" (1 Jo 2.1). Agir assim pressupõe um Juiz que é diferente do próprio Jesus, antes de Ele desempenhar semelhante papel. Porque Cristo é o nosso Paracleto: "Ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (1 Jo 2.2). Temos, portanto, plena segurança da nossa salva­ção porque Cristo, nosso Ajudador, é também a nossa Oferta pelo pecado.
Jesus veio ao mundo não "para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mc 10.45). O conceito de "resgate" e de suas palavras cognatas nas Escri­turas é usado com referência a um pagamento que garante a libertação de presos. A quem Cristo pagou o resgate? Se for negada a doutrina ortodoxa da Trindade (negando-se uma distinção entre as Pessoas da Deidade, conforme o quer o Modalismo), Cristo teria de ter pago o resgate ou à raça humana ou a Satanás. Posto que a humanidade está morta em transgressões e em pecados (Ef 2.1), nenhum ser humano teria o direito de exigir que Cristo lhe pagasse resgate. Sobra­ria, portanto, Satanás para fazer a extorsão de Cristo, em nível cósmico. Nós, porém, nada devemos a Satanás. E a ideia de Satanás exigir resgate pela humanidade é blasfêmia, por causa das suas implicações dualistas (a ideia de que Satanás possui poder suficiente para extorquir de Cristo a própria vida deste; ver João 10.15-18).
Pelo contrário: o resgate foi pago ao Deus Trino e Uno para satisfazer as plenas reivindicações da justiça divina contra o pecador caído. Tendo o Modalismo rejeitado o trinitarianismo, a heresia modalística perverte, de modo correspondente, o conceito da justificação. Embora mere­çamos a justiça de Deus, somos justificados pela graça mediante a fé em Jesus Cristo somente (1 Co 6.11). Ten­do sido justificados (tendo sido declarados sem culpas diante de Deus) mediante a morte e ressurreição de Jesus, somos, portanto, declarados justos diante de Deus (Rm 4.5,25). Cristo declara que o Espírito é "outra" Pessoa distinta de si mesmo, porém do "mesmo tipo" (allon, Jo 14.16). O Espírito Santo emprega a obra do Filho no novo nascimento (Tt 3.5), santifica o cristão (1 Co 6.11) e nos dá acesso (Ef 2.18), mediante o nosso Grande Sumo Sa­cerdote, Jesus Cristo (Hb 4-14-16), à presença do Pai (2 Co 5.17-21).
Um Deus que muda inteiramente seus atos é contrário à revelação da natureza imutável do Todo-poderoso (Ml 3.6). Semelhante Modalismo é deficiente no que diz respeito sal­vação, pois nega a alta posição sumo-sacerdotal de Jesus Cristo. As Escrituras declaram que Cristo é o nosso intercessor divino à destra de Deus, nosso Pai (Hb 7.23-8.2).
Fica claro que a doutrina essencial da expiação vicária, na qual Cristo carregou nossos pecados na sua morte, depen­de do conceito trinitariano. O Modalismo subverte o concei­to bíblico da morte penal e vicária de Cristo como satisfação da justiça de Deus e, em última análise, anula a obra da Cruz.
A cristologia ariana é condenada pelas Sagradas Escritu­ras. O relacionamento entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo fundamenta-se na natureza divina que compartilham entre si, e que, em última análise, é explicada em termos da Trin­dade. "Qualquer que nega o Filho também não tem o Pai; e aquele que confessa o Filho tem também o Pai" (1 Jo 2.23). O reconhecimento apropriado do Filho requer a fé na sua divindade, bem como na sua humanidade. Cristo, como Deus, é suficiente para satisfazer a justiça do Pai; como homem, Ele cumpriu a responsabilidade moral da humani­dade diante de Deus. Na obra da Cruz, a justiça e a graça de Deus nos são reveladas. A eterna perfeição de Deus e as imperfeições pecaminosas da humanidade são reconciliadas mediante o Deus-Homem, Jesus Cristo (Gl 3.11-13). A he­resia ariana, na sua negação da plena divindade de Cristo, está sem Deus Pai (1 Jo 2.23) e, portanto, sem nenhuma esperança de vida eterna.

A Necessidade Teológico-filosófica da Trindade
As propriedades (qualidades inerentes) eternas e a per­feição absoluta do Deus Trino e Uno são decisivas para o conceito cristão da soberania de Deus sobre a sua criação. Deus, sendo Trindade, é completo em si mesmo (soberano), e, consequentemente, a criação é um ato livre de Deus, e não uma ação necessária de sua existência. Por essa razão, "antes de 'no princípio' existia algo diferente de uma situa­ção estática".
A fé cristã oferece uma revelação clara e compreensível de Deus, proveniente de fora da esfera do tempo, pois Deus, como Trindade, tem desfrutado de eterna comunhão e comunicação entre suas três Pessoas distintas. O conceito de um Deus pessoal e que se comunica, desde toda a eternida­de, está arraigado na teologia trinitariana. Deus não existia em silêncio e de forma estática para então, certo dia, optar por romper a tranquilidade daquele silêncio e falar. Pelo contrário: a comunhão eterna dentro da Trindade é essenci­al para o conceito da revelação. (A alternativa de um Ser divino solitário que murmura de si para si na sua solidão é um pouco inquietante.) O Deus Trino e Uno tem se revela­do à humanidade, dentro da humanidade, de modo pessoal e proposicional.
A personalidade de Deus, como Trindade, também é a fonte e significado da personalidade humana. "Sem seme­lhante fonte", observa Francis Schaeffer, "sobra tão-somente para os homens uma personalidade que provém do impessoal (com o acréscimo do tempo e do acaso)".
Por toda a eternidade, o Pai amava o Filho, o Filho amava o Pai, e o Pai e o Filho amavam o Espírito. "Deus é amor" (1 Jo 4.16). Logo, o amor é um atributo eterno. Por definição, o amor é necessariamente compartilhado com outro, e o amor de Deus é um amor que fez que com Ele doasse a si mesmo. Por isso, o amor eterno dentro da Trinda­de outorga sentido real ao amor humano (1 Jo 4.17).
O Pentecostalismo da Unicidade
No Acampamento de Reavivamento Mundial em Arroyo Seco, perto de Los Angeles, em 1913, surgiu uma séria controvérsia. Durante um culto de batismo, o evangelista canadense R. E. McAlister argumentou que os apóstolos não invocavam o Nome trino e uno - Pai, Filho e Espírito Santo - no batismo, mas batizavam no nome de Jesus somente.
Durante a noite, John G. Schaeppe, um imigrante de Danzig, Alemanha, teve uma visão, e acordou o acampa­mento, gritando que o nome de Jesus precisava ser glorifica­do. A partir de então, Frank J. Ewart começou a ensinar que aqueles que tinham sido batizados segundo a fórmula trinitariana precisavam do novo batismo que invocava so­mente o nome de Jesus Logo, outros começaram a espa­lhar a "nova questão". Juntamente com isso veio a aceita­ção de uma só Pessoa na Deidade, agindo em modos ou cargos diferentes. O reavivamento em Arroyo Seco acende­ra a centelha dessa nova questão.
Em outubro de 1916, o Concílio Geral das Assembleias de Deus foi convocado em St. Louis com o propósito de formar barricadas de defesa para proteger a ortodoxia trinitariana. Os representantes da Unicidade viram-se di­ante de uma maioria que lhes exigia que aceitassem a fórmula batismal trinitariana e a doutrina ortodoxa de Cristo, ou deixassem a comunhão. Cerca de um quarto dos ministros realmente se retirou. Mas as Assembleias de Deus estabeleceram-se na tradição doutrinária da "fé pre­gada pelos apóstolos, atestada pelos mártires, substanciada nos Credos, exposta pelos pais", ao lutar em favor da ortodoxia trinitariana.
Tipicamente, o Pentecostalismo da Unicidade declara: "Não cremos em três personalidades separadas na Deidade, mas cremos em três cargos preenchidos por uma só pessoa".
A doutrina da Unicidade (modalística) tem, portanto, o conceito de Deus como um só Monarca transcendente, cuja unidade numérica é rompida por três manifestações contí­nuas feitas à humanidade como Pai, Filho e Espírito Santo. As três faces do único Monarca são realmente imitações divinas de Jesus, a expressão pessoal de Deus mediante a sua encarnação. A ideia da personalidade exige, segundo os Pentecostais da Unicidade, corporalidade e, por essa razão, acusam os trinitarianos de adotar o triteísmo.
Pelo fato de Cristo ser "corporalmente toda a plenitude da divindade" (Cl 2.9), os Pentecostais da Unicidade argu­mentam que Ele é essencialmente a plenitude da Deidade indiferenciada. Noutras palavras: acreditam que a tríplice realidade de Deus é "três manifestações" do único Espírito habitando dentro da Pessoa de Jesus. Acreditam que Jesus é a personalidade única de Deus, cuja "essência é revelada como Pai no Filho e como Espírito através do Filho". Expli­cam, ainda, que a pantomima divina de Jesus é "cristocêntrica, porque Jesus, como ser humano, é o Filho, e que como Espírito (na sua divindade) Ele revela - e realmente é o Pai -e envia - e realmente é o Espírito Santo como o Espírito de Cristo que habita no cristão".
Já argumentamos que o sabelianismo do século III é herético. Na sua negação das distinções eternas entre as três Pessoas na Deidade, o Pentecostalismo da Unicidade acabou caindo no mesmo erro teológico do Modalismo clássico. A diferença, conforme foi declarado antes, é que os Pentecos­tais da Unicidade concebem a "trimanifestação" de Deus como simultânea em vez de sucessiva - sendo esta última a crença do modalismo clássico. Argumentam que, tendo por base Colossenses 2.9, o conceito da personalidade de Deus é reservado exclusivamente para a presença imanente e encar­nada de Jesus. Por isso, os Pentecostais da Unicidade geral­mente argumentam que a Deidade está em Jesus, mas que Jesus não está na Deidade.
Colossenses 2.9 afirma porém (conforme a Igreja formu­lou em Calcedônia em 451), que Jesus é a "plenitude da revelação da natureza de Deus" (theotêtos, divindade) me­diante a sua encarnação. A totalidade da essência de Deus está encorporada em Cristo (Ele é plena deidade), embora as três Pessoas não estejam simultaneamente encarnadas em Jesus.
Embora os Pentecostais da Unicidade confessem a divin­dade de Jesus Cristo, o que eles realmente querem dizer é que Jesus, como o Pai, é deidade, e como o Filho, é humani­dade. Ao argumentarem que o termo "Filho" deve ser enten­dido como a natureza humana de Jesus, e que o termo "Pai" é a designação da natureza divina de Cristo, imitam seus antecessores antitrinitários (há muito tempo falecidos) ao comprometerem as doutrinas da salvação.
E certo que Jesus declarou: "Eu e o Pai somos um" (Jo 10.30). Mas isso não significa que Jesus e seu Pai sejam uma só Pessoa (conforme argumentam os Pentecostais da Unicidade), pois o numeral grego neutro hen ("um") é empregado pelo apóstolo João em vez do masculino heis. Logo, a referência é à união essencial, e não à identidade absoluta.
Conforme já foi declarado, a distinção tipo sujeito-objeto entre o Pai e o Filho é revelada com grande clareza nas Escrituras, quando Jesus, na sua agonia, ora ao Pai (Lc 22.42). Jesus também revela e defende a sua identida­de ao apelar ao testemunho do Pai (Jo 5.31,32). Jesus declara de modo explícito: "Há outro [gr. allos] que testifica de mim" (v. 32). Aqui, o termo allos denota, mais uma a vez, uma pessoa diferente daquela que está falando.80 Tam­bém em João 8.16-18, Jesus diz: "E, se, na verdade, julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai, que me enviou. E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai, que me enviou". Aqui, Jesus cita o Antigo Testamen­to (Dt 17.6; 19.15) com o propósito de revelar, mais uma vez, a sua identidade messiânica (como sujeito), apelando ao testemunho do seu Pai (como objeto) a respeito do próprio Jesus. Insistir (como fazem os Pentecostais da Unicidade) que o Pai e o Filho são numericamente um só, serviria apenas para desacreditar o testemunho que Jesus deu de si mesmo como Messias.
Além disso, os Pentecostais da Unicidade ensinam que, para a pessoa ser verdadeiramente salva, é preciso que seja batizada "em nome de Jesus" somente. Com isso, dão a entender que os trinitarianos não são cristãos verdadeiros. Nisso, os Pentecostais da Unicidade incorrem no erro de colocar as obras como meio de salvação, contrariando o que a Bíblia diz: a salvação pela graça, mediante a fé somente (Ef 2.8,9). No Novo Testamento, encontramos por volta de 60 referências que falam da salvação pela graça, somente medi­ante a fé, independentemente do batismo nas águas. Se o batismo foi um meio necessário à nossa salvação, por que o Novo Testamento não enfatiza fortemente tal doutrina? Pelo contrário: vemos Paulo dizendo: "Cristo enviou-me não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo não se faça vã" (1 Co 1.17).
Deve ser mencionado, ainda, que Atos dos Apóstolos não pretende preceituar uma fórmula batismal para ser utili­zada pela Igreja, pois a frase "em nome de Jesus" não ocorre exatamente da mesma maneira duas vezes em Atos.
No sentido de reconciliar o mandamento de Jesus no sentido de batizar "em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19), com a declaração de Pedro: "cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo" (At 2.38), consi­deraremos três explicações possíveis.
1.   Pedro desobedeceu ao mandamento claro do seu Se­nhor. Isso, obviamente, nem é uma explicação, e deve ser rejeitada por ser ridícula.
2.   Jesus estava falando em termos ocultos, que exigiriam algum tipo de perspicácia mística antes de ser possível com­preender seu sentido. Noutras palavras, Ele realmente esta­va nos mandando batizar somente em nome de Jesus, embo­ra alguns não percebam esse significado velado de nosso Senhor. Não há, porém, a mínima justificativa para tirar tal conclusão. E contrária ao gênero específico de literatura bíblica envolvida (didático-histórico) e também, pelo menos por implicação, à impecabilidade de nosso Senhor Jesus Cris­to.
3.   Uma explicação melhor é fundamentada na autorida­de apostólica de Atos, no que diz respeito às credenciais ministeriais dos apóstolos. Quando a frase "em nome de Jesus Cristo" é invocada pelos apóstolos em Atos, significa "com a autoridade de Jesus Cristo" (cf. Mt 28.18). Por exem­plo: em Atos 3.6 os apóstolos curam mediante a autoridade do nome de Jesus Cristo. Em Atos 4, os apóstolos são convo­cados para serem interrogados a respeito das obras poderosas que faziam: "Com que poder ou em nome de quem fizestes isto?" (v. 7). O apóstolo Pedro, cheio do Espírito Santo, adiantou-se e proclamou corajosamente: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dos mortos, em nome desse é que este está são diante de vós" (v. 10). Em Atos 16.18, o apóstolo Paulo libertou, "em nome de Jesus Cristo", uma jovem da possessão demoníaca.
Os apóstolos estavam batizando, curando, libertando e pregando, mediante a autoridade de Jesus Cristo. Conforme escreveu Paulo: "E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai" (Cl 3.17). Concluímos, portanto, que a declaração apostólica "em nome de Jesus Cristo" equivale a dizer: "pela autoridade de Jesus Cristo". Não existe, portan­to, nenhum motivo para acreditar que os apóstolos fossem desobedientes ao imperativo do Senhor, que mandou batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19), ou que Jesus estava usando linguagem oculta. Pelo contrário: no próprio livro de Atos, os apóstolos batizavam pela autori­dade de Jesus Cristo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
A doutrina da Trindade é o caráter distintivo da revela­ção que Deus fez de si mesmo nas Sagradas Escrituras. Fi­quemos, pois, firmes em nossa confissão de um só Deus, "eternamente existente em si mesmo... como Pai, Filho e Espírito Santo". 



Fonte: Horton, M. Satanley. Teologia Sistemática.


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