Dividimos a matéria em três seções
principais:
1 A Homilética Fundamental
2 A Homilética Material
1. A chave bíblica baseada na ARA, da Sociedade Bíblica do Brasil, de
1970.
2. A chave bíblica baseada na ARC, da Sociedade Bíblica do Brasil, de
1985.
3. A concordância bíblica abreviada da Imprensa Bíblica Brasileira.
4. A concordância bíblica abreviada da Editora Vida, de 1982.
3. a sua confiança em Jesus em tempos de angústia (Jo 11.1s.; 11.32);
4. a sua obediência ao chamado divino (Jo 11.28s.); e
7. A disposição estrófica: as disposições estróficas são marcadas, em
nossa versão em língua portuguesa, por meio de versículos, letras em itálico,
estribilhos ou repetições (e. g., Sl 46.7, 11). Às vezes, a Bíblia Hebraica usa
o arranjo acróstico, onde cada versículo ou linha segue a ordem do alfabeto hebraico
(e. g., Sl 111; Sl 112). O Salmo 119 contém 22 estrofes, tendo cada uma oito
dísticos.
1. a parte introdutória (comentário quanto à parábola a seguir);
2. a parte ilustrativa (apresentação básica da parábola); e
3. a parte interpretativa (explicação, interpretação da parábola).
10. A quantas pessoas diferentes a Bíblia se refere no Antigo
Testamento?
27. A exegese bíblica é uma atividade acadêmica ou espiritual?
3 A HOMILÉTICA FORMAL
2. A dádiva de Deus aos homens, contudo, tem um propósito supremo:
1. A quem os homens costumam oferecer seus presentes preciosos:
1. A língua deve ser sempre refreada por causa da sua má tendência de
falar o mal Tg 3.3-5.
2. A língua deve ser refreada para que não destrua com o fogo da
maledicência a reputação ou o caráter do nosso próximo Tg 3.5-12.
8. A
conclusão desta oração (17.25-26)
4. A argumentação é distribuída em ordem mais lógica e mais
convincente.
5. A possibilidade de gafes aumenta.
3. A memorização em voz baixa, talvez no escritório, é outra ajuda.
1. A primeira regra da boa apresentação é uma cuidadosa memorização da
mensagem. O ouvinte não quer assistir a um discurso lido, ele quer ouvir uma
mensagem!
1. A necessidade da salvação em Cristo
2. A possibilidade da salvação em Cristo
3. A exclusividade da salvação em Cristo".
75. A preparação de uma
mensagem fúnebre exige cuidados especiais. Explique alguns aspectos
indispensáveis desta árdua tarefa.
homilética fundamental
homilética material
homilética formal.
A homilética fundamental trata das questões introdutórias da
matéria, visando uma compreensão objetiva de seus aspectos, tais como: origem,
significado, tarefa, desenvolvimento histórico, problemas, características,
conteúdo, importância e alvo da prédica evangélica.
ORIGEM, SIGNIFICADO E TAREFA DA HOMILÉTICA
O termo (homilética) deriva do substantivo grego
"homilia", que significa literalmente "associação",
"companhia", e do verbo homileo, que significa "falar",
"conversar". O Novo Testamento emprega o substantivo homilia em 1 Coríntios
15.33 ... as más conversações corrompem os bons costumes.
O termo "homilética" surgiu durante o Iluminismo, entre
os séculos XVII e XVIII, quando as principais disciplinas teológicas receberam
nomes gregos, como, por exemplo, dogmática, apologética e hermenêutica.
Na Alemanha, Stier propôs o nome Keríctica, derivado de keryx, que
significa "arauto". Sikel sugeriu haliêutica, derivado de halieos,
que significa "pescador".
O termo "homilética" firmou-se e foi mundialmente aceito
para referir-se à disciplina teológica que estuda a ciência, a arte e a técnica
de analisar, estruturar e entregar a mensagem do evangelho.
"A homilética é ciência, quando considerada sob o ponto de
vista de seus fundamentos teóricos (históricos, psicológicos e sociais); é arte,
quando considerada em seus aspectos estéticos (a beleza do conteúdo e da
forma); e é técnica, quando considerada pelo modo específico de sua execução ou
ensino."
O termo "homilética" tem suas raízes etimológicas em 3
palavras da cultura grega:
1. Homilos, que significa "multidão", "turma",
"assembléia do povo" (cf. At 18.17);
2. Homilia, que significa "associação",
"companhia" (cf. 1 Co 15.33); e
3. Homileo, que significa "falar)",
"conversar" (cf. Lc 24.14s.; At 20.11,24.26).
A RELAÇÃO ENTRE A HOMILÉTICA E OUTRAS DISCIPLINAS
Como disciplina teológica, a homilética pertence à teologia
prática. As disciplinas que mais se aproximam da homilética são a hermenêutica
e a exegese.
Enquanto a hermenêutica é a ciência, arte e técnica de interpretar
corretamente a Palavra de Deus, e a exegese a ciência, arte e técnica de expor
as idéias bíblicas, a homilética é a ciência, arte e técnica de comunicar o
evangelho. A hermenêutica interpreta um texto bíblico à luz de seu contexto; a
exegese expõe um texto bíblico à luz da teologia bíblica; e a homilética
comunica um texto bíblico à luz da pregação bíblica.
A homilética depende amplamente da hermenêutica e da exegese.
Homilética sem hermenêutica bíblica é trombeta de som incerto (1 Co 14.8) e
homilética sem exegese bíblica é a mera comunicação de uma mensagem humanista e
morta.
A homilética deve valer-se dos recursos da retórica (assim como da
eloqüência), utilizar os meios e métodos da comunicação moderna e aplicar a
avançada estilística. Não se pode ignorar o perigo de substituir a pregação do
evangelho pelas disciplinas seculares e de adaptar a pregação do evangelho às
demandas do secularismo. A relação entre a homilética e as ciências modernas é
de caráter secundário e horizontal; pois as Escrituras Sagradas são a fonte
primária, a revelação vertical, o fundamento básico de toda a homilética
evangélica.
Por isso, o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios: (Eu, irmãos,
quando fui ter con- vosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com
ostentação de lingua-gem, ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós,
senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande
tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não
consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do
Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana; e
sim, no poder de Deus) (1 Co 2.1-5).
O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA HOMILÉTICA
O modelo predominante no período profético era a palavra vinda
diretamente do Senhor ("assim diz o Senhor") que os profetas
anunciavam e ilustravam em sua próprias vidas: uma prostituta como esposa
(Oséias); nomes dos filhos (Is 7.3, 8.3); cinto (Jr 13.1-11); o vaso do oleiro
(Jr 18.1-17); a botija quebrada (Jr 19.1-15); a morte da mulher de Ezequiel (Ez
24.15-27). Após o exílio, desenvolveu-se a homilia primitiva, em que passagens
das Escrituras Sagradas eram lidas em público ou nas sinagogas (Ne 8.1-18).
Por volta de 500-300
a . C., os gregos Córax, Sócrates, Platão e Aristóteles
desenvolveram a retórica, aperfeiçoada pelos romanos na forma da oratória
(principalmente Cícero, em cerca de 106-43 a . C.). Jesus, no entanto, pregou o
evangelho do reino de Deus com simplicidade, utilizando principalmente
parábolas (Mt 13.34s.; Mc 4.10-12, 33, 34) e aplicando textos do Antigo
Testamento à Sua própria vida (Lc 4.16-22). Uma análise do livro de Atos revela
cinco elementos básicos comuns às mensagens apostólicas: o Messias prometido no
Antigo Testamento; a morte expiatória de Jesus Cristo; Sua ressurreição pelo
poder do Espírito Santo; a gloriosa volta de Cristo; e o apelo ao ouvinte para
que se arrependesse e cresse no evangelho.
A maioria dos cristãos antigos, portanto, seguiu o exemplo da
sinagoga, lendo e explicando de modo simples e popular as Escrituras do Antigo
Testamento e do Novo. Não se percebe muito esforço em estruturar um esboço
homilético ou um tema organizador. A homilia cristã apenas (segue a ordem
natural do texto da Escritura e visa meramente ressaltar, mediante a elaboração
e aplicação, as sucessivas partes da passagem como esta se apresenta). C. W.
Koller, Pregação Expositiva sem Anotações (São Paulo: Mundo Cristão, 1984), p.
21.
As primeiras teorias homiléticas encontram-se nos escritos de
Crisóstomo (345-407 A .
D.), o mais famoso pregador da igreja primitiva. A primeira homilética foi
escrita por Agostinho, em De Doctrina Christiana. Agostinho dividiu-a em de
inveniende (como chegar ao assunto) e de proferendo (como explicar o assunto).
Na prática, esta divisão sistemática corresponde hoje às homiléticas material e
formal.
A Idade Média não foi além de Agostinho, mas produziu coletâneas
famosas de sermões, atualmente publicadas em forma de livros devocionais. (A
homilética era quase a única forma de oratória conhecida.) O maior pregador
latino da Idade Média foi Bernardo de Claraval (1090-1153). Graças a Carlos
Magno (768-814), a pregação era feita na língua do povo e não exclusivamente em
latim.
A grande inovação da Reforma Protestante foi tornar a Bíblia o
centro da pregação. Os discursos éticos e litúrgicos foram substituídos pela
pregação evangélica das grandes verdades bíblicas, versículo por versículo.
Martinho Lutero e João Calvino expuseram quase todos os livros da Bíblia em
forma de comentários que, ainda hoje, possuem vasta aceitação acadêmica e
espiritual. Os líderes da Reforma Protestante deram à pregação um novo conteúdo
(a graça divina em Jesus
Cristo ), um novo fundamento (a Bíblia Sagrada) e um novo alvo
- a fé viva.
Enquanto Lutero enfatizava o conteúdo da pregação do evangelho (a
justificação pela fé), Melanchthon ressaltava o método e a forma da pregação.
Como humanista convertido, Melanchthon escreveu, em 1519, a primeira retórica
evangélica, seguida de duas publicações homiléticas, em 1528 e 1535,
respectivamente. Melanchthon sugeriu enfatizar a unidade, um centro
organizador, um pensamento principal (loci) para o texto a ser pregado. A
pregação evangélica deveria incluir: introdução, tema, disposição, exposição do
texto e conclusão.
OS PROBLEMAS DA HOMILÉTICA
A palavra de Deus afirma que "a fé vem pela pregação e a
pregação pela palavra de Cristo" (Rm 10.17). Como é possível, então, que
surjam dificuldades quando esta palavra é proclamada?
O problema não está na palavra em si, porque 2a palavra de Deus é
viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra
até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para
discernir os pensamentos e propósitos do coração" (Hb 4.12).
O problema não está na Palavra de Deus, mas em sua proclamação,
quando feita por pregadores que não admitem suas imperfeições homiléticas
pessoais! Atualmente, as dificuldades mais comuns da pregação bíblica
encontram-se nas seguintes áreas:
Falta de preparo adequado do pregador. Na maioria das vezes, a
pregação pobre tem sua raiz na falta de estudo do orador. Muitos julgam ter
condições de preparar uma mensagem bíblica em menos de seis horas, sem o árduo
trabalho exegético e estilístico. Pensam que basta ter um esboço de três ou
quatro pontos para edificar a igreja, ou acham suficiente manipular as Quatro
Leis Espirituais para levar um indivíduo perdido à obediência a Cristo.
Falta de unidade corporal na prédica. Os ouvintes do sermão
dominical perdem o interesse pelo recado do pastor quando este apresenta uma
mensagem que consiste numa mera junção de versículos bíblicos, às vezes até
desconexos, pulando de um livro para outro, sem unidade interior, sem um tema
organizador. A falta de unidade corporal na prédica leva o ouvinte a depreciar
até a mais correta exposição da Palavra de Deus.
Falta de vivência real do pregador na fé cristã. O pior que pode
acontecer ao pregador do evangelho é proclamar as verdades libertadoras de
Cristo e, ao mesmo tempo, levar uma vida arraigada no pecado e em total
desobediência aos princípios da Palavra de Deus. Por isso, Paulo escreveu:
"... esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado
a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado" (1 Co 9.27).
Em outras ocasiões, o pregador talvez esteja vivendo em santificação,
mas, ainda assim, quando suas mensagens são apresentadas de forma muito
teórica, empregando termos técnicos, latinos e gregos que o povo comum não
entende, elas se tornam enfadonhas. No fim do culto, o rebanho admite que seu
pastor falou bem e bonito, mas se queixará de não ter entendido nada.
Falta de aplicação prática às necessidades existentes na igreja.
Muitas mensagens são boas em si mesmas, mas se tornam pobres na prática, na
edificação do povo de Deus. Constituem verdadeiros castelos doutrinários, mas
não mostram como colocar em prática, de maneira viável, o ensino da Palavra de
Deus, negligen-ciando, por exemplo, oferecer ajuda concreta a uma senhora que,
após 35 anos de vida conjugal feliz, perdeu o esposo num acidente de trânsito,
na semana anterior.
Falta de equilíbrio na seleção dos textos bíblicos. A maior parte
das Escrituras foi praticamente abandonada na pregação eficiente do evangelho.
Mais de 95% dos sermões evangélicos pregados no Brasil baseiam-se no Novo
Testamento e, em geral, limitam-se a textos evangelísticos, tais como: Lc
19.1-10; Jo 1.12; 3.16; 14.6; Rm 8.28; 2 Co 5.15-21 etc.
Prega-se a verdade, mas não toda a verdade! O alvo do apóstolo
Paulo era pregar "o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo" (Ef
3.8).
É bom lembrar que os apóstolos, e com eles a primeira geração da
igreja primitiva, utilizavam quase sempre o Antigo Testamento. Eles baseavam
suas mensagens naqueles 39 livros, que constituem mais de dois terços de nossa
Bíblia atual.
Falta de prioridade da mensagem na liturgia. O culto teve início
pontualmente às 19h30, com um belo programa musical seguido de muitos
testemunhos empolgantes, várias orações e diversos avisos. Finalmente, às
21h30, quando toda a congregação já estava cansada, o dirigente anunciou: (Vamos
agora para a parte mais importante de nosso culto. Com a palavra, nosso pastor,
que vai pregar o santo evangelho). O pastor, então, fica constrangido de pregar
40 minutos, pois sabe que ninguém irá agüentar.
A característica principal de um culto evangélico é a pregação da
palavra de Deus.
Números especiais bem ensaiados, testemunhos autênticos, avisos,
tudo isso é útil e necessário, desde que em seu devido lugar. Devemos zelar
para que nossos cultos não se tornem festivais de música popular ou reuniões
para avisos, mas, sim, encontros com Deus em Sua palavra! Lutero era muito
enfático em afirmar que, onde se prega a palavra de Deus e são ministrados o
batismo e a ceia, é ali que se encontra a verdadeira igreja.
Falta de um bom planejamento ministerial. "O pregador
eficiente tem de planejar sua pregação com antecipação. Muitos pastores falam
sem nenhum plano ou pro-pósito. Eles simplesmente decidem, a cada semana, quais
os tópicos para os ser-mões do domingo seguinte. Algumas vezes, a decisão é feita
na sexta-feira ou no sábado. A pregação sem um plano de longo alcance produz
diversos resultados negativos:
1. O pregador é colocado sob tensão e ansiedade desnecessárias;
2. Muitos pastores simplesmente pregam os mesmos sermões, domingo
após domingo. Eles escolhem um texto novo, mas, no fim, o conteúdo acaba sendo
idêntico ao daquele outro velho sermão;
3. Outras vezes, o pregador tem uma idéia boa para um sermão, mas
não dá tempo para que ela se desenvolva; e
4. Aqueles que não planejam sua pregação, geralmente cedem à
tentação do plágio." P. H. Kelley, Mensagem do Antigo Testamento Para os
Nossos Dias (Rio de Janeiro: JUERP, 1980), pp. 10-11.
O bom pregador deve fazer um planejamento anual, incluindo
mensagens para os dias especiais (Natal, Páscoa, aniversário da igreja etc.).
Dessa forma, ele alimentará a seu rebanho com uma dieta sadia e balanceada.
Outros motivos que resultam em problemas para a homilética. Além
das dificulda-des já mencionadas, devemos lembrar que a pregação vem sendo
desvalorizada pela secularização que atinge nossas igrejas. Muitas famílias
preferem assistir ao "Fantástico", em vez de ouvir uma mensagem
simplesmente exortativa e moralista.
Há também a questão da grande diversidade de igrejas e pregadores
evangélicos, o que facilita à família recém-chegada optar entre o pregador
eloqüente e popular e a igreja com status. Além disso, o estresse do dia-a-dia
faz com que, mesmo no domingo, não haja mais o sossego necessário para
reflexões espirituais profundas.
AS CARACTERÍSTICAS DA HOMILÉTICA
Charles W. Koller apresenta o conceito bíblico de pregação como
(aquele processo único pelo qual Deus, mediante Seu mensageiro escolhido, Se
introduz na família humana e coloca pessoas perante Si, face a face). C. W.
Koller, op. cit., p. 9.
Em sua tese, Koller refere-se ao mensageiro (vocação, caráter,
função) e à mensagem (conteúdo, poder, objetivo). Na realidade, porém, as
características da homilética evangélica não devem restringir-se somente aos
pólos mensageiro - mensagem. Três elementos, no mínimo, participam da prédica:
o pregador, o(s) ouvinte(s) e Deus. Podemos representá-los por meio de um
triângulo, cujos vértices simbolizam o autor, o comunicador e o receptor:
DEUS
PREGADOR OUVINTE/COMUNIDADE
Neste triângulo, o pregador dirige-se a Deus, na preparação e na
proclamação da mensagem, e ao ouvinte, sua comunidade evangélica.
O ouvinte recebe a mensagem da Palavra de Deus através da
comunicação pelo pregador ou por sua própria leitura.
Deus, por Sua vez, é autor, inspirador
e ouvinte da Sua Palavra. Entretanto, é bom lembrar que o triângulo só se
completa com um núcleo: este âmago é a palavra do Cristo crucificado (1 Co
2.2). O triângulo, então, deve ser aperfeiçoado da seguinte forma:
DEUS
PREGADOR
OUVINTE/COMUNIDADE
Para os evangélicos, Cristo é o centro da Bíblia. Lutero ensinou
enfaticamente: (A Escritura deve ser entendida a favor de Cristo, não contra
Ele; sim, se não se refe-re a Ele não é verdadeira Escritura ... Tire-se Cristo
da Bíblia, e que mais se encon-trará nela?) B. Hagglund, História da Teologia
(P. Alegre: Concórdia, 1981), p. 187.
O CONTEÚDO DA HOMILÉTICA
Com a Palavra de Deus, é-nos dado o conteúdo da pregação. Pregamos
esta Palavra, e não meras palavras humanas. Na comunicação da Palavra de Deus,
lembramo-nos de que nossa pregação deve consistir nessa mesma Palavra: "Se
alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus..." (1 Pe 4.11).
Este falar não é o nosso falar, sendo antes um dom de Deus, um
charisma. No po-der de Deus, nosso falar torna-se o falar de Deus: "...
tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não
como palavra de homem, e, sim, como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual,
com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes" (1 Ts 2.13;
cf. 1 Co 2.4s.; 2 Co 5.20; Ef 1.13).
Concluímos, pois, que o conteúdo da homilética evangélica é a
Palavra de Deus. Com ela, é-nos confiado um "tesouro em vasos de
barro" (2 Co 4.7). É a responsa-bilidade dos "ministros de Cristo, e
despenseiros dos mistérios de Deus" (1 Co 4.1), que anunciam "todo o
desígnio de Deus" (At 20.27). O conteúdo da pregação apostólica testifica
a plenitude do testemunho bíblico. Isto se torna evidente ao analisarmos os
sermões de Pedro e de Paulo, no livro de Atos (mensagens de Pe-dro: At 2.14-40;
3.12-26; 4.8-12; 5.29-33; 10.34-43; mensagens de Paulo: At 13.16-41; 14.15-17;
17.22-31; 20.18-35; 22.1-21; 24.10-21; 26.1-23; 26.25-29). Nestes sermões,
encontramos um testemunho de seis faces que, com palavras diferentes,
repete-se:
1. O testemunho da perdição do homem (o pecado e seu julgamento);
2. O testemunho da história da salvação efetivada por Deus em Jesus Cristo (Sua
humilhação, encarnação, sofrimento, morte, ressurreição, exaltação e segunda
vinda);
3. O testemunho das Escrituras e da própria experiência;
4. O testemunho da necessidade imperativa de arrependimento e
dedicação da vida a Jesus Cristo (confissão dos pecados, fé salvadora, vida
santificada);
5. O testemunho do julgamento sobre a incredulidade; e
6. O testemunho das promessas para os fiéis.
As mensagens apostólicas dirigem-se ao homem integral e
convidam-no a uma entrega absoluta a Cristo (consciência, razão, sentimento e
vontade).
A IMPORTÂNCIA DA HOMILÉTICA
A igreja viva de nosso Senhor Jesus Cristo origina-se, vive e é
perpetuada pela Palavra de Deus (Rm 10.17). Pregar o evangelho significa
despertar, confirmar, estimular, consolidar e aperfeiçoar a fé (Ef 4.11ss.).
Por essa razão, a prédica é a característica marcante do cristianismo.
"Nenhuma outra religião jamais tornara a reunião freqüente e regular de
massas humanas para ouvir instrução religiosa e exortação uma parte integrante
do culto divino". Para o seminarista e futuro pregador do evangelho,
"a homilética constitui a coroa da preparação ministerial" porque
para ela convergem todas as matérias teológicas, a fim de originar, vivificar,
caracterizar, renovar e perpetuar o cristianismo autêntico.
Além de importante, a homilética é também nobre, "porque se
interessa exclusiva-mente pelo bem das almas", A. Nobre, Manual do Pregador
(São Paulo: Casa Edi-tora Presbiteriana, 1955), p. 7. que são objeto do amor
infinito, da graça remidora e do poder renovador de Jesus Cristo. Durante o
COMIBAM 87 (Congresso Missionário Ibero-Americano), o líder evangélico René
Zapata (El Salvador) disse :"A pregação é o principal meio de difusão do
cristianismo, mais poderosa do que a página escrita, mais efetiva do que a
visitação e o aconselhamento, mais importante do que as cerimônias religiosas.
É uma necessidade sobrenatural, convence a mente, aviva a imaginação, move os
sentimentos, impulsiona poderosamente a vontade. Mas, depende do poder do
Espírito Santo. É um instrumento divino; não é resultado da sabedoria humana,
não descansa na eloqüência, não é escrava da homilética". Ultimato nº 192,
fevereiro de 1988, p. 7.
A homilética é importante devido a seu conteúdo (a proclamação do
evangelho como característica fundamental do cristianismo autêntico), seu lugar
central na preparação do ministro evangélico e seu objeto (o bem-estar do
homem, criado por Deus).
A NATUREZA DA HOMILÉTICA
É a teoria e prática da pregação do evangelho de nosso bendito
Senhor Jesus Cristo, que revela o poder e a justiça de Deus para todo homem que
nEle crê (Rm 1.16). O teólogo alemão Trillha as define a natureza prática da homilética
como "a voz do evangelho na época atual da igreja de Cristo".
Os termos pregação e pregar vêm do latim praedicare, que significa
(proclamar). O Novo Testamento emprega quatro verbos para exemplificar a
natureza da pregação:
1. Kerysso, proclamar, anunciar, tornar conhecido (61 ocorrências
no Novo Testamento). Está relacionado com o arauto (keryx), "que é
comissionado pelo seu soberano... para anunciar em alta voz alguma notícia,
para assim torná-la conhecida". NDITNT, vol. III, p. 739.
Assim, pregar o evangelho significa fazer o serviço e cumprir a
missão de um arauto. João Batista era o arauto de Deus. Para sua atividade, os
sinópticos empregam o termo kerysso: Mt 3.1; Mc 1.4; Lc 3.3.Jesus, por Sua vez,
era arauto de Seu Pai: Mt 4.17, 23; 11.1; e os doze discípulos, Paulo e
Timóteo, arautos de Jesus: Mt 10.7, 27; Mc 16.15; Lc 24.47; At 10.42; Rm 10.8;
1 Co 1.23; 15.11; 2 Co 4.5; Gl 2.2; 1 Ts 2.9; 1 Tm 3.16; 2 Tm 4.2.
Estas referências bíblicas mostram que a natureza da pregação
consiste em quatro características principais:
a. um arauto fala e age em nome do seu senhor. O arauto é o
porta-voz de seu mestre. É isto que dá à sua palavra legitimidade,
credibilidade e autenticidade;
b. a proclamação do arauto já é determinada. Ele deve tornar
conhecidas a vontade e a palavra de seu senhor. O não-cumprimento desta missão
desclassifica-o de sua função e responsabilidade;
c. o teor principal da mensagem do arauto bíblico é o anúncio do
reino de Deus: Mt 4.17-23; 9.35; 10.7; 24.14; Lc 8.1; 9.2; e
d. o receptor da mensagem do arauto bíblico é o mundo inteiro: Mt
24.14; 26.13; Mc 16.15; Lc 24.47; Cl 1.23; 1 Tm 3.16.
2. Euangelizomai, evangelizar. Quem evangeliza transmite boas
novas, uma mensagem de alegria. Assim se caracteriza a natureza da prédica
evangélica. O pregador do evangelho é o portador de boas novas, de uma mensagem
de salvação e alegria. Ele anuncia estas boas novas de salvação ao homem
corrompido por seu pecado (Is 52.7; Rm 10.15). O conteúdo do evangelho é a
salvação realizada por Jesus Cristo (Lc 2.10; At 8.35; 17.18; Gl 1.16; Ef 3.8;
Rm 1.16; 1 Co 15.1ss.), e seu alcance é o mundo inteiro. O evangelho não deve
limitar-se a uma classe especial. Ele é para todos. Todos têm direito de ouvir
a mensagem de Jesus Cristo (At 5.42; 11.20; 1 Co 1.17; 9.16).
3. Martyrein, testemunhar, testificar, ser testemunha. O
testemunho de Jesus Cristo é outra característica autêntica da prédica
evangélica. Jesus convidou seus discípulos para serem Suas testemunhas do poder
do Espírito Santo (Lc 24.48; At 1.8). Neste sentido, os apóstolos compreenderam
e executaram seu ministério (At 2.32; 3.15; 5.32; 10.39; 13.31; 22.15; 23.11; 1
Jo 1.2; 4.14). A testemunha qualifica-se através da comprovação de sua
experiência. Isto lhe dá credibilidade, convicção e liberdade no cumprimento de
sua missão. O evangelista diz: (... e nós temos crido e conhecido que tu és o
Santo de Deus) (Jo 6.69). Isto significa que somente aquele que experimentou
pessoalmente o poder salvador e transformador de Cristo, por meio da fé em Sua
pessoa e obra, é qualificado para ser testemunha evangélica. Por isso, a
testemunha do Novo Testamento testifica para outras pessoas aquilo que
apropriou pela fé. (E o que de minha parte ouviste, através de muitas
testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir
a outros) (2 Tm 2.2).
4. Didaskein, ensinar. Encontramos este verbo 95 vezes no Novo
Testamento. Seu significado é sempre ensinar ou instruir. O Novo Testamento
apresenta-nos Jesus como um grande educador: (Quando Jesus acabou de proferir
estas palavras [o Sermão do Monte], estavam as multidões maravilhadas da sua
doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os
escribas) (Mt 7.28, 29). "É o testemunho unânime de todos os escritores
sinópticos, que sem dúvida coincide com a realidade histórica, que Jesus
'ensinava' publicamente, i. e., nas sinagogas (Mt 9.35; 13.54 par.; Mc 6.2;
1.21 e passim), no templo (Mc 12.35; Lc 21.37; Mt 26.55 par.; Mc 14.49; cf. Jo
18.20) ou ao ar livre (Mt 5.2; Mc 6.34; Lc 5.3; e pas-sim). Somente Lucas
4.16ss. dá detalhes acerca da forma externa de Seu ensino, viz., ficava em pé
para ler um trecho dos profetas, depois se sentava para fazer a exposição,
sendo este o costume judaico e rabínico normal (cf. Lc 5.3; Mc 9.35; Mt 5.2). NDITNT,
vol. II, p.44. Jesus recebeu Seu ensino diretamente de Seu Pai (Jo 7.16s.).
Os apóstolos também reconheceram a importância do ensino para as
igrejas recém-fundadas (At 2.42; 5.28). O alvo do ensino apostólico era firmar
os cristãos em sua fé, prepará-los para o serviço e aperfeiçoá-los para a vinda
do Senhor Jesus Cristo (Ef 4.11ss.). Os apóstolos reconheciam o ensino como
charisma do Espírito Santo (Rm 12.6s.; 1 Pe 4.11).
Concluímos, portanto, que a natureza da mensagem evangélica é
explicar a histó-ria da salvação, transparecer a revelação e o plano de Deus
para o mundo, a igreja e o incrédulo (At 2.42; 20.20s.; 1Tm 3.2b,4.13; 2Tm
2.24). Note bem que o alvo do ensino apostólico não é a cognição nem
simplesmente o conhecimento intelectual, mas o conhecimento místico, prático,
salvador e transformador de vidas, para que sejam santificadas e preparadas a
fim de produzirem as boas obras que o Senhor dispôs de antemão para que
andassem nelas (1Co 1.5; Ef 2.10; 2Ts 2.15; 2Jo 9).
O ALVO DA HOMILÉTICA
Qual o alvo da mensagem evangélica? Podemos ficar satisfeitos com
a mera preparação e apresentação da prédica? Quais os objetivos de tanto
esforço na preparação, estruturação, meditação e, finalmente, pregação do
sermão?
Para T. Hawkins, "o objetivo da homilética é auxiliar na
elaboração de temas que apresentem em forma atraente uma mensagem da Palavra de
Deus, com tal eficiência que os ouvintes compreendam o que devem fazer e sejam
movidos para fazê-lo". T. Hawkins, Homilética Prática (Rio de Janeiro:
JUERP, 1978), pp. 13-14.
Em geral, podemos dizer que o objetivo da mensagem evangélica é a
conversão, nutrição, comunhão, motivação e santificação para a vida cristã.
O alvo primário de toda e qualquer mensagem bíblica é a salvação
de pecadores perdidos (Rm 1.16). "Em toda pregação, Deus procura
primariamente, mediante Seu mensageiro, trazer o homem para a comunhão
Consigo". C. W. Koller, op. cit., p. 14.
É por meio da mensagem anunciada, ouvida e crida que os homens são
salvos da perdição, da escravidão do pecado e da morte (Rm 10.10,17; Jo
8.34-36). Isso vale tanto para os povos que já a ouviram e creram no evangelho
quanto para os povos pagãos. O desejo de Deus é de que (todos os homens sejam
salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade) (1 Tm 2.4). Toda pregação do
evangelho, portan-to, deve incluir nitidamente a oferta da salvação. A prédica
evangélica também não pode silenciar quanto à situação e ao destino dos
perdidos (Jo 3.18, 36; Ap 22.15). Ao mesmo tempo, a pregação bíblica anuncia
com convicção a necessidade de reconhecer, confessar e deixar todo e qualquer
tipo de pecado e de idolatria, convertendo-se ao Deus vivo e verdadeiro (Pv
28.13; Rm 10.10; 1 Ts 1.9s.).
Concluímos, pois, que é necessário salientar: a) o testemunho da
perdição eterna e depravação total do homem que vive sem Deus ou contra Deus;
b) o testemunho da salvação em
Cristo Jesus pela fé; c) o testemunho da importância do
arrependimento e da conversão ao Deus vivo e verdadeiro; d) o testemunho da
regeneração pelo poder do Espírito Santo; e) o testemunho da vida nova e
transformada em Cristo; f) o testemunho do senhorio de Cristo em nossas vidas;
e g) o testemunho da esperança viva nos discípulos autênticos.
A pregação do evangelho, porém, não se dá por satisfeita em apenas
chamar à comunhão viva com o Senhor Jesus Cristo. Após a conversão, a ênfase
deve estar sobre as coisas que acompanham a salvação (Hb 6.9). Nutrição,
motivação, doutrinamento, perfeição, edificação, consolidação, consagração e
santificação devem complementar a pregação evangelístico-missionária (Cl 1.28;
2.6s., Ef 3.17; 4.11ss., 1 Co 3.11). Isto deve acontecer individual e
eclesiasticamente (Rm 15.2; 1 Co 14.3s.; Ef 2.21; 1 Pe 2.5s.; 1 Co 3.9). Como
indivíduo, o cristão precisa ser aconselhado (At 20.20ss.; Jo 21.15-17; 2 Tm
4.2). Este processo de edificação e consolidação seria impossível sem o
doutrinamento (Ef 4.14; Cl 1.11).
O terceiro alvo da pregação evangélica visa a ação diaconal de
cada membro do corpo de Jesus Cristo (Ef 4.11ss.; 1 Ts 1.9; Tt 3.8). Faz parte
da mensagem neo-testamentária que o cristão envolva-se no serviço de Deus (1 Co
9.13; 2 Co 5.15; Gl 2.20). A verdadeira mensagem evangélica estimula o cristão
para as diversas possibilidades ministeriais, sociais e diaconais (At 20.28; 1
Pe 5.2; 4.10; Rm 12.4-8). Resumimos este parágrafo sobre o alvo da homilética
com a convicção paulina de jamais deixar de anunciar "todo o desígnio de
Deus" (At 20.27).
Perguntas didáticas sobre a homilética fundamental
1. Quais são os assuntos abordados pela homilética fundamental?
2. Quando e onde surgiu o termo homilética?
3. Dê uma definição precisa de homilética.
4. Quais são as origens etimológicas do termo homilética?
5. Qual é a relação entre a homilética e a hermenêutica?
6. Em que sentido a homilética diferencia-se da exegese bíblica?
7. Como você vê a relação da homilética com a retórica,
eloqüência, comunicação e estilística?
8. Qual era o conceito homilético na época dos profetas do Antigo
Testamento?
9. Que tipo de homilética desenvolveu-se no período pós-exílio?
10. Quem inventou a retórica?
11. Quem aperfeiçoou a oratória?
12. Quais são as características da pregação de Jesus Cristo?
13. Como os apóstolos pregaram o evangelho?
14. Defina e caracterize a homilia cristã.
15. Quem foi o mais famoso pregador da igreja primitiva?
16. Quem escreveu a primeira homilética cristã?
17. Como Agostinho subdividiu a homilética?
18. Quais são os méritos da Idade Média quanto à homilética
evangélica?
19. Como Carlos Magno destacou-se no desenvolvimento da pregação
do evangelho?
20. Qual foi a novidade na homilética da Reforma Protestante?
21. Como Melanchthon notabilizou-se na história do desenvolvimento
da homilética?
22. Cite oito razões pelas quais a homilética constitui um sério
problema em nossos dias.
23. Quantas horas o pregador deve investir na preparação de uma
mensagem?
24. Por que ouvimos tantas mensagens pobres?
25. Como entendemos a unidade corporal da prédica?
26. Como a advertência de Paulo, em 1 Coríntios 9.27, está
relacionada à pregação do evangelho?
27. O que acontece quando uma mensagem não tem aplicação prática?
28. Quais são as partes das Escrituras abandonadas na pregação
evangélica?
29. Como podemos valorizar as mensagens bíblicas baseadas no
Antigo Testamento?
30. Qual é a parte principal de um culto evangélico?
31. Quais são os resultados negativos da falta de planejamento das
mensagens?
32. Por que o secularismo e o estresse constituem um problema para
o sermão evangélico?
33. Quais são as três partes integrantes de uma prédica?
34. Qual é a função do pregador no sermão?
35. Qual é a posição da comunidade na mensagem?
36. Qual é o papel de Deus no sermão?
37. Quem é o centro da mensagem evangélica?
38. Quais são as referências bíblicas que provam que o conteúdo da
homilética evangélica deve ser a Palavra de Deus?
39. Ao analisarmos as mensagens de Pedro e de Paulo no livro de
Atos, encontramos um testemunho de seis faces que apela para a totalidade do
homem e convida-o para uma entrega total a Cristo. Explique a necessidade, o
conteúdo e a importância de cada um desses testemunhos.
40. Como percebemos a importância da homilética?
41. Por que a homilética é a coroa da pregação ministerial?
42. Dê a origem e o significado do termo pregação.
43. Quais são os quatro verbos gregos (e seus significados) que o
Novo Testamento emprega para exemplificar a natureza da pregação?
44. Quais são as características bíblicas de um arauto?
45. De que maneira o termo evangelizar caracteriza nossa pregação?
46. Por que a mensagem bíblica deve ser um testemunho?
47. Explique por que a prédica deve ser ensino.
48. Defina o alvo da homilética numa única frase.
49. Qual o alvo primário da mensagem evangélica?
50. Por que o pregador não deve esquecer-se dos alvos espiritual,
doutrinário e diaconal na preparação e entrega de seus sermões?
No primeiro capítulo, ocupamo-nos com a
homilética fundamental, isto é, com a natureza da prédica evangélica. Neste
segundo capítulo, nossa atenção estará voltada para o texto bíblico em si e
para o material básico necessário à homilética. Na homilética material, o aluno
irá familiarizar-se com as diversas versões da Bíblia em português, aprenderá a
usar os tópicos e rodapés da Bíblia Vida Nova, desenvolverá técnicas para a
utilização da chave bíblica e da concordância, e perceberá o valor auxiliar de
dicionários, léxicos, comentários, harmonias e panoramas bíblicos na preparação
de uma mensagem. Exemplos práticos e exercícios ajudarão o aluno a apreender as
técnicas homiléticas mais modernas, a fim de comunicar com clareza e eficiência
a Palavra de Deus.
A BÍBLIA, MATERIAL BÁSICO DO SERMÃO
A Palavra de Deus é a fonte singular
para a pregação bíblica. A prédica evangélica alimenta-se, baseia-se,
origina-se, inspira-se e motiva-se na Palavra de Deus, porque ela é o grande e
inexorável reservatório da verdade cristã. C. W. Koller, op. cit., p. 41. Deus
fala através da Bíblia. Ela é o instrumento único e infalível pelo qual Deus
revela Sua vontade: Lâmpada para os meus pés... e luz para os meus caminhos (Sl
119.105). Portanto, para o pregador do evangelho, não há nenhum motivo pelo
qual deva desviar-se da Palavra de Deus. O pregador é o profeta divino que
anuncia a mensagem de Deus para sua geração. Quando o povo vai à igreja, deseja
ouvir a Palavra de Deus interpretada com fidelidade e relevância quanto às
necessidades atuais.
A Bíblia é um livro de variedade
literária singular. Nela se encontra uma verdadeira biblioteca, com 66 livros
contendo leis, histórias, poesias, profecias, literatura de sabedoria,
narrativas, alegorias, parábolas, textos apocalípticos, biografias, crônicas,
dramas, enigmas, visões, mensagens, cânticos, conversas, cartas, ensinamentos,
orações, exclamações, interrogações, disputas, discursos e até convenções.
Tudo isso oferece material suficiente
para a pregação bíblica em qualquer circunstância ministerial ou eclesiástica.
A Bíblia em seu significado
fundamental. Quando baseada na revelação da Palavra de Deus, nossa pregação tem
um significado salvador. A pregação é a proclamação das boas novas das
Escrituras Sagradas. Como a revelação especial de Deus é a Palavra de Deus, a
pregação deve originar-se, basear-se e motivar-se na Palavra de Deus.
Precisamos ser lembrados e
conscientizados de que todo nosso conheci- mento da verdade encontra-se na
Palavra reveladora de Deus, não em
nós. O homem natural não entende nada de Deus (1 Co 2.14),
mas o homem salvo leva cativos seu conhecimento, pensamento e inteligência à
obediência de Cristo (2 Co 10.5). O centro da Bíblia é a revelação de Jesus
Cristo. Toda revelação bíblica culmina em Jesus Cristo. Em
Seu falar e agir, em Seu sofrimento e em Sua morte e ressurreição nEle foi
revelada a vontade salvadora de Deus.
No fato de Deus ter revelado Sua
vontade salvadora em Seu
Filho , Jesus Cristo, está dado o conteúdo primordial de nossa
pregação. O apóstolo Paulo descreveu este princípio homilético com as seguintes
palavras: Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este
crucificado (1 Co 2.2). Por isso, nosso centro e alvo da pregação do evangelho
é Jesus Cristo, que é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente (Hb 13.8; ARC).
Agora, fica evidente por que nem todas
as passagens bíblicas são igualmente recomendáveis para a escolha de uma
mensagem. De seu centro, do próprio Senhor Jesus Cristo, é-nos dada a
prioridade dos livros bíblicos para nossa pregação. Não estamos dizendo com
isso que existam partes mais ou menos importantes dentro das Escrituras
Sagradas ou que algumas passagens sejam mais valiosas do que outras. Queremos
apenas indicar que nem todas as passagens são adequadas para um culto
evangelístico ou, por exemplo, para o Natal, a Semana da Pátria, o aniversário
da igreja, um casamento ou um culto fúnebre.
A seguir, apresentamos algumas
referências bíblicas. Verifique para que ocasiões seriam apropriadas: Ne
9.22-25; 2 Sm 1.19-27; Js 24.16-28, 31; At 2; Lc 2; Jó 19; Hb 1.1-3; Rm 8.39; 1
Pe 2.13-17; Tg 3.13-18; Ne 6.9; 2 Cr 6.4-10; 2 Rs 5.1-15; 1 Rs 11.1-8; Js
8.30-35; Gn 12.1-9; Jo 1.12; 2 Co 5.17-21; Sl 23; Jo 3.1-6; Jo 3.7-13; Jo
3.14-15; Jo 3.16; 17.8-16; 2 Rs 6.8-23; 14.
Nem sempre a pregação evangélica pode
apresentar toda a história da salvação. Ela se fundamenta praticamente em um
texto básico, i. e., numa parte pequena, em comparação com tudo o que Deus
revelou no restante da Bíblia. Mas esse texto breve é estudado, interpretado e
comunicado no contexto bíblico e em harmonia com a Palavra de Deus, em sua
totalidade.
Assim, nossa pregação deve ser textual
(i. e., fiel ao texto pelo qual optamos), escriturística (i. e., bíblica, em
seu contexto doutrinário e ético), cristológica (i. e., em seu conteúdo
principal) e prática (i. e., em sua aplicação às necessidades reais de nossas
igrejas).
A escolha do texto do sermão. Quando
falamos do texto do sermão, referimo-nos a uma parte específica das Escrituras
Sagradas, que desejamos estudar para depois expô-la a nossos ouvintes. O texto
do sermão pode ser apenas uma palavra, ou então uma frase, um pensamento, um
versículo, alguns versículos interligados ou consecutivos, um salmo, uma
ilustração, um ou mais capítulos inteiros das Escrituras Sagradas, ou ainda um
personagem.
Para um pregador iniciante, a escolha
do texto do sermão pode tornar-se um verdadeiro pesadelo, algo absolutamente
desnecessário. O texto é-nos dado nas Escrituras Sagradas. Como testemunhas e
arautos de Cristo, fomos incumbidos de anunciar o evangelho do reino de Deus.
Como ministros e embaixadores de Cristo, exortamos os ouvintes a se
reconciliarem com Deus (2 Co 5.20).
Todavia, precisamos reconhecer que
dependemos do Espírito Santo na escolha do texto. Não podemos selecionar a
passagem sozinhos ou sem recorrer à obra do mestre. Por isso, a oração é
indispensável. Se escolhêssemos sozinhos um texto bíblico, estaríamos correndo
o risco de nos limitarmos a nossos assuntos ou passagens preferidas. Mas, para
a escolha do texto propício, além da oração pessoal e da direção do Espírito
Santo, temos o auxílio de: textos apropriados para a época eclesiástica
(Advento, Natal, fim de ano, Páscoa, Ascensão, Pentecoste, aniversário da
igreja, campanha evangelística, dia de missões); as senhas diárias dos irmãos
morávios (Editora Sinodal); a exposição de livros inteiros da Bíblia; a
meditação sobre biografias bíblicas; as mensagens acerca de temas doutrinários
ou éticos da Bíblia; as devoções particulares; o serviço e o aconselhamento
pastoral; uma situação crítica na igreja; algum livro teológico que estudamos;
temas específicos relacionados às necessidades da igreja; e o calendário anual
de pregação.
Vale a pena observar também as
seguintes regras práticas na escolha de seu texto:
a) escolha-o com, pelo menos, uma
semana de antecedência;
b) evite optar por textos difíceis,
polêmicos ou de linguagem pomposa e extravagante;
c) não se limite apenas ao Novo
Testamento, como faz a maioria dos pregadores;
d) varie os livros bíblicos, a fim de
não negligenciar nenhum dos 66; e
e) uma vez escolhido o texto, não mude
mais, a não ser que o Espírito Santo assim indique claramente.
A seguir, apresento quatro exemplos com
os quais você poderá colocar em prática algum dos auxílios e regras mencionados
acima:
Caso 1: Sua igreja passa por um período
de crescimento numérico notável. Muitas pessoas são recém-convertidas, mas nem
todas romperam com as práticas pecaminosas da vida anterior. Quais textos
seriam apropriados para melhorar a situação?
Caso 2: O Natal se aproxima e você não
deseja pregar novamente sobre Lucas 2. Quais as alternativas que lhe restam
para a escolha de tal mensagem?
Caso 3: Você nota um desinteresse geral
em sua congregação quanto à freqüência regular nos cultos semanais de estudo
bíblico. O que você pode fazer para estimular a igreja a participar do estudo
bíblico?
Caso 4: Você está expondo o livro de
Neemias e terminou no domingo passado o capítulo 2. Como você vai definir a
extensão de seus textos para o restante dos capítulos nas próximas semanas?
A EXEGESE DO TEXTO DO SERMÃO
O árduo trabalho de preparação da
mensagem bíblica começa com a transparência do texto escolhido. O processo que
gera essa transparência chama-se exegese.
Exegese é um termo técnico teológico
empregado para definir o trabalho de exposição de um texto bíblico. A palavra
exegese deriva do substantivo grego exegesis, que significa declaração,
narrativa, exposição, explicação, interpretação. Para os gregos, os exegetai
eram os intérpretes e expositores oficiais da lei sagrada. Platão, Leis, 759 c,
e, 755 a .
O termo exegese firmou-se mundialmente a partir do século XIX, indicando a
atividade teológica de expor um texto da Bíblia.
O texto bíblico apresenta-se numa
língua estrangeira (hebraico, aramaico ou grego) e inserido numa cultura,
história e contexto social totalmente diferentes da realidade brasileira.
A fim de expormos com objetividade,
temos de interpretar o texto no horizonte de seu autor, com seu contexto e sua
cultura, para depois aplicá-lo ao horizonte do ouvinte do século XX. Todos os
textos bíblicos têm suas características específicas, dadas por Deus. É
evidente que as expressões paulinas predominantes não são as mesmas usadas por
Pedro, João ou Tiago, que a literatura poética é diferente da profética e que o
texto de Gênesis difere daquele de Samuel, embora ambos os livros façam parte
dos registros históricos. Devemos reconhecer e descobrir as características
específicas de qualquer texto bíblico, vencer a estranheza (barreira cultural)
e descobrir o cerne do texto, superando nossos preconceitos e suposições
individuais a fim de expô-lo de maneira fiel e objetiva, conforme as
necessidades de nossas igrejas.
A mensagem bíblica encontra-se no texto
bíblico em si, não em nós.
Somos apenas portadores da mensagem divina presente na
Bíblia. Por isso, temos de bombardear o texto bíblico com perguntas,
analisá-lo, expô-lo e interpretá-lo, se quisermos comunicá-lo.
Tomemos como exemplo a Parábola do
Semeador, em Mateus 13. Por que o semeador semeia à beira do caminho e em solo
rochoso? Será que o semeador é negligente ou mal treinado nas técnicas
agrícolas? Quanto à Parábola das Dez Virgens, em Mateus 25, podemos perguntar:
quais são as tarefas das virgens? Por que algumas têm óleo e outras não? Atos 8
relata a história do encontro de Filipe com o eunuco. Onde fica a Etiópia? Quem
é o eunuco? Por que ele era eunuco? Por que viajou para Jerusalém? Qual a
distância entre a Etiópia e Jerusalém? Lemos em Lucas 2 que os pais de Jesus
puseram-no numa manjedoura. O que é uma manjedoura? Por que os pais não usaram
uma rede ou uma esteira?
A necessidade da exegese ilustrada
(Veja o gráfico na edição impressa)
Assim, a nossa pregação torna-se bíblica quando nos submetemos à
autoridade do texto, ouvimos e obedecemos a seus princípios e ordens,
analisamos criteriosamente suas palavras, seus costumes e seus personagens,
interrogamos seu contexto histórico, cultural e bíblico, esclarecemos as
dúvidas que surgem na primeira leitura e apropriamo-nos de seu conteúdo pela
fé.
O ponto de partida da exegese é o texto. Seu alvo é uma exposição
bíblica compreensível para os ouvintes. A finalidade da exegese é dispor os
elementos a serem expostos de maneira clara, lógica, seqüencial, progressiva e
estética, de sorte a formar um conjunto convincente. PMS, p. 41. O alvo da
exegese é duplo: compreensão por parte do pregador e compreensão por parte do
ouvinte.
BÍBLIA ------------------» PREGADOR --------------------» OUVINTES
Na pregação do evangelho, expomos a idéia principal, o cerne de um
texto bíblico. É praticamente impossível apresentar cientificamente todos os
pormenores e detalhes de um texto bíblico. Não podemos sobrecarregar nossos
ouvintes nem fazer da mensagem bíblica um discurso puramente acadêmico. O
importante é limitar-se ao significativo e essencial num texto bíblico. A
exegese científica é um trabalho indicado para os comentários, para os cursos
de mestrado e para os professores de seminários evangélicos. A exegese do
pregador é uma tarefa limitada ao essencial do texto, à compreensão popular da
igreja e objetiva uma mensagem de aproximadamente 30 minutos. Nessa exegese
limitada, é legítimo pesquisar os termos principais com mais atenção, deixando
de lado expressões secundárias.
Contudo, uma simples exposição mecânica ou técnica do texto
bíblico não produz automaticamente os resultados desejados pela congregação. É
preciso fazer a exegese sob a orientação divina, num espírito de submissão,
obediência e oração. A exegese bíblica é uma atividade espiritual que exercemos
na presença de nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, como fazer a exegese de um texto bíblico? Os dez passos
didáticos expostos a seguir o ajudarão a exercer e desenvolver a arte da
exegese bíblica:
1. Leia o texto em voz alta e em espírito de oração várias vezes
(o grande pregador Dr. Campbell Morgan costumava ler pelo menos 50 vezes a
passagem que ia expor), comparando-o com versões bíblicas diferentes para obter
uma maior compreensão de seu conteúdo.
2. Reproduza o texto com suas próprias palavras, sem olhar na
Bíblia, para verificar se realmente entendeu o conteúdo (Bezzel memorizava
todos os textos sobre os quais pregava).
3. Observe o contexto imediato e o remoto (veja pp. 38ss.).
4. Verifique a forma literária do texto (história, milagre,
parábola, ensino, advertência, promessa, profecia, testemunho, oração,
introdução etc.) e tente estruturá-lo (e. g., Ef 1.1-2; 15-23; Lc 4.38-39).
5. Determine o significado exato de cada palavra básica, com sua
origem e seu uso pelo autor e no restante do testemunho bíblico (e. g., Rm
3.21-31; 5.1).
6. Anote peculiaridades do texto (palavras que se repetem,
contrastes, seqüências, conclusões, perguntas, teses) e faça uma comparação
sinótica, caso o texto pertença aos evangelhos (veja pp. 35-36).
7. Pesquise as circunstâncias históricas e culturais (época, país,
povo, costumes, tradição; e. g., Ap 19.15).
8. Elabore as mensagens de cada versículo ou termo principal por
meio de versículos paralelos (em palavras e assuntos), de seu núcleo, de sua
relação com a história da salvação, de perguntas didáticas (quem, o que, por
que etc.) e de comentários bíblicos, léxicos, dicionários e manuais bíblicos
(e. g., Mt 12.38-42).
9. Estruture o texto conforme seu conteúdo principal e organizador
e suas seções secundárias (e. g., Lc 19.1-10).
10. Resuma o trabalho exegético feito até este ponto com a frase:
O assunto mais importante deste texto é...
Você deve memorizar estes dez passos didáticos e aplicá-los na
preparação de qualquer estudo bíblico ou mensagem da Palavra de Deus. Você não
pode dispensar-se dessas etapas. Sua negligência seria como a de um mecânico
ignorante que conserta um carro sem usar suas ferramentas!
Exemplo 1: Mateus 9.9-13
1. Após ter lido o texto várias vezes e comparado suas palavras
com versões bíblicas diferentes, resuma a impressão geral do trecho.
2. Qual o contexto dessa passagem?
a. contexto imediato de Mateus 9
b. contexto do evangelho de Mateus (os capítulos
anteriores e posteriores)
c. contexto remoto do livro inteiro (a estrutura
do evangelho de Mateus)
3. Como esse texto poderia ser estruturado?
4. Faça uma comparação textual com várias versões bíblicas,
anotando as diferenças.
5. Faça uma comparação sinótica desse texto para descobrir a
cronologia dos acontecimentos, o material peculiar e os trechos omissos de cada
um dos evangelistas.
a. o material peculiar de Mateus
b. o de Marcos
c. o de Lucas
d. o material omisso de Mateus
e. o de Marcos
f. o de Lucas
g. a cronologia sinótica
h. resumo em uma só versão
6. Explique os costumes alfandegários romanos.
7. Qual era a relação entre judeus em geral e os publicanos e
pecadores?
8. Qual era a atitude de João Batista frente aos publicanos e
pecadores?
9. Como Jesus Se relacionava com os publicanos e os pecadores?
10. Quem eram os fariseus (origem, atitudes, crenças, posição)?
11. Por que os fariseus opuseram-se a Jesus (v. 11)?
12. Fale sobre Cafarnaum (lugar, origem, significado, tamanho,
importância).
13. Quem era Mateus (ou Levi; ligações familiares, profissão,
religião, características, menção nos evangelhos)?
14. No versículo 9, qual o significado do verbo ver, empregado por
Jesus, em relação à vocação de Mateus? Será que os autores dos demais
evangelhos usam esse verbo em outras circunstâncias?
15. Quais as conseqüências implícitas do ato de seguir a Jesus?
a. conforme Lc 5.28
b. conforme Mt 19.21
c. conforme Lc 19.1-10
16. Segundo os versículos 10 e 11, quais os motivos de Mateus ao
convidar Jesus à sua própria casa?
17. Por que os judeus consideravam os publicanos e pecadores
indivíduos de segunda classe?
18. O que significa a frase: ... come o vosso Mestre com os
publicanos e pecadores?
19. Como Jesus descreve Sua missão nos versículos 12 e 13, e qual
seu significado?
20. Por que Jesus citou Oséias 6.6?
21. Quais as diferenças entre Oséias 6.6 e sua citação feita por
Jesus?
22. Em que e por que revela-se na ação de Jesus a misericórdia
divina?
23. Quais as implicações do fato de chamar os pecadores?
24. Será que os fortes e justos não precisam da misericórdia
divina? (Consulte alguns comentários.)
25. Qual a origem, o significado e o uso do termo bíblico
misericórdia? (Consulte o NDB, o NDITNT e o NTI.)
Exemplo 2: Mateus 8.1-4
Use as dez regras didáticas expostas anteriormente para elaborar
esta exegese.
1. Em espírito de oração,
leia o texto em voz alta diversas vezes. Em seguida, anote o primeiro impacto
que a passagem causou em você.
2. Agora, repita o texto
com suas próprias palavras, sem olhar na Bíblia, para verificar se realmente
compreendeu seu conteúdo.
3. Observe os contextos
imediato e remoto.
4. Verifique a forma
literária do texto e tente estruturá-lo.
5. Determine o significado
exato de cada palavra básica, assim como sua origem e seu uso na Bíblia.
6. Anote as peculiaridades
do texto (palavras que se repetem, contrastes, seqüências, conclusões,
perguntas, teses) e faça uma comparação sinóptica com Marcos 1.40-45 e com
Lucas 5.12-16.
7. Pesquise as
circunstâncias históricas e culturais (época, país, povo, costumes, tradições)
desse texto.
a. O que era a lepra na
época neotestamentária?
b. Qual a função do
sacerdote com respeito à lepra?
c. Qual a responsabilidade
do sacerdote num caso de cura da lepra?
d. Que povo presenciou o
milagre da cura de um leproso?
8. Desenvolva o significado
de cada versículo ou tema principal.
v. 1: "seguiram"
a. O que significa o verbo
"seguir" no Novo Testamento?
b. O que significa o verbo
"seguir" aqui?
v. 2: "eis"
a. Como o Novo Testamento
emprega esse termo?
b. Qual seu significado
aqui?
v. 2: "adorou-o"
a. Qual o significado do
verbo "adorar" na Bíblia?
b. Como se deve adorar?
(Consulte dicionários e comentários bíblicos, a chave bíblica e a BVN.)
c. Que atitude é expressa
na adoração?
v. 2: "se
quiseres"
a. O que o leproso quis
dizer com essa frase?
v. 2:
"purificar-me"
a. Qual o significado da
purificação na Bíblia?
b. Qual a importância da
purificação na lei de Moisés?
c. Por que o leproso
desejava ser purificado?
v. 3: "tocou-lhe"
a. Que atitude de Jesus é
expressa por esse verbo?
b. Qual o significado desse
verbo para o leproso?
v. 3: "quero"
a. O que Jesus quer?
b. Qual é a vontade de
Jesus?
v. 3:
"imediatamente"
a. Qual o significado dessa
palavra?
b. Quantas vezes aparece no
evangelho de Mateus?
v. 4: "não digas a
ninguém"
a. Por que Jesus fez essa
proibição?
b. Isso acontece em outras
ocasiões no Novo Testamento?
v. 4: "fazer a
oferta"
a. Por que esta oferta é
necessária?
b. Qual sua finalidade?
c. Será que o Novo
Testamento também relata esse costume em outras partes?
9. Estruture o texto conforme seu conteúdo principal e organizador
e de acordo com as seções secundárias.
a. O leproso pede ajuda:
_ ele se prostra diante de
Jesus
_ ele confia na vontade e
no poder de Jesus
b. Jesus concede a cura:
_ Ele toca o leproso
_ Ele cura o leproso
_ Ele envia o leproso ao
sacerdote
10. Resuma o trabalho exegético desenvolvido até aqui com a
seguinte frase: O assunto principal desta passagem é... (ou esse texto fala
sobre... )
INSTRUÇÕES PRÁTICAS PARA A EXEGESE
Os preparativos fundamentais. Antes de iniciar o trabalho
detalhado de exegese, o aluno precisa familiarizar-se com o texto escolhido. É
impossível conhecer alguém sem gastar tempo e mostrar interesse pela pessoa. As
boas relações não surgem da noite para o dia, mas desenvolvem-se à medida que
as partes interessam-se uma pela outra, comunicam-se, passeiam juntas,
dialogam. Para nos familiarizarmos com qualquer texto bíblico, precisamos
relacionar-nos com a passagem escolhida, gastar tempo, meditar, prestar atenção
nas palavras, orar. Familiarizar-se com um texto bíblico é um processo lento,
demorado, mas gratificante. Charles Haddon Spurgeon, o rei dos pregadores
ingleses do século XIX, disse a seus estudantes que, se não conseguissem pregar
pelo menos 50 vezes sobre o mesmo texto, isso indicaria que ainda não haviam
compreendido tal passagem em sua plenitude.
Observemos os seguintes passos metodológicos a serem seguidos para
nos familiarizarmos com um texto bíblico específico:
Obtenha uma sólida impressão inicial do texto.
a. Leia o texto escolhido
em voz alta diversas vezes.
b. Leia versões bíblicas
diferentes (EIBB, ARA, ARC, BLH).
c. Memorize o conteúdo
principal ou até todos os versículos.
2. Esclareça o contexto.
a. Anote o que precede o
texto.
b. Observe o que segue o
texto.
c. Verifique qual o tema
predominante dos contextos imediato e remoto.
É importante distinguir o contexto imediato (dentro do mesmo
capítulo) do contexto remoto (dentro de alguns capítulos ou até do livro
inteiro).
A palavra contexto deriva dos termos com e texto. No contexto,
consideramos tudo o que vem com o texto, ou seja, frases anteriores e
posteriores, versículos anteriores e posteriores, capítulos anteriores e
posteriores. H. W. Robinson define o contexto como o arcabouço mais amplo no
qual uma passagem ocorre. Pode ser tão estreito como um parágrafo ou capítulo,
mas em última análise inclui o argumento maior do livro. PB, p. 51.
Nossas perguntas quanto ao contexto são estas:
1. Como a passagem se relaciona com o material a seu redor e com o
contexto remoto?
2. Como a passagem se relaciona com o restante do livro?
3. Como a passagem se relaciona com a Bíblia como um todo?
4. Como a passagem se relaciona com a cultura, o momento histórico
e o pensamento teológico da época em que foi escrita?
* Veja o gráfico na edição impressa
O contexto do capítulo 3 (da mesma carta) fala da excelência do
ministério da nova aliança. Devemos apenas sublinhar a palavra ministério cada
vez que aparece em 2 Coríntios 3 e 4 para perceber que este é o cerne do
assunto exposto por Paulo.
Exemplo 2: Lucas 15.11ss.
No contexto, descobrimos que Lucas relata três parábolas que se
referem a coisas perdidas: a ovelha perdida, a dracma perdida e o filho
perdido. Só falta esclarecer teologicamente o termo perdido e relacioná-lo aos
publicanos e pecadores de Lucas 15.1 para obter o núcleo organizador de Lucas
15: o amor de Jesus pelos pecadores perdidos.
Em textos sinópticos, deve-se fazer uma comparação resumida,
observando o material peculiar e os trechos omissos de cada evangelista,
elaborando uma cronologia dos acontecimentos. Para isso, pode-se usar a obra
Harmonia dos Evangelhos, de S. L. Watson e W. E. Allen. A finalidade de uma
sinopse ou harmonia dos evangelhos é a organização da matéria dos quatro
evangelhos canônicos em colunas paralelas, de modo a facilitar sua comparação
nos trechos em que tratam do mesmo assunto e o realce da matéria peculiar a
cada um deles, bem como as diferenças de estilo dos autores. Procura-se também
dispor em ordem cronológica a narrativa, para que seja conexa e contínua no
maior grau possível à história da vida de Jesus. W. E. Allen, prefácio à
segunda edição de S. L. Watson e W. E. Allen, Harmonia dos Evangelhos (Rio de
Janeiro: JUERP, 1979).
Exemplo: Jesus prediz que Pedro o negará
Marcos 14.27-31
27 Então lhes disse Jesus: Todos vós vos escandalizareis, porque está
escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas. 28 Mas, depois da minha ressurreição,
irei adiante de vós para a Galiléia.
29 Disse-lhe Pedro: Ainda que todos se escandalizem, eu jamais! 30 Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo
que hoje, nesta noite, antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três
vezes. 31 Mas ele insistia com mais
veemência: Ainda que me seja neces-sário morrer contigo, de nenhum modo te
negarei. Assim disse- ram todos.
|
Mateus 26.31-35
31 Então Jesus lhes disse: Esta noite todos vós vos escandaliza-reis
comigo; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho
ficarão disper-sas. 32 Mas, depois da
minha ressurreição, irei adiante de vós para a Galiléia. 33 Disse-lhe Pedro: Ainda que venhas a
ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim. 34 Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo
que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes. 35 Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja
necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei. E todos os discípulos
disseram o mesmo.
|
Lucas 22.31-34
31 Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como
trigo. 32 Eu, porém, roguei por
ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres,
fortalece os teus irmãos. 33 Ele,
porém, respondeu: Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão,
como para a morte. 34 Mas Jesus lhe
disse: Afirmo-te, Pedro, que hoje três vezes negarás que me conheces, antes
que o galo cante.
|
João 13.36-38
36 Perguntou-lhe Si-mão Pedro: Senhor, para onde vais? Res- pondeu
Jesus: Para onde vou, não me podes seguir agora; mais tarde, porém, me
seguirás. 37 Replicou-lhe
Pedro: Senhor, por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a própria
vida. 38 Respondeu Jesus: Darás a tua
vida por mim? Em verdade, em verdade te digo que jamais cantará o galo antes
que me negues três vezes.
|
3. Estruture o texto.
Você se prepara para falar sobre Marcos 5.1-20. Após ter lido
diversas vezes o texto em voz alta, esclarecendo seu contexto imediato e o
remoto, depois de ter feito a comparação sinótica, você se voltará para a
estrutura do texto:
a. a chegada à terra dos
gerasenos (v. 1);
b. a manifestação do
geraseno endemoninhado (vv. 2-5);
c. o endemoninhado na
presença de Jesus e sua libertação (vv. 6-13);
d. o relatório dos
porqueiros e a reação dos gerasenos (vv. 14-17);
e. a petição do curado e a
resposta de Jesus (vv. 18-19); e
f. o testemunho do curado
(v. 20).
4. Observe o conteúdo total do livro que abrange o texto
escolhido.
Agora, você relaciona o texto com o restante do livro bíblico, a
fim de verificar a linha principal da mensagem. Suponhamos que você esteja
preparando uma mensagem sobre Romanos 5.1-11. Vamos relacionar este trecho com
o restante da epístola. Assim, percebemos que o assunto-chave da epístola aos
Romanos é a justificação pela fé, que se relaciona com a justiça de Deus.
1
|
2
|
3
|
4
|
5
|
1.1-3.20
|
3.21-5.21
|
6-8
|
9-11
|
12-16
|
A necessidade de justiça
|
Bases, meios e benefícios da justiça
|
O efeito da justiça
|
A justiça na his-tória de Israel
|
A justiça prática
|
O que somos por natureza
|
Como sermos salvos
|
Como o cristão deve viver
|
Como o cristão deve viver
|
A exegese lingüístico-gramatical. Concluído o trabalho de
preparação, precisamos expor o texto lingüística e gramaticalmente. A exegese
lingüística busca a etimo-logia e o significado de uma palavra, enquanto a
exegese gramatical procura ver o termo em relação ao restante da frase ou do
versículo. A pergunta fundamental na exegese lingüístico-gramatical é sempre
esta: O que realmente está escrito?
Os passos da metodologia da exegese lingüístico-gramatical são os
seguintes:
a. Traduzimos o texto de seu original hebraico ou grego.
b. Definimos os termos principais de um texto (e. g., Rm 3.21-31)
com a ajuda de um dicionário hebraico ou grego juntamente com o NDITNT, para
compreendermos sua origem, seu desenvolvimento, seu uso e seu significado
bíblico e cultural.
c. Comparamos algumas versões e traduções diferentes (ARA, ARC,
EIBB, BLH, BJ).
d. Subdividimos as orações em seus componentes: sujeito, objeto,
expressão principal, adjuntos adverbiais, frases secundárias; então,
verificamos como cada um se relaciona com o restante do versículo.
e. Observamos as particularidades do texto: repetições de
palavras, contrastes, interrogações, conseqüências, afirmações etc.
f. Diferenciamos os substantivos dos verbos, advérbios e pronomes;
a voz passiva da ativa; o subjuntivo do indicativo etc., para obtermos uma
compreensão maior.
Alguns exemplos
a. Romanos 5.10
Que verbo aparece duas vezes? Em que tempo aparece este verbo?
Qual a origem e o significado deste verbo em grego? (Verifique no NDITNT, vol.
IV, pp. 69-78.)
Efésios 2.20 Quais são os verbos? Em que tempo se encontram estes
verbos? Quais são os substantivos? Quem é o sujeito? Quem é o objeto? Qual é a
frase principal? Quais são as frases secundárias?
Gálatas 2.20 Qual é o verbo que se repete? Em que tempo esse verbo
se encontra? Em que tempo encontra-se o termo crucificado?
Tiago 4.7-10 Quantos imperativos encontramos nesta passagem? Quais
são os pronomes encontrados nesta passagem?
Apocalipse 1.18 Observe e determine todas as formas verbais e os
substantivos deste versículo.
Agostinho estabeleceu a regra: Distingue tempora et concordabis Scriptura.
Esta regra é nossa tarefa na exegese gramatical!
A exegese histórico-cultural. A tarefa da exegese
histórico-cultural é explicitar da-dos e circunstâncias históricos, costumes e
tradições que se originaram em outra cultura. A pergunta fundamental na exegese
histórico-cultural é sempre esta: Quais circunstâncias históricas e culturais
precisam ser analisadas e compreendidas?
A metodologia da exegese histórico-cultural segue os seguintes
passos:
a. Esclarecemos o pano de fundo histórico (e. g., de uma carta
neotestamentária ou de um livro profético do Antigo Testamento).
b. Traçamos as conexões históricas será que o texto relaciona-se
com acontecimentos anteriores?
c. Definimos o lugar e a época do fato.
d. Explicamos as tradições e os costumes (e. g., Mt 3.12; Ap
19.15).
e. Observamos a situação geográfica (e. g., Mc 5.20).
Alguns exemplos
a. Atos 17.18 fala dos epicureus e estóicos. Analise as filosofias
dos epicureus e estóicos, com o auxílio das seguintes obras:D. S. Boyer,
Pequena Enciclopédia Bíblica, São Paulo, 1975, pp. 278-279. NDB, vol. 1, pp.
505-506, 555. BVN, nota de rodapé em At 17.18, p. 165.
b. João 7.37 fala da festa dos tabernáculos. Pesquise essa festa
através dos versículos bíblicos paralelos, da chave bíblica, do rodapé da BVN,
do NDB, da PEB e de outros comentários.
A exegese teológico-pneumatológica. Além das exegeses
lingüístico-gramatical e histórico-cultural, devemos familiarizar-nos também
com a exegese-teológico-pneumatológica.
A tarefa da exegese teológico-pneumatológica é analisar os termos
do texto da maneira teológica, bíblica, espiritual e doutrinária.
As perguntas-chave na exegese teológico-pneumatológica são:
a. Qual o ensino ou mensagem desta frase ou versículo?
b. Quais são as referências bíblicas que apóiam ou confirmam este
ensino ou princípio?
c. Quais as afirmações bíblicas que explicam melhor o significado
deste ensino?
d. O que Deus deseja expressar aqui?
Na exegese teológico-pneumatológica, o exegeta depende da operação
e direção do Espírito Santo. A mensagem é descoberta pelo Espírito Santo, que
nos ilumina (1 Co 2.12-13).
A metodologia usada pela exegese teológico-pneumatológica é a
seguinte:
a. Esclarecemos os termos principais em relação ao testemunho
inteiro das Escrituras.
b. Determinamos o cerne do versículo.
c. Observamos o indicativo da atuação divina.
d. Correlacionamos o texto com a mensagem cristológica (o Cristo
prometido, encarnado, crucificado, morto, ressurreto, glorificado, exaltado,
presente, que vem outra vez, consumador, rei, sacerdote, profeta).
e. Definimos a finalidade prática do versículo.
Alguns exemplos:
a. 2 Coríntios 5.21 termos principais: pecado, fazer pecado,
justiça de Deus;
b. 1 João 4.9 termos principais: manifestou, amor de Deus, Filho
unigênito, mundo, viver;
c. Jeremias 17.7 termos principais: Senhor, confiar, esperança,
bendito;
d. Filipenses 4.4ss. o cerne é perto está o Senhor;
e. Lucas 18.9-14 o cerne é este desceu justificado para sua casa;
f. João 2.1ss. o cerne é ele... manifestou a sua glória;
g. Colossenses 3.12ss. quais são as afirmações indicativas da
atuação divina?;
h. Filipenses 2.6-11 quais são as afirmações cristológicas?;
Lucas 11.5ss.; 18.1ss.; 1 Tm 2.1ss.; Mt 18.19ss. qual a finalidade
destes versículos?
A exegese auxiliar. Sua tarefa é utilizar ferramentas secundárias,
além da Bíblia, para aprofundar a compreensão de um versículo bíblico. Tais
ferramentas são: versículos paralelos, chaves bíblicas, concordâncias, Bíblia
Vida Nova, dicionários, comentários e um atlas bíblico, entre outras.
Nesta seção, aprenderemos, de maneira prática, a usar as
ferramentas secundárias na exegese.
Quase todas as versões modernas da Bíblia portuguesa contêm, além
do texto tra-duzido dos manuscritos antigos, a divisão em capítulos e
versículos, títulos em le-tras itálicas e uma indicação simplificada de
versículos paralelos. Na ARA, na ARC e na EIBB, os versículos paralelos
encontram-se no rodapé de cada página (no ca-so da ARC e EIBB, de forma bem
marcada, através de um linha divisória no texto).
Os versículos paralelos abordam os mesmos assuntos, referem-se às
mesmas palavras-chave, usam passagens correlatas (profecia e cumprimento),
explicam ou apresentam em sinônimos a mesma idéia. A finalidade dos versículos
paralelos é fornecer ao leitor bíblico uma pequena chave bíblica móvel.
Há, porém, dois tipos de paralelismo: o paralelismo de palavras e
o paralelismo de assuntos ou tópicos. No paralelismo de palavras, estas são
idênticas, seja literalmente ou no sentido, enquanto, no paralelismo de
assuntos, as palavras contêm apenas o mesmo tópico ou idéia, sem usar termos
iguais.
Exemplo de paralelismo de palavras:
Tendo passado por Anfípolis e
Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga de judeus (At
17.1).
|
|
Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja
dos tessa-lonicenses
|
Porque até para Tessalônica mandastes
não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades (Fp
4.16).
|
Exemplo de paralelismo de assuntos, idéias ou tópicos:
Jesus, aproximando-se, falou-lhes,
dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra (Mt 28.19).
|
Tem no seu manto, e na sua coxa, um
nome inscrito: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (Ap 19.16).
|
||
Tudo me foi entregue por meu pai (Mt
11.27a).
|
... assim como lhe conferiste
autoridade sobre toda carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos
os que lhe deste (Jo 17.2).
|
Foi precisamente para esse fim que
Cristo morreu e ressurgiu; para ser Senhor, tanto de mortos como de vivos (Rm
14.9).
|
|
E lhe deu autoridade para julgar,
porque é o Filho do homem (Jo 5.27).
|
E pôs todas as cousas debaixo dos
seus pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas... (Ef 1.22).
|
O sétimo anjo tocou a trom-beta, e
houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor
e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos (Ap 11.15).
|
|
Chaves bíblicas
Atualmente, existem quatro chaves bíblicas evangélicas no Brasil,
representando as versões bíblicas mais divulgadas:
Esta chave bíblica compreende cerca de 7.000 verbetes, com mais de
45.000 referências a passagens bíblicas e 51 biografias de personagens
bíblicos.
Em organização e estilo, esta chave bíblica é semelhante à
anterior.
Esta concordância baseia-se na EIBB e substitui a chave bíblica da
mesma editora. Todavia, é bom lembrar que trata-se de uma chave bíblica comum.
A vantagem desta edição é sua excelente impressão e a qualidade superior da
capa e do papel usado, sendo possível àquele que tem boas condições
financeiras.
Esta obra baseia-se na ARC, sendo mais ampla do que a chave
bíblica comum. Tem uma qualidade boa e um preço acessível. Compreende ainda
alguns mapas para orientar o leitor na geografia bíblica.
Entretanto, como se usa uma chave bíblica?
Suponhamos que você deseje pregar sobre Hebreus 12.14: Segui... a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. Primeiramente, você procura na
chave bíblica, em ordem alfabética, o substantivo santificação, encontrando
muitos versículos que empregam este termo. Em segundo lugar, busca a forma
verbal dessa palavra, que é santificar, e novamente encontrará muitas
referências. Depois, poderá ainda procurar outros derivados da raiz sant, como
santificado, santo, santíssimo, santuário. Todas estas referências lhe
oferecerão um amplo entendimento do uso da palavra santificação e de palavras
derivadas ou que se assemelham a ela.
Lembre-se de que as palavras citadas numa chave bíblica vêm em
ordem alfabética. Sob cada palavra-chave consta, em ordem bíblica, uma lista de
referências e textos em que essa palavra aparece. Nas linhas extraídas do texto
bíblico, as palavras figuram em forma abreviada, dando-se em tipo itálico tão
somente sua primeira letra, com exceção dos verbos, que figuram segundo sua
declinação... Com relação a palavras importantes que têm sinônimos ou outros
termos com significados semelhantes ou intimamente relacionados com ela no
texto, tais sinônimos constam logo em seguida à palavra-chave, com a indicação
V. (veja-se). Luiz A. Caruso, na apresentação da Concordância Bíblica Abreviada
(São Paulo: Ed. Vida, 1982), p. 5.
A concordância bíblica é a mais completa chave bíblica que existe,
consistindo em nada menos do que uma grande chave bíblica com 300.000 verbetes,
em mais de 1.000 páginas. A concordância bíblica arrola e cita, em ordem
alfabética, com indicação do livro, capítulo e versículo em que se encontram,
os verbetes que você procura. P. W. Schelp, na apresentação da Concordância
Bíblica (Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1975) p. v. Tal obra ajuda
minuciosamente. A minúcia, contudo, não desce a preposições, conjunções,
pronomes e muitos advérbios, desde que não exerçam papel na interpretação do
texto. Mas, se tais palavras receberam certa significação no contexto,
razoavelmente figuram na concordância, como por exemplo Lucas 11.23: 'Quem não
é por mim, é contra mim'; Mateus 16.13: 'Quem diz o povo ser o Filho do
homem?', casos em que a preposição 'contra' e o pronome interrogativo 'quem'
receberam a devida consideração. P. W. Schelp, ibid., p. v. Em outras palavras,
enquanto a chave bíblica apresenta somente os paralelismos de palavras, a
concordância arrola também os paralelismos de assuntos, idéias e tópicos.
"Uma concordância bíblica é instrumento indispensável para
qualquer leitor da Bíblia. Em primeiro lugar, localiza passagens que alguém
procura nas Escrituras. Suponhamos que alguém se recorda de que a Bíblia, em
certo lugar, fala do 'encontrar-se com Deus'. Mas onde? Basta procurar o
verbete 'encontrar' e, passando os olhos sobre a lista de passagens sob este verbete,
logo notará Am 4.12 e lerá: 'Israel, para te encontrares com'. Consultando
agora o texto na Bíblia, terá a oração: 'prepara-te, ó Israel, para te
encontrares com o teu Deus'. Esta mesma passagem aparece quatro vezes na
concordância sob os verbetes preparar, Israel, encontrar e Deus. Por esta
razão, o livro é bem mais volumoso que a própria Bíblia.
Se houver interesse em saber se em outros lugares a Bíblia
menciona encontro com Deus, a concordância imediatamente cita 1 Ts 4.17, onde
se lê que os santos, que vivem ainda no dia do Juízo Final serão arrebatados
entre nuvens 'para o encontro do Senhor nos ares'.
Outra finalidade da concordância bíblica é auxiliar o leitor da
Bíblia no estudo de assuntos ou tópicos bíblicos. Tomemos, para esclarecer, o
verbo 'salvar', mui freqüente na Bíblia, e estudemos o seu uso, a sua
significação. O leitor terá, imediatamente, uma surpresa com a grande lista de
passagens citadas; e, juntando a este verbete ainda as dos verbetes 'salvação'
e 'Salvador', terá diante de si várias páginas, todas referentes a 'salvar',
prova eloqüente de que a idéia da salvação eterna do homem predomina em toda a
Escritura Sagrada, é aliás a finalidade única. Que esta grande verdade fique
gravada na mente e no coração de todos quantos venham a manusear esta
concordância bíblica.
Logo em seguida, notará o leitor que em toda a Bíblia, quando se
trata do sentido passivo do verbo 'salvar', foi usada, quase sem exceção, a
forma 'ser salvo', e não 'salvar-se', pois esta, ainda que expressão bastante
popular, é ambígua, tendo também o sentido reflexivo, 'salvar-se a si mesmo'.
De acordo com a Palavra de Deus, a nossa salvação, em toda a sua totalidade, é
obra do Espírito Santo (Ef 2.8: '... pela graça sois salvos').
Ainda quanto ao uso do verbo salvar é notório, pelas referências,
que em numerosos casos, foi ele empregado em sentido secular (salvar a vida, de
inimigos, de perigos, do mar, da morte, dos perseguidores, 'o povo salvou
Jônatas'); mas o verbo 'salvar' foi empregado especialmente com referência à
salvação da alma para a vida eterna (salvar a vida, a alma, salvar do pecado,
da ira de Deus, da morte eterna). Também o sujeito do verbo 'salvar' é o mais
diverso: Deus, o Filho de Deus, o Filho do homem, o Senhor, a fé, o evangelho,
a Palavra de Deus, a graça divina. P. W. Schelp, op. cit., p. vi.
Exemplos práticos:
Regeneração 1
Pe 1.3
Paralelismos de palavras:
1 Pe 1.23; Tt 3.5 (Mt 19.28)
Paralelismos de assuntos: nascer: 1 Jo 2.29; 1 Jo 3.9; 1
Jo 4.7
nascer
de novo: Jo 3.3, 7
nascer
do Espírito: Jo 3.5, 6, 8
recém-nascidas: 1 Pe 2.2
nascido
de Deus: 1 Jo 3.9
Veja também vida: Jo 11.25; Rm 6.8, 11; Gl 2.20, 5.25
vida de Jesus: 2 Co
4.10 vida eterna: Jo 3.15s.; 10.28; Rm 6.23;
1 Tm 1.16; At 13.48; 1 Tm 6.12
vida quieta: 1 Tm 2.2 vida
com Cristo: Cl 3.3
vida
incorruptível: Hb 7.16
vida
em seu nome: Jo 20.31
vida
de Deus: Ef 4.18
A Concordância Bíblica apresenta também as referências principais
de mais de mil personagens, abrangendo os acontecimento principais de suas
vidas e evitando menções biográficas de caráter secundário.
Nem sempre você encontra paralelismos de assuntos na concordância
bíblica. Neste caso, você deve refletir sobre quais verbetes expressam a mesma
idéia. Por exemplo, no caso de José, a concordância bíblica diferencia entre
José, o patriarca (filho de Jacó), José de Arimatéia e José, marido de Maria,
mãe de Jesus.
Outro exemplo: Maria de Betânia, em João 11.1ss.
a. Referências na Concordância Bíblica:
Lc 10.39 Tinha ela
uma irmã, chamada Maria...
Lc 10.42 Maria, pois,
escolheu a boa parte...
Jo 11.1 Betânia,
da aldeia de Maria e Marta...
Jo 11.2 Esta
Maria, cujo irmão Lázaro...
Jo 11.19 ter com
Marta e Maria, para as consolar...
Jo 11.20 Maria,
porém, ficou sentada em casa...
Jo 11.28 retirou-se
e chamou Maria...
Jo 11.31 estavam com
Maria em casa e a consolavam...
Jo 11.32 Quando
Maria chegou ao lugar onde...
Jo 11.45 que tinham
vindo visitar Maria...
Jo 12.3 Então
Maria, tomando uma libra de...
b. Esboço homilético sobre Maria de Betânia
Assim, você pode estruturar um estudo bíblico para um grupo de
senhoras, por exemplo, da seguinte maneira:
Tema: Maria de Betânia, um exemplo de fé, sinceridade e amor
cristão:
1. sua família (Lc 10.28; Jo 11.1; 12.1s.);
2. o seu ouvir a palavra de Jesus (Lc 10.39; 10.42);
5. o seu ato de amor e gratidão (Jo 12.3ss.).
A Bíblia Vida Nova
O objetivo da Bíblia Vida Nova é colocar ao alcance dos leitores e
estudiosos da Palavra de Deus, em um só volume, todos os auxílios possíveis
para uma compreensão maior da Bíblia. BVN, p. 3.
Além do texto da ARA, a Bíblia Vida Nova apresenta referências nas
margens esquerda e direita para o estudo de tópicos, notas de rodapé em forma
de pequenos comentários e auxílios homiléticos, um índice da enciclopédia de
assuntos, baseado no New Topical Textbook, em ordem alfabética, uma
enciclopédia de assuntos com mais de 20.000 tópicos e 4.200 temas, análise e
introdução aos 66 livros da Bíblia, um esboço doutrinário da fé cristã e 15
mapas com indicações sobre as jornadas de Israel, as viagens de Jesus, de Pedro
e de Paulo, além da cidade e do templo de Jerusalém.
O ponto de partida da Bíblia Vida Nova foi a famosa Bíblia
Thompson. A enciclopédia de assuntos foi ampliada pelas referências dos temas
principais da Bíblia encontrados no New Topical Textbook. BVN, p. 3. As
análises e introduções aos 66 livros da Bíblia são da Holman Study Bible. As notas
de rodapé foram elaboradas por professores e pastores brasileiros; parte delas
foi traduzida da Thompson Topic Bible, e as demais, escritas diretamente em
português.
A primeira edição da Bíblia Vida Nova surgiu em 1976, sendo seu
editor responsável o Dr. Russell P. Shedd. Seu manuseio é simples e as
instruções de uso, bastante claras:
a. As referências impressas à esquerda dos tópicos no A. T.
indicam o início de uma corrente de referências.
b. As referências à direita do tópico dizem respeito à próxima referência
do mesmo assunto.
c. Os tópicos são sugestões de assuntos que a pessoa poderá
pesquisar, usando primeiro o índice para encontrar o número do assunto na
Enciclopédia, para depois localizar as referências ao assunto em toda a Bíblia.
Os números nas margens das páginas do N. T. correspondem à completa coleção de
referências na Enciclopédia.
d. O termo veja indica outros assuntos paralelos...
As notas são pequenos comentários preparados como o intuito de
ajudar os leitores na compreensão do texto, bem como constituem sugestões para
esboços de sermões sobre a passagem em pauta.
Todos os assuntos, com seus subtítulos, são organizados em ordem
alfabética com seu número no lado direito que corresponde à coleção de
referências na Enciclopédia.
Na Enciclopédia ajuntam-se mais de 20.000 tópicos e subtópicos
abordando 4.218 dos temas e personagens principais da Bíblia. Esta seção serve
como chave bíblica, um resumo de tudo o que a Bíblia ensina sobre os assuntos
alistados, uma fonte de doutrina bíblica e base para estudo e pesquisa. BVN, p.
4
Nas páginas 286-327 do apêndice, o leitor da Bíblia Vida Nova
encontrará uma pequena introdução para cada um dos 66 livros da Bíblia,
apresentando seu tema principal, um esboço, a data, o autor e outras questões
introdutórias relevantes.
As páginas 328-345 abordam, de maneira resumida, simples e clara,
um esboço geral da doutrina cristã; é um minicompêndio de introdução à teologia
sistemática:
a) Deus em Sua revelação, Sua natureza e Sua atuação; b) o homem
em seu estado original e no estado do pecado; c) o Redentor e a redenção; d) a
experiência da salvação pessoal; e) a vida coletiva dos remidos na igreja; f) o
porvir. BVN, p. 4.
Nas páginas de 347-368, o leitor encontrará 15 mapas orientando
sobre as jornadas de Israel no deserto, as viagens de Jesus durante Seu
ministério público, as viagens de Pedro, as viagens missionárias de Paulo, a
cidade de Jerusalém e seu templo.
Dicionários
Na exegese bíblica, o uso de bons dicionários é indispensável para
que sejam obtidos resultados claros, seguros e atualizados. Os dicionários
foram elaborados por teólogos de renome internacional, que dominam bem as
línguas originais das Escrituras Sagradas e possuem um vasto conhecimento
teológico, histórico, cultural e arqueológico. Faremos menção de algumas obras
de destaque, como segue:
O Novo Dicionário da Bíblia (NDB), publicado em 1962 por Edições
Vida Nova, é a versão em língua portuguesa do The New Bible Dictionary, editado
pela Tyndale Fellowship for Biblical Research, em associação com a
Inter-Varsity Fellowship (ABU). O NDB é um tesouro de conhecimento bíblico,
reunindo os resultados especializados de uma equipe de 139 eruditos entre os
maiores do atual mundo evangélico. Profunda pesquisa contemporânea e
originalidade destacam-se em cada página. NDB, v. I, p. 5. O NDB já foi
publicado em francês, espanhol, português e alemão.
A Pequena Enciclopédia Bíblica de O. S. Boyer, combina em uma só
obra um dicionário (definindo quase todos os vocábulos bíblicos), uma chave
bíblica, uma introdução breve aos 66 livros da Bíblia, um atlas bíblico simples
e uma mini-enciclopédia bíblica. A primeira edição em português foi lançada em
1966, pela Imprensa Metodista de São Paulo. A grande vantagem desta obra
magnífica consiste em sua brevidade, precisão e simplicidade. Por sua
originalidade prática e seu preço razoável, a obra ganhou muitos adeptos e
leitores entre os leigos brasileiros, embora mostre muita dependência do NDB.
Após mais de dez anos de pesquisa bíblica, o Novo Dicionário
Internacional de Teologia do Novo Testamento (NDITNT) surgiu pela primeira vez
em 1965, na Alemanha, editado por Lothar Coenen. Este volume tem se
estabelecido como obra padrão de referência entre teólogos, ministros,
estudantes e todos aqueles que se preocupam com um entendimento mais preciso
dos ensinos da Bíblia. NDITNT, vol. I, p. 11.
A obra original alemã foi traduzida, ampliada e editada por
eruditos evangélicos da Inglaterra e da América do Norte, em 1975. A versão portuguesa,
traduzida por Gordon Chown, surgiu entre 1981-1984, em quatro volumes. Para o
bom uso desta volumosa obra exegética, devem ser lembradas algumas informações
quanto à estrutura geral, escopo e transliteração.
A obra inteira é dividida em artigos tendo títulos em português
dispostos em ordem alfabética. Estes, por sua vez, contêm um ou mais estudos
dos termos relevantes no grego do Novo Testamento, agrupados em palavras-chaves. Assim ,
o artigo sobre Batismo, Lavar divide-se em estudos separados conforme as
palavras-chaves gregas baptizo, louo, e nipto. Para ajudar a fácil referência,
a palavra-chave em grego é colocada numa caixa no início do estudo... Em cada
caso, seguem-se as formas principais das palavras gregas associadas e seus
cognatos, que são citadas tanto em letras gregas como em transliteração,
juntamente com seus equivalentes básicos lexicográficos.
Cada artigo é dividido em três seções principais, caracterizadas
pelas letras CL, indicando uma discussão da palavra em grego clássico e
secular, AT, conforme o emprego no Antigo Testamento, e NT, tratando com o uso
no Novo Testamento...
O mesmo método de estudo é seguido para cada palavra-chave grega
separada, excetuando-se ocasionalmente quando a palavra não ocorrer ou não for
relevante em grego secular (como no caso de certos nomes próprios) ou no Antigo
Testamento. Bibliografias se acrescentam a todos os artigos de maiores
proporções...
O dicionário é expressamente teológico em sua intenção.
Informações históricas, geográficas e arqueológicas, que são apropriadas num
dicionário geral da Bíblia, aqui se incluem à medida em que são teologicamente
relevantes. A ênfase principal recai sobre a elucidação de termos. Por esta
razão, este dicionário não faz nenhuma tentativa no sentido de resumir a
teologia de Paulo, João ou dos evangelhos sinópticos, nem de pesquisar as
influências sobre os escritores individuais como sendo objetos de estudo. Mesmo
assim, atenção é dada ao ponto de vista distintivo que qualquer escritor
específico possa ter com relação a termos particulares. Certo número de nomes
próprios foi incluído na proporção em que têm significado teológico especial no
Novo Testamento...
Este dicionário é planejado para ser empregado tanto pelo
estudante de grego quanto por aqueles que não têm nenhuma base anterior em
línguas antigas. Por esta razão, todas as palavras em grego e hebraico são
citadas em
transliteração. As palavras gregas são dadas em letras gregas
com a apropriada transliteração no título de cada palavra-chave grega. Daí por
diante, somente as transliterações aparecem. As palavras hebraicas são citadas
em transliteração somente. Uma chave às transliterações é dada na página 49.
NDITNT, vol. I, pp. 12-13.
O Léxico do Novo Testamento Grego/Português. Em 1952, W. Bauer,
professor em Göttingen, publicou a volumosa e acadêmica obra Griechisch-Deutsches
Wörterbuch zu den Schriften des Neuen Testaments und der übrigen urchristlichen
Literatur, contendo 1.780 colunas. Logo, o léxico ganhou fama mundial por sua
extensa pesquisa e erudição científica, sendo traduzido para o inglês, em 1957,
e reeditado em 1979. Em 1984, surgiu a versão abreviada em língua portuguesa,
com 232 páginas, editada por Vida Nova, numa tradução de Júlio Paulo Tavares
Zabatiero.
O alvo desta versão é fornecer os significados dos vocábulos
gregos sem entrar em discussões de hermenêutica e teologia. GeD, p. 5.
Comentários
Da mesma forma como o aluno da Palavra de Deus precisa do
professor, o professor nas Escrituras precisa de professores. PB, p. 44.
Os comentários oferecem amplas informações sobre antecedentes
históricos, culturais e lingüísticos do texto bíblico, bem como questões
teológicas e filosóficas, que se mostram práticas e relevantes na história da
teologia ou no pensamento da atualidade. Os comentários escritos por eruditos
evangélicos conservadores foram elaborados por homens de fé, com o intuito de
servir a igreja de nosso Senhor Jesus Cristo.
Em português, os comentários evangélicos mais conhecidos e
disponíveis são:
- O Novo Comentário da Bíblia (Edições Vida Nova)
- A Série Cultura Bíblica (Edições Vida Nova)
- O Comentário Bíblico Moody (Impresa Batista Regular)
- O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo
(Milenium)
- O Comentário Bíblico Broadman (JUERP)
- A Bíblia Fala Hoje (ABU)
- A Bíblia Explicada (CPAD)
É bom verificar alguns aspectos antes de comprar um comentário:
a) Veja se a série é de confiança evangélica. Isto se percebe pelo
nome do autor, pela observação do conteúdo ou pela editora que o publica.
b) Recomenda-se, num primeiro momento, a aquisição de apenas uma
série de comentários, talvez os seis volumes de O Novo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo. Posteriormente, é bom escolher uma série alternativa,
para não depender de uma só tendência teológica.
c) Ao entrar para o ministério, é aconselhável comprar comentários
de várias editoras evangélicas, mas sempre seletivamente, e relacionar a compra
com o livro bíblico que está sendo exposto na igreja.
A Chave Lingüística do Novo Testamento Grego é um comentário
especial. Esta obra, de Fritz Rienecker e Cleon Rogers, surgiu pela primeira
vez na Alemanha, em 1938.
Fritz Rienecker, ex-diretor da Academia Evangélica de Giessen,
autor de um famoso comentário conservador sobre o evangelho de Lucas, professor
de grego e exegese bíblica no Seminário Teológico de St. Chrischona, em Basiléia,
na Suíça, faleceu antes de ter conseguido publicar duas outras chaves, uma de
conceitos teológicos e outra histórico-cultural. Mais de 90.000 chaves
lingüísticas da edição alemã foram vendidas, devido à sua alta popularidade
entre pastores, pregadores, professores e seminaristas. Em 1982, surgiu a
versão inglesa de Cleon Rogers e, em 1985, foi publicada a edição brasileira.
A Chave Lingüística do Novo Testamento Grego foi preparada para
eliminar ao máximo as barreiras enfrentadas pelos que já estudaram um ou mais
anos de grego, mas que continuam a sentir dificuldades em ler e aproveitar o
texto inspirado. A Chave foi idealizada para poupar o trabalho moroso de buscar
palavras menos comuns no léxico e respostas sobre sintaxe nas gramáticas. F.
Rienecker e C. Rogers, Chave Lingüística do Novo Testamento Grego (São Paulo:
Edições Vida Nova, 1985), p. viii.
Atlas bíblico
O Pequeno Atlas Bíblico, de H. H. Rowley, contém mapas do Antigo
Oriente Próximo, de Canaã antes da conquista israelita, da viagem para a Terra
Prometida, de Israel em Canaã, dos dois reinos, dos lugares arqueológicos, dos
seis grandes impérios (egípcio, assírio, babilônico, persa, grego, romano), de
Jerusalém no tempo de Jesus Cristo, da Palestina na época de Jesus Cristo, das
três viagens missionárias de Paulo e de sua viagem a Roma, das igrejas
primitivas, da propagação e extensão do cristianismo, do cristianismo e das
grandes religiões do mundo.
Depois destes 24 mapas coloridos, seguem-se dois diagramas sobre
os períodos históricos e os avanços e retrações da igreja.
"A finalidade deste Atlas Bíblico é ajudar o estudioso da
Bíblia a conhecê-la melhor. Considerando-se que a geografia exerce forte
influência na história, grande parte da Bíblia, particularmente do Antigo
Testamento, não será adequadamente compreendida a não ser quando vista no
contexto geográfico próprio. H. H. Rowley, Pequeno Atlas Bíblico (São Paulo:
ASTE, 1966), p. 3.
Finalmente, agora chega o momento de concluir a exegese bíblica e
resumir o trabalho feito até aqui. Muitas pessoas perguntam como podem resumir
uma exegese bíblica que forneceu tanto material. Logo se torna evidente que
jamais poderemos colocar tudo o que foi reunido e pesquisado dentro de uma
mensagem de meia hora. Todo material oriundo dos preparativos fundamentais, da
exegese lingüístico-gramatical, da exegese histórico-cultural, da exegese
teológico-pneumatológica e da exegese auxiliar não cabe dentro de uma só
prédica. Algumas sugestões práticas podem nos orientar:
a) escolha apenas o material relevante ao tema de sua mensagem;
b) limite-o ao essencial, ao cerne de sua mensagem;
c) evite questões puramente teóricas ou técnicas que não edificam
a congregação;
d) estruture o texto conforme o material básico.
Portanto, resuma os resultados exegéticos, ressaltando o cerne da
exegese, e em seguida parta para o esboço da mensagem.
FORMAS ESPECÍFICAS DE EXEGESE
A variedade de formas específicas de exegese bíblica é resultante
das épocas diversas em que o texto bíblico originou-se, das formas literárias
distintas existentes na própria Bíblia, da classificação dos livros bíblicos
(históricos, poéticos, proféticos etc.) e de autores que representam camadas
sociais diferentes (reis, lavradores, pescadores, profetas, apóstolos, poetas,
músicos, acadêmicos).
A exegese do Antigo Testamento
Qual a relação entre o Antigo e o Novo Testamentos? Qual dos dois
testamentos é o mais importante? Em que consiste a unidade essencial entre os
dois testamentos? Por que o Antigo Testamento às vezes parece-nos tão difícil?
Em comunhão com Seus discípulos e em Suas mensagens, Jesus
referiu-Se várias vezes ao Antigo Testamento (Mt 22.39-45; 21.42s.; Lc 24.26s.;
44-46; Mt 27.46). No Antigo Testamento, Jesus percebeu o futuro de Seu caminho;
o Antigo Testamento era a palavra da qual Jesus vivia, em que Ele meditava, até na
hora de Sua morte. A igreja primitiva alimentava-se do Antigo Testamento e
reconheceu nele a Palavra de Deus (At 17.11; 1 Ts 4.13; 2 Tm 3.14ss.; At
2.17ss., 25ss.; 34s.; 4.25s.; 7.3ss.; 13.41, 47).
O Antigo Testamento testifica a revelação de Deus na história de
Seu povo, Israel, do qual viria o Salvador (Jo 4.22; Gl 4.4). Israel recebeu,
preservou e anunciou as promessas do Messias vindouro.
O Antigo e o Novo Testamentos complementam-se porque tratam da
mesma história e plano de salvação, do mesmo Messias, embora com perspectivas
diferentes (profecia e cumprimento). O que isto significa para a exegese?
Na exposição de textos do Antigo Testamento, partimos do fato de
que todos culminam na vinda do Messias. Nem sempre os textos dão um testemunho
direto a respeito de Jesus, o Filho de Deus e Messias prometido, mas todos
testificam os caminhos de Deus com Seu povo até que, na plenitude dos tempos,
Ele enviou Seu Filho para a salvação de todo aquele que nEle crê (Gl 4.4).
Os textos históricos do Antigo Testamento revelam o amor infinito
de Deus para com Seu povo escolhido, Israel, e testificam também a majestade de
Deus na criação e sustentação do mundo como lugar da revelação divina.
Finalmente, os textos históricos revelam a pedagogia divina no juízo e na
graça, na desobediência e na submissão. Muitos deles possuem um significado
tipológico em relação a Jesus Cristo: Melquisedeque (Gn 14), o sacrifício de
Isaque (Gn 22), o sofrimento e a exaltação de José (Gn 37ss.), a serpente de bronze
(Nm 2), a salvação de Jonas (Jn 1 ss.), o tabernáculo ( 25-31 e 37-40) e o maná
( 16).
Exercícios
1. Leia cuidadosamente João 3.14-15.
2. Compare as afirmações de João 3.14-15 com Números 21.4-9.
3. De que maneira Jesus faz uma comparação entre Números 21 e Seu
próprio discurso, relatado por João, no capítulo 3 de seu evangelho?
4. Como Jesus relaciona Números 21 com Sua obra salvadora?
5. Apresente um esboço tipológico de Números 21 à luz de João
3.14-15.
Na exposição dos textos históricos do Antigo Testamento a exegese
bíblica segue o modelo das dez regras metodológicas apresentadas anteriormente.
Além dessas dez regras, o exegeta deve se lembrar de mais alguns aspectos.
Na exegese de textos históricos do Antigo Testamento, a exegese
histórico-cultural é de suma importância. Os acontecimentos históricos, as
afirmações doutrinárias, as recomendações éticas, os costumes e os princípios
espirituais são mais bem compreendidos no horizonte da época em que o evento
realmente ocorreu.
Lembre-se de que desde que a Escritura originou-se num contexto
histórico, só pode ser compreendida à luz da história bíblica. W. A.
Henrichsen, Princípios de Interpretação da Bíblia (São Paulo: Mundo Cristão,
1983) regra 18, p. 56.
As perguntas a seguir podem ajudá-lo a compreender melhor o texto
histórico em seu horizonte passado:
1. Por que este texto foi incluído no Antigo Testamento (e. g., 2
Rs 21.19-26)?
2. Qual o testemunho deste texto (e. g., 1 Cr 25-26)?
3. Qual seu aproveitamento pessoal ao ler este texto (e. g., 1 Sm 23.15-18)?
A exegese de textos do Antigo Testamento procura também relacionar
os acontecimentos ao plano de salvação, à história da salvação. Sabemos que
Deus revelou Seu plano de salvação progressivamente através da história do
Antigo Testamento, culminando na vinda de Jesus Cristo.
Nem todos os textos do Antigo Testamento contêm o testemunho
cristológico ou referem-se de maneira direta ao Messias prometido, mas mesmo
assim testificam o caminho de Deus na história que leva a Cristo (Jo 5.39).
Portanto, o exegeta deve analisar o Antigo Testamento, procurando Cristo nele.
Exercícios
1. Como você relaciona as afirmações sobre o anjo do Senhor, no
Antigo Testamento, com a pessoa de Cristo? (Primeiramente, você procura todas
as referências do Antigo Testamento a respeito do anjo do Senhor, com o auxílio
de uma concordância bíblica. Depois, relaciona as afirmações com a pessoa e a
obra de Cristo.)
2. Qual a relação entre a rocha, de Êxodo 17.6, e Cristo? (Veja
também 1 Coríntios 10.4.)
3. Com que base relacionamos o Salmo 8.4-5 com Cristo?
4. Por que o Salmo 16.10 fala da ressurreição de Cristo?
5. O que o Servo do Senhor, em Isaías 42.1-9; 49.1-13; 50.4-10ss.;
52.13-53.12, tem a ver com Jesus Cristo?
Muitos textos do Antigo Testamento contêm diretrizes práticas para
a atualidade, porque neles não se revela a vontade de Deus apenas para a época
em que foram escritos, mas também para as situações específicas de hoje. Nisto
se vê o caráter eterno da Palavra de Deus!
Com as seguintes perguntas, você pode analisar um texto histórico
do Antigo Testamento:
- Que mensagem este texto contém para nossa época?
- Como as diretrizes, as ordens e os exemplos deste texto apóiam o
ensino do Novo Testamento?
- De que maneira os princípios revelados neste texto são
normativos para a igreja do século XX?
A literatura sapiencial do Antigo Testamento encontra-se
principalmente nos chamados livros poéticos: Jó, Salmos, Provérbios,
Eclesiastes e Cantares. Estes livros poéticos originaram-se no período áureo da
história dos hebreus, na era teocrática de Davi e Salomão. Sendo bastante
genéricos em sua natureza, não estão intimamente relacionados a incidentes
particulares da história de Israel, exceto alguns salmos e a história de Jó.
O teor principal dos textos poéticos é o ensino voltado para
indivíduos e para a congregação da antiga aliança. Os textos poéticos abordam
todas as questões e fases da existência humana, a alegria e o sofrimento, a
comunhão fraterna e a solidão, as vitórias e as derrotas, o louvor e a
depressão. Por isso, são muito apropriados para casamentos, funerais,
aniversários, trabalhos da mocidade e, principalmente, para estudos bíblicos.
Na exposição de textos poéticos, levamos em consideração o
paralelismo hebraico, que se apresenta sob as seguintes formas:
1. O paralelismo perfeito ou sinônimo: este paralelismo ocorre
quando uma linha ou um dístico compõe-se de duas partes que se correspondem
perfeitamente. Neste caso, a segunda linha repete com palavras diferentes o
pensamento da primeira (e. g., Sl 52.3; Sl 90.9).
2. O paralelismo antitético: no paralelismo antitético, uma das
partes é contrária à outra, como é o caso da maioria dos 376 versos entre
Provérbios 10.1 e 22.16. Na versão em língua portuguesa, a segunda parte
geralmente inicia com a conjunção adversativa mas (e. g., Pv 15.20-22).
3. O paralelismo imperfeito: neste, uma das unidades de pensamento
numa parte não tem correspondência na outra (e. g., Sl 1.5).
4. O paralelismo sintético ou progressivo: aqui, não se trata de
qualquer paralelismo; há somente ritmo de som e não de pensamento. Às vezes, a
segunda linha complementa a primeira, oferecendo ambas um pensamento completo
(e. g., Sl 27.6).
5. O paralelismo simbólico: este se caracteriza pelo fato de que
uma parte utiliza o sentido literal e a outra, o figurado, ou vice-versa (e.
g., Sl 103.13).
6. O paralelismo gradativo: reconhecido por uma parte ou linha
repetida em outra, sendo esta o novo ponto de partida para outro membro ou
linha (e. g., Sl 29.1; Sl 29.9).
Quanto aos textos proféticos do Antigo Testamento (Isaías a
Malaquias), estes se relacionam diretamente com a história presente e futura de
Israel e, às vezes, com a história da humanidade inteira. Os textos proféticos
testificam a ação divina na história de Israel e na história do mundo,
proclamam a vinda do Messias, trazendo salvação para judeus e gentios, a futura
restauração de Israel e a glória eterna do Messias entre as nações.
Numa maneira especial, o apóstolo Pedro fala da importância dos
textos proféticos (1 Pe 1.10-12; 2 Pe 1.16, 19-21). Para ele, os textos
proféticos do Antigo Testamento são significativos porque alumiam nosso caminho
na escuridão desta vida (2 Pe 1.19a) e porque são necessários como tais, em
todo o tempo, até que venha o dia preciso do surgir da estrela da alva (2 Pe
1.19b). Os textos proféticos do Antigo Testamento também são importantes porque
constituem um guia seguro da vontade de Deus (2 Pe 1.20s.) e transmitido por
homens movidos pelo Espírito Santo (2 Pe 1.21b).
Em 1 Pedro 1.10-12, percebemos as dificuldades cronológicas na
interpretação de textos proféticos. Pedro afirma que os profetas do Antigo
Testamento viram os sofrimentos de Cristo (1 Pe 1.11b-Sl 22; Is 53) e Sua
glória (1 Pe 1.11c-Sl 24; Is 60), mas não compreenderam todas as suas
implicações e pormenores (1 Pe 1.12a). Só a pregação apostólica, mediante a
iluminação do Espírito Santo, era capaz de esclarecer a plena revelação (1 Pe
1.12b).
Na interpretação de textos proféticos do Antigo Testamento,
enfrentamos estas mesmas dificuldades cronológicas. A razão disso encontra-se
nas características inerentes às profecias bíblicas. Em primeiro lugar, a
profecia bíblica é progressiva, cumprindo-se, muitas vezes, aos poucos. Veja a
maneira como o nascimento de Cristo foi profetizado no Antigo Testamento,
começando com a semente da mulher (Gn 3.15), limitando-se à linhagem de Sem (Gn
9.25-27), depois à de Abraão (Gn 12.1-3), Isaque (Gn 21.12), Jacó (Gn 25.23),
Judá (Gn 49.8-12), Davi (2 Sm 7.12-16), Emanuel (Is 7.14), ao tempo em que iria
nascer o Messias (Dn 9.24-26) e, finalmente, à cidade (Mq 5.2).
Outras profecias têm um cumprimento parcial e um cumprimento pleno
e final. Tomemos como exemplo a promessa feita a Davi em 2 Samuel 7.12-16. Por
meio da história, sabemos que a promessa foi cumprida parcialmente em Salomão,
que levantou e inaugurou o magnífico templo. Todavia, sabemos que o templo
salomônico não permaneceu; foi destruído juntamente com Jerusalém, em 587 a . C., por Nabucodonosor.
Tiago, porém, citando o profeta Amós (Am 9.11-12), declara que o tabernáculo de
Davi será reedificado na volta do Senhor (At 15.16).
Uma terceira dificuldade na exposição de textos proféticos encontra-se
nas profecias simbólicas (Gn 2.16s.; Os 11.1; Mt 2.15; Ml 4.4-5; Is 40.3-4).
Finalmente, encontramos ainda profecias não cumpridas, como Isaías
65.17-25 e Zacarias 14.1-21.
A seguir, algumas recomendações práticas para a exposição de
textos proféticos do Antigo Testamento:
1. Faça uma pesquisa histórica exata e ampla do texto profético,
para melhor compreender os motivos que levaram o profeta a anunciar tal
profecia.
2. Uma análise textual precisa é de suma importância para que se
compreendam a intenção e o conteúdo da profecia.
3. Lembre-se de que você não conseguirá entender todos os
pormenores e implicações de um texto profético, porque alguns aspectos ainda
não se cumpriram.
4. Relacione sempre os textos proféticos com a história da
salvação, com o Messias prometido na primeira e na segunda vinda de Cristo e
com Seu povo escolhido.
5. Busque as passagens correlatas no Novo Testamento.
6. Observe bem as ilustrações, metáforas, visões, expressões e
atitudes simbólicas dos profetas.
7. Tenha o máximo de cuidado com os números. Lembre-se de Marcos
13.32. Nada de especulações!
8. Favoreça a interpretação literal dos textos proféticos, a não
ser que o contexto ou outra parte das Escrituras permitam a interpretação
simbólica.
9. Considere que os textos proféticos possuem cumprimento, ou
cumprimentos parciais e finais.
10. Ore bastante e conscientize-se de que, na exegese profética,
você depende de maneira mais acentuada da direção do Espírito Santo.
11. Consulte vários comentários, para não exagerar na exposição.
12. Lembre-se de que o centro da mensagem profética gira em torno
da pessoa e da obra salvadora e consumadora de Jesus Cristo.
A exegese do Novo Testamento
A exegese do Novo Testamento difere daquela do Antigo Testamento
pelo fato de o Messias já ter vindo. Enquanto o Antigo Testamento revela de
maneira progressiva a vontade de Deus na história, por meio de Israel, o Novo
Testamento proclama as boas novas de salvação, realizadas em Jesus Cristo , para
todo aquele que nEle crê, independentemente de sua raça, cor, origem, status
social ou educação. No Antigo Testamento, Israel é o recipiente das revelações
e promessas divinas, e os profetas, seus transmissores. No Novo Testamento,
Jesus e os apóstolos são os transmissores, e a Igreja é a receptora das revelações
divinas para as nações. Na exposição do Novo Testamento, é bom diferenciar
entre textos sinópticos em geral, relatos de milagres, discursos, epístolas e
textos proféticos. Uma pesquisa objetiva desses gêneros literários nos ajudará
a reconhecer melhor suas características inerentes, sua ênfase teológica
específica e suas dimensões éticas.
Os primeiros três evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas) são chamados
sinópticos, porque fornecem uma sinopse, i. e., uma vista geral dos mesmos
acontecimentos. O problema surge da relação aparente entre esses três
evangelhos, quando sujeitos a uma pesquisa comparativa. Ao processar-se a
comparação, levantam-se certas perguntas que merecem uma análise cautelosa e
detalhada, antes de se tirar qualquer conclusão definitiva:
- Por que encontramos estas diferenças?
- Qual dos sinópticos contém mais pormenores?
- Quais as afirmações idênticas?
- Como se explicam as diferenças?
- Qual o material peculiar de cada sinóptico?
- Qual o material omisso de cada sinóptico?
- Como se explicam o material peculiar e o omisso?
- Qual a cronologia dos acontecimentos de cada sinóptico?
Estas questões não são colocadas para gerar desconfiança ou
espírito crítico em relação à Palavra de Deus, mas, com a atitude certa, ajudam
o pregador a se conscientizar da riqueza da pesquisa bíblica. Desta maneira,
possibilitam que ele seja mais bem informado, obtenha respostas inéditas, que
vão além de uma leitura casual, e esclareça melhor o pano de fundo histórico e
a intenção ao ser relatado o acontecimento.
Todos os sinópticos narram a vinda do reino de Deus na pessoa e
obra de Jesus Cristo. Eles testificam a encarnação do Filho de Deus e a pessoa
do Messias prometido, relatam Seus discursos, ensinos e milagres, falam
extensivamente de Seu sofrimento vicário na cruz (25% do material sinóptico) e
de Sua poderosa ressurreição e gloriosa volta no fim dos tempos.
Os sinópticos proclamam as boas novas de Jesus Cristo e convidam
os ouvintes para o arrependimento e a fé: O tempo está cumprido e o reino de
Deus está próximo; arrependei-vos, e crede no evangelho (Mc 1.15).
Apresentamos algumas recomendações práticas para a exposição de
textos sinópticos:
1. Leia cuidadosamente o texto básico em todos os sinópticos, com
o auxílio da Harmonia dos Evangelhos ou, então, com três Bíblias abertas ao
mesmo tempo.
2. Faça uma comparação sinóptica. Anote qualquer material peculiar
e omisso de todos os textos paralelos.
3. Tente harmonizar os textos sinópticos. Caso não seja possível,
explique as diferenças. Neste processo, as Notas e Comentários à Harmonia dos
Evangelhos, de E. Gioia, são de grande utilidade.
4. Consulte comentários evangélicos de confiança.
5. Não se perca nos pormenores, mas verifique o núcleo comum entre
os textos sinópticos, e. g., o ensino fundamental a se aprender, a lição moral
a se praticar, o exemplo digno a ser seguido, a mensagem bíblica a ser crida, o
desafio prático a ser obedecido.
Os milagres, por sua vez, são manifestações sobrenaturais da
intervenção onipotente e misericordiosa de Deus na natureza e na história. A.
Almeida, Manual de Hermenêutica Sagrada, p. 97. Todos os milagres do Novo
Testamento são expressões do poder do reino de Deus (Mt 12.28) e atos de
misericórdia e compaixão.
Em termos gerais, pode ser dito sobre as obras de Jesus que, em
sua relação integral para com Sua missão, em sua freqüência e em sua maneira
autoritativa, elas são distintivamente messiânicas... Os milagres dos apóstolos
e de outros líderes da Igreja do Novo Testamento originaram-se na solidariedade
de Cristo com Seu povo. Foram obras realizadas em Seu nome, em continuação a
tudo quanto Jesus começara a fazer e a ensinar, no poder do Espírito que Ele
enviou da parte do Pai. Há um elo íntimo entre esses milagres e a obra dos
apóstolos ao testificarem acerca da pessoa e da obra de seu Senhor; fazem parte
da proclamação do reino de Deus, e não são uma finalidade em si mesmos. NDB,
vol. II, p. 1044.
Os sinais (grego: semeion) são atos milagrosos que têm por
finalidade revelar um propósito. O sinal visa o poder operante por trás de si
mesmo, visa a glória e grandeza de Jesus (Jo 2.11). Não é o sinal que é
importante, mas seu causador. O sinal tem um duplo propósito: objetivamente,
revelar a glória de Cristo (Jo 2.11) e, subjetivamente, gerar a fé nos
discípulos (Jo 2.11). Não é o sinal que é importante, mas a revelação do poder
do reino de Deus através dele, visando a glória de Deus e a fé do ouvinte.
A primeira dificuldade dos relatos de milagres está na apologia. A
autenticidade dos milagres sempre foi posta em dúvida, principalmente por
motivos filosóficos, desde Descartes e Kant. Por outro lado, é preciso
mencionar que muitos milagres relatados no Novo Testamento são críveis à luz da
psicologia moderna e da medicina psicossomática.
Não existe qualquer razão a priori para que se suponha que Jesus
não lançou mão daqueles recursos da mente e do espírito do homem que atualmente
são utilizados pelos psicoterapeutas. NDB, Vol II, p. 1043. Portanto, o bom uso
da apologética numa prédica sobre milagres não faz mal algum, principalmente na
presença de universitários e estudantes, desde que ela seja bem fundamentada e
não tome a maior parte do sermão.
O segundo problema da pregação sobre milagres está na aplicação.
Se os milagres são atos poderosos e misericordiosos de Deus, que intervêm na
natureza e na história para mostrar que Seu reino é chegado, então eles contêm
lições espirituais correlatas. Em potencial, os milagres bíblicos são parábolas
em ação. A. Almeida ,
Manual de Hermenêutica Sagrada, p. 97.
Infelizmente, muitos pregadores possuem a tendência de alegorizar
e espiritualizar os milagres. A ressurreição física do filho da viúva de Naim,
por exemplo, transforma-se de repente, e ele se torna o filho morto nos delitos
e pecados que passa pela ressurreição espiritual (Jo 5.24); ou a multiplicação
dos pães (Mt 14.13-21) passa a ser um mero símbolo do envolvimento social da
igreja; o andar sobre o mar (Mt 14.22-33) torna-se um símbolo de como vencer os
problemas do século XX; a pesca maravilhosa, um estímulo para as missões transculturais;
a tempestade acalmada (Mc 4.35-41), a vitória sobre as tempestades de nossa
vida. É verdade que Jesus também pode acalmar as tempestades em nossas vidas,
mas somente esta aplicação reduz o impacto do fato histórico de que Jesus
realmente silenciou as forças ferozes da natureza. Ela ignora também o clímax
da história, que não está no milagre, mas na reação dos discípulos: 'Eles,
possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: Quem é este que até o vento e
o mar lhe obedecem?' A intenção da história é concentrar a atenção no poder
sobrenatural de Jesus e, no final das contas, na questão da Sua identidade. É
triste ver um pregador que defenderia até à morte a doutrina da divindade de
Cristo não dar a esta doutrina seu lugar de direito nesta parábola. Limitar-se
a uma suposta aplicação espiritual das tempestades em nossas vidas resulta em
uma redução da mensagem cristológica poderosa que ela contém. ENT, p. 129.
A seguir, algumas recomendações práticas para a exegese de textos
que narram milagres:
1. Siga primeiro os dez passos metodológicos, apresentados
anteriormente.
2. Se o milagre faz parte dos textos sinópticos, observe as
instruções para a exposição destes registros, nas páginas anteriores.
3. Interprete os milagres como manifestações sobrenaturais da
intervenção onipotente e misericordiosa de Deus, e não como meras parábolas ou
símbolos.
4. Interprete os milagres literalmente, a não ser que o contexto
bíblico permita uma aplicação simbólica. Cuidado para não alegorizar e
espiritualizar os milagres.
5. Relacione os milagres com a real identificação de Jesus Cristo
e sua mensagem do reino de Deus.
As 21 epístolas neotestamentárias foram dedicadas às igrejas
primitivas, i. e., às igrejas que se originaram entre o Pentecoste e o fim da
era apostólica (33-100 A .
D.). As cartas do Novo Testamento revelam a sã doutrina dos apóstolos (At
2.42):
a) o ensino sobre a pessoa e a obra de Jesus Cristo (cristologia
Cl 1; Fp 2; 1 Tm 3.16; Tt 2.11-14; 1 Pe 3.18);
b) o ensino sobre a depravação total do homem e sua salvação pelos
méritos de Cristo (soteriologia Rm 1-3; Rm 6.23; Ef 2; 1 Co 2.14);
c) o ensino sobre as conseqüências do senhorio de Cristo em nossas
vidas e da obediência diária a Cristo (santificação, ética Rm 12-16; Ef 4-6; 1
Jo 1-5; 1 Tm 4; 1 Ts 5);
d) o ensino sobre a identidade, o lugar e o propósito da igreja
local (eclesiologia Ef 1-6; 1 Co 3.11);
e) o ensino sobre nosso futuro glorioso (escatologia 1 e 2 Ts; 2Pe
2 e 3; 1Co 15); e
f) o ensino sobre a atuação do Espírito Santo na vida do cristão e
da igreja local (pneumatologia Rm 12; 1 Co 12-14; Ef 4.11-16).
Todas as epístolas têm um pano de fundo histórico, cultural e
eclesiástico em que se originaram. Para a exegese de epístolas, oferecemos as
seguintes recomendações práticas:
1. Exige-se transparência entre o ensino bíblico e a situação
local e o momento histórico e cultural. Exemplos: a questão dos cabelos, do
ósculo santo, do falar da mulher na igreja, do vinho, do véu.
2. Distingue-se claramente entre normas para situações locais e
verdades transculturais permanentes. Exemplos: Rm 13.1-7; Ef 4.28.
3. Analisam-se detalhadamente os conceitos ou tópicos teológicos.
Exemplos: propiciação, remissão, santificação, sumo sacerdote, pastor, bispo,
presbítero.
Por fim, os textos proféticos do Novo Testamento encontram-se
principalmente no livro de Apocalipse, do apóstolo João, além de capítulos que
contêm alusões proféticas, tais como: Mt 24-25; Mc 13; Lc 21; Rm 11; 1 Co 15; 1
Ts 4-5; 2 Ts 2; 2 Pe 2-3.
Na exposição desses textos, seguimos as seguintes recomendações:
1. Observamos, em primeiro lugar, as dez regras metodológicas.
2. Fazemos uma pesquisa observando os aspectos históricos,
culturais e eclesiásticos do texto, para melhor compreendermos os termos, as
idéias expostas e os pensamentos do autor.
3. Entendemos que não é possível compreender todos os pormenores e
implicações do texto.
4. Relacionamos as profecias neotestamentárias com a pessoa e a
obra de Jesus Cristo, com Sua amada Igreja, com o futuro do povo escolhido,
Israel, e das nações, ou seja, com a história da salvação.
5. Buscamos também as passagens bíblicas correlatas, tanto dentro
do Novo como no Antigo Testamento.
6. Observamos e analisamos bem as ilustrações, metáforas, visões,
expressões e atitudes simbólicas, indagando em quais partes das Escrituras
encontram-se as mesmas idéias e tópicos.
7. Diferenciamos com clareza a parte histórica da profética, além
dos comentários do autor.
8. Favorecemos a interpretação literal, a não ser que o contexto
ou outra parte das Escrituras permitam a interpretação simbólica.
9. Entendemos, com base na perspectiva profética, que há profecias
com cumprimento parcial e final.
10. Oramos bastante e conscientizamo-nos de que, na exegese de
textos proféticos do NT, dependemos de maneira especial e mais acentuada da
direção do Espírito Santo.
11. Consultamos vários comentários, mesmo de opiniões opostas à
nossa convicção, para não exagerarmos na exposição.
12. Enfatizamos a interpretação da mensagem apocalíptica Cristo e
Sua obra salvadora e não um calendário pormenorizado para campeões de
curiosidade escatológica.
A exegese de figuras
Parábola deriva da forma verbal paraballo, do grego parabole, que
significa: jogar ao lado de, comparar lado a lado, colocar lado a lado com,
manter ao lado de, pôr coisas lado a lado, figurar, tipificar, ilustrar através
de. (Você encontra mais informações no NDB, vol. II, pp. 1200-1203 e no NDITNT,
III, p. 448.)
A parábola é uma narrativa baseada na experiência diária
(natureza, comércio, cultura, agricultura, família, trabalho), cuja finalidade
é transmitir verdades morais e religiosas. A parábola é uma espécie de alegoria
apresentada sob a forma de narração. A parábola contém basicamente uma só
verdade principal, e não um complexo de verdades, como a alegoria.
O termo parabole ocorre 50 vezes no Novo Testamento, das quais 48
nos sinópticos e duas na Epístola aos Hebreus (9.9; 11.19).
Encontramos as parábolas preponderantemente nos sinópticos e
devemos associá-las com o ensino de Jesus e a vinda de Seu reino.
As parábolas sinóticas dividem-se literariamente, na maioria das
vezes, em três partes:
Exemplos:
parte introdutória parte
ilustrativa parte
interpretativa
Lc 15.3 Lc
15.4-6 Lc 15.7
Lc 18.1 Lc
18.2-5 Lc 18.6-8
Lc 18.9 Lc
18.10-13 Lc 18.14
Mt 13.24 Mt
13.24-30 Mt 13.36-43
Lc 10.25-29 Lc
10.30-35 Lc 10.36-37
Lc 15.11a Lc 15.11b-32
Lc 16.11a Lc
16.1b-8 Lc 16.9-13
O primeiro objetivo das parábolas é de dimensão profética. Já no
Salmo 78.2, Asafe profetizou: Abrirei os meus lábios em parábolas, e publicarei
enigmas dos tempos antigos. O evangelista Mateus afirmou que esta profecia foi
cumprida em Jesus, quando escreveu: Todas estas cousas disse Jesus às multidões
por parábolas, e sem parábolas nada lhes dizia; para que se cumprisse o que foi
dito por intermédio do profeta: Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei
cousas ocultas desde a criação [do mundo] (Mt 13.34-35).
O segundo propósito das parábolas é de dimensão psico-espiritual.
O evangelista Marcos relata que, por meio do ensino de parábolas, Jesus
despertou em Seus discípulos maior atenção, um desejo mais intenso de
compreender as verdades do reino de Deus (Mc 4.10-12).
O terceiro fim também é de dimensão psico-espiritual, só que desta
vez no sentido contrário; não para despertar a fé, mas para ocultar a verdade
aos indiferentes e incrédulos ignorantes (Mc 4.12).
O quarto e último propósito é o mais significativo, por ser de
dimensão messiânica, i. e., Jesus falou em parábolas para revelar o segredo
messiânico (Mc 4.11, 33-34). Através do ensino das parábolas, Jesus revelou o
mistério do reino de Deus (Mc 4.11). Este mistério é a identificação de Sua
própria pessoa como o Messias, o Filho de Deus, o Salvador deste mundo.
Estes são os passos metodológicos na exposição das parábolas
bíblicas:
1. Quando possível, divida a parábola em suas três partes:
introdução, apresentação e aplicação.
2. Verifique e compare a parábola com os outros evangelhos
sinópticos.
3. Determine a principal intenção (ponto central) da parábola.
4. Certifique-se de que, ao explicar as diferentes partes
secundárias da parábola, elas estejam em harmonia com seu objetivo primário.
5. Ao explicar o texto, use somente as partes fundamentais da
parábola.
A exposição de parábolas torna-se problemática quando o pregador
acha que deve expor todos os pormenores e detalhes da narrativa. Desta maneira,
chega a interpretações fantasiosas, fazendo uma superelaboração da parábola,
mas perdendo seu sentido primordial.
É característico das parábolas bíblicas transmitir apenas uma
verdade principal. As partes secundárias devem ser interpretadas em harmonia
com o assunto principal.
Outro problema na exposição de parábolas surge quando o pregador
simplifica demais, não dando atenção aos detalhes. No caso da parábola do
semeador, encontramos a semente e os tipos de solo em que foi lançada. Torna-se
evidente que o ponto principal não é o semeador, mas as reações diferentes que
a semente (a Palavra de Deus) encontra quando semeada (anunciada). A parábola
fala de quatro atitudes diferentes diante da pregação da Palavra, embora seu
propósito seja ilustrar as reações humanas diante da proclamação (Lc 8.4-15).
Um terceiro problema na exposição de parábolas está na negligência
ou não-observância do contexto. Às vezes, é o contexto que determina o âmago da
parábola. Tome-se, por exemplo, a parábola do bom samaritano (Lc 10.25-37). Ela
tem seu pano de fundo histórico não no assalto, mas na discussão entre Jesus e
o intérprete da lei (Lc 10.25, 37).
As parábolas não são a única forma de figura que o Novo Testamento
emprega para ilustrar o ensino de Jesus Cristo. Também encontramos, várias
vezes, alegorias. Embora as parábolas sejam uma espécie de alegoria, a alegoria
bíblica distingue-se um pouco da parábola bíblica.
A palavra alegoria vem do grego allegoria, que significa fala
figurativa. A alegoria é uma figura retórica que geralmente consta de várias
metáforas unidas, representando cada uma das realidades correspondentes.
Costuma ser tão palpável a natureza figurativa da alegoria que uma
interpretação ao pé da letra quase se faz impossível. E. Lunde, P. C. Nelson,
Hermenêutica, p. 77.
A alegoria bíblica geralmente se caracteriza como uma metáfora
extensa. A alegoria neotestamentária contém a interpretação em si mesma: Eu sou
a videira verdadeira (Jo 15.1); vós sois o sal da terra (Mt 5.13).
A alegoria é o uso figurativo e a aplicação de fatos imaginários
ou históricos, enquanto a parábola já é esse fato imaginário ou histórico. A
parábola emprega as palavras no sentido literal, enquanto a alegoria as emprega
no sentido figurado.
As alegorias do pão dos céus (Jo 6.51-65), do bom pastor (Jo
10.1-18) e de Sara e Agar (Gl 4.21-31) são três exemplos clássicos no Novo
Testamento.
Analisaremos apenas a alegoria paulina em Gálatas 4.21-31:
Em primeiro lugar, notamos que o próprio Paulo diz que sua
ilustração é alegórica, ao escrever: Estas cousas são alegóricas (Gl 4.24).
Em segundo lugar, observamos que Paulo interpreta o verdadeiro
sentido da alegoria: Estas cousas são alegóricas: porque estas mulheres são
duas alianças (Gl 4.24). O resto da alegoria apresentamos com o quadro da
página seguinte:
As duas alianças ilustradas nos dois filhos de Abraão
LEI EVANGELHO
Hagar, escrava =
Antigo Testamento Sara, livre = Novo
Testamento
Sinai = lei Jerusalém
= evangelho
Ismael, filho da
carne = sob a lei Isaque, filho da promessa = sob o evangelho
Ismael,
perseguidor = os legalistas Escrituras
= libertador
Eis algumas recomendações práticas na exposição de alegorias
bíblicas:
1. Nunca force um versículo bíblico para a exposição alegórica.
2. Não faça exposições alegóricas para provar sua inteligência.
3. Lembre-se de que as alegorias são metáforas extensas, que
geralmente contêm várias verdades. Diferencie as metáforas da alegoria em si e
exponha-as em separado, mas dentro de uma unidade de pensamento que corresponda
ao texto e ao contexto.
4. Divida a alegoria em todas suas partículas para ver o
pensamento-mestre do raciocínio bíblico.
5. Use um gráfico para relacionar as minúcias da alegoria e
cristalizar seu núcleo.
Existem ainda outras figuras, a saber:
a. Tipologia: a palavra tipologia é derivada do termo grego typos,
que pode ser traduzido por impressão, imagem, exemplo. As tipologias do Antigo
Testamento encontram suas devidas interpretações nas passagens correlatas do
Novo Testamento. As tipologias do Novo Testamento interpretam personagens,
objetos, fatos ou acontecimentos históricos do Antigo Testamento, que se tornam
verdades espirituais, como, por exemplo, Jonas (Mt 12.38-42), a Páscoa (1 Co
10.1-4), a arca (1 Pe 3.20-21), a serpente (Jo 3.14) e Adão (Rm 5.14; 1 Co
5.7). Assim, temos:
fatos, personagens eventos históricos Nm 21.9 14.22 Nm 20.11 Jn 2
Gn 6
tornam-se
símbolos e verdades espirituais Jo 3.14 1 Co 10.1-2 1 Co 10.3-4 Mt
12.38-42 1 Pe 3.20-21
Apresentamos algumas recomendações práticas:
1. Exponha a passagem bíblica tipologicamente apenas quando os
próprios autores bíblicos o fizerem.
2. Lembre-se de que interpretações do Novo Testamento que separam
as passagens do Antigo Testamento de seu contexto histórico, ignorando desta
maneira o progresso da verdade e da obra de Deus no contexto do Antigo
Testamento, estão erradas, não importa quão 'espirituais' possam parecer. ENT,
p. 135.
b. Metáfora: a metáfora é uma figura de retórica que consiste no
transporte, por analogia, de um nome, de um atributo ou de uma ação, de um
objeto para outro, a que não é literalmente aplicável. Dicionário Enciclopédico
Brasileiro, 1946, p. 1116. Por exemplo: Eu sou a porta (Jo 10.7); eu sou o pão
da vida (Jo 6.35); eu sou o caminho (Jo 14.6); vós sois a luz do mundo (Mt
5.14); edifício de Deus sois vós (1 Co 3.9, 16).
Pelo fato de as metáforas não poderem ser explicadas literalmente,
surgem as seguintes recomendações práticas:
1. Separe as partículas externas da metáfora dos princípios
internos.
2. Separe o físico do metafísico.
3. As verdades aplicáveis da metáfora sempre se referem às suas
características internas.
c. Sinédoque: a sinédoque é uma figura de retórica que confere a
uma frase maior ou menor extensão do que geralmente se atribui: o todo pela
parte ou a parte pelo todo, o plural pelo singular ou o singular pelo plural, o
gênero pela espécie ou a espécie pelo gênero, o sujeito pelo atributo ou o
atributo pelo sujeito, a matéria pela forma ou a forma pela matéria, o abstrato
pelo concreto ou o concreto pelo abstrato. Exemplos:
Naqueles dias foi publicado um decreto de César Augusto,
convocando toda a população do império para recensear-se... Todos iam
alistar-se, cada um à sua própria cidade (Lc 2.1,3); porque, tendo nós
verificado que este homem é uma peste, e promove sedições entre os judeus
esparsos por todo o mundo, sendo também o principal agitador da seita dos
nazarenos (At 24.5).
Uma análise precisa destas duas passagens logo nos convencerá de
que as expressões todos, todo o mundo, toda a população não podem referir-se ao
mundo inteiro, mas, sim, a todos no mundo conhecido naquela época, i. e., todos
do Império Romano.
Outro exemplo encontra-se em 1 Coríntios 11.26, quando o apóstolo
Paulo diz: ... beberdes o cálice... Ninguém pode beber um cálice, mas todos
podem beber do cálice.
d. Metonímia: a metonímia, outra figura de retórica, é usada
quando se designa um símbolo em referência a uma verdade espiritual ou moral.
Exemplos:
... o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado (1
Jo 1.7). Todos nós sabemos que o sangue não purifica, mas suja as roupas. É
preciso usar muito sabão e ter bastante paciência para limpar uma roupa suja de
sangue. Todavia, é verdade que o sangue de Jesus nos purifica, porque a Bíblia
ensina que sem o derramamento de sangue não há perdão dos pecados (Hb 9.22).
Você pode encontrar outros exemplos em Lucas 16.29 e João 13.8.
e. Prosopopéia: a prosopopéia é uma figura que dá vida, ação,
movimento e voz às coisas inanimadas, e põe a falar pessoas ausentes ou mortas;
personificação; (fig.) discurso empolado ou veemente. Dicionário Enciclopédico
da Língua Portuguesa (São Paulo: FENAME, 1973), p. 1081. Exemplo:
... onde está, ó morte, o teu aguilhão? (1 Co 15.55)
... o amor cobre multidão de pecados (1 Pe 4.8).
f. Ironia: a ironia é uma afirmação ou comparação sarcástica,
quando se expressa algo contrário à verdade ou àquilo que se quer dizer.
Exemplo:
Várias vezes, de maneira sarcástica, o apóstolo Paulo chama os
falsos mestres de os tais apóstolos (2 Co 11.5; 12.11). Na verdade, os hereges
não são apóstolos, mas agem como se fossem. Com a expressão tais, Paulo
realmente quer dizer que eles não são apóstolos de modo algum!
g. Hipérbole: as hipérboles são exageros (majorações) de uma
verdade menor ou diminuições (minorações) de realidades mais amplas. Exemplo:
Há, porém, ainda muitas outras cousas que Jesus fez. Se todas elas
fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os
livros que seriam escritos (Jo 21.25). É evidente que este versículo é um
exagero, pois, em termos físicos, o mundo é bem maior do que todos os atos e
discursos públicos sobre Jesus que se poderiam registrar. A verdade não está no
significado físico-literal da afirmação, mas no fato de que o apóstolo João não
conseguiria relatar todos os atos e discursos de Jesus.
h. Fábula: a fábula é uma narração alegórica cujos personagens
principais são animais. A fábula quase não é empregada nas Escrituras Sagradas.
Exemplos:
O exemplo mais conhecido é o dos animais do campo que pisaram o
cardo, registrado em 2 Reis 14.9.
Com esta fábula, Jeoás, rei de Israel, responde ao repto de guerra
que lhe havia feito Amazias, rei de Judá. Jeoás compara-se ao robusto cedro do
Líbano e humilha seu orgulhoso contendor, igualando-o a um débil cardo,
desfazendo toda aliança entre os dois e predizendo a ruína de Amazias, com a
expressão de que 'os animais do campo pisaram o cardo'. E. Lund e P. C. Nelson,
Hermenêutica (São Paulo: Editora Vida, 1981 2), pp. 78s.
i. Enigma: o enigma é uma charada, um mistério que se apresenta em
forma alegórica. Muitas vezes a solução correta é difícil e abstrusa. Exemplos:
Juízes 14.14 é um enigma, cuja solução se encontra em Juízes
14.5-8. Existe uma correspondência idêntica entre Provérbios 30.24 e Provérbios
30.25-28.
O próprio contexto bíblico dá a solução do enigma. Portanto, uma
boa observação do contexto é indispensável na análise e exposição de enigmas.
j. Símile: a palavra símile deriva de sua forma latina simile e
significa semelhante, parecido. Conseqüentemente, o símile é uma comparação de
coisas semelhantes, uma analogia. Exemplos:
Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se
compadece... (Sl 103.13); ... ainda que os vossos pecados são como a escarlate,
eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim,
se tornarão como a lã (Is 1.18).
Outros exemplos você encontra em Isaías 55.8-11; 57.20 e Tiago
1.6. Eis algumas observações práticas:
1. Os símiles muitas vezes contêm as palavras assim como, como,
são como, é semelhante a.
2. Os símiles dividem-se em duas partes, que se comparam
facilmente.
3. Os símiles são fáceis de memorizar.
4. Os símiles geralmente causam um grande impacto.
l. Interrogação: a interrogação é uma pergunta retórica com a qual
o orador dirige-se aos ouvintes, e cujo teor principal pode ser polêmico,
apologético ou provocativo, a fim de estabelecer uma verdade moral ou
espiritual profunda. Exemplos: Gn 18.25; 1 Rs 18.21; Is 53.1; Am 3.3ss.; Mt
10.29; 22.42; Lc 22.48; Rm 8.31-36; 10.14-15; Hb 10.29; e muitos outros.
m. Apóstrofe: a apóstrofe assemelha-se muito à personificação ou
prosopopéia. A palavra apóstrofe vem do grego apostrophe (apo = de + strepho =
voltar-se). O vocábulo indica que o orador volta-se de seus ouvintes imediatos
para dirigir-se a uma pessoa ou coisa ausente ou imaginária. A Enciclopédia
Brasileira Mérito nos proporciona a seguinte definição: Figura usada por
orador, no discurso; consiste em interrompê-lo subitamente, para dirigir a
palavra, ou invocar alguma pessoa ou cousa, presente, ausente, real ou
imaginária. O emprego desta figura, na eloqüência, produz grandes efeitos sobre
as paixões que o orador procura transmitir aos ouvintes. Quando as palavras são
dirigidas a um objeto impessoal, a personificação e a apóstrofe combinam-se,
como, por exemplo, em 1 Coríntios 15.55 e em algumas outras passagens que
seguem:
Que tens, ó mar, que assim foges? e tu, Jordão, para tornares
atrás? Montes, por que saltais como carneiros? e vós colinas, como cordeiros de
rebanho? Estremece, ó terra, na presença do Senhor, na presença do Deus de
Jacó, o qual converteu a rocha em lençol de água, e o seixo em manancial (Sl
114.5-8); ah, Espada do Senhor, até quando deixarás de repousar? Volta para a
tua bainha, descansa e aquieta-te (Jr 47.6).
Uma das apóstrofes mais extraordinárias e conhecidas é o grito do
angustiado Davi, por ocasião da morte de seu filho rebelde: Meu filho Absalão,
meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu
filho! (2 Sm 18.33) As palavras dirigidas ao caído monarca da Babilônia (Is
14.9-32) constituem uma das apóstrofes mais vigorosas da literatura. E. Lund,
P. C. Nelson, op. cit., pp. 88-89.
n. Contraste: o contraste é uma figura de retórica cujas partes
principais estão em oposição entre si, para estabelecer, desta maneira, uma
lição moral ou espiritual. Exemplos: Davi e Golias; fariseus e coletores
públicos; dentro e fora (Ap 22.15).
Verifiquemos ainda um exemplo mais extenso: a parábola do homem
rico e Lázaro (Lc 16.19ss.):
a. na terra um é rico o outro é pobre
um é
sadio o outro é
doente
um
tem prestígio o outro é
desprezado
um é
coberto de dinheiro o outro é coberto de
chagas
b. na morte um é
enterrado com todas o outro nem
se menciona as
honras
c. no além um vai para o
inferno o outro vai
para o seio de Abraão
um
sofre tormentos o outro é
consolado
um
é desolado na miséria o outro
é consolado na alegria eterna eterna
o. Antítese: a tese é uma frase ou afirmação lógica que convence.
Mas a antítese é uma tese que contradiz ou nega a afirmação, é uma tese
contestada. A palavra antítese origina-se do termo latino antithesis, e
significa contrastar ou colocar uma coisa contra outra. Exemplos:
Mt 7.13-14 porta
estreita versus porta larga
Mt 7.17-18 árvore
com maus frutos versus árvore com bons frutos
Rm 6.23 pecado
- morte versus dom gratuito - vida eterna
2 Co 3.6-16 antiga
aliança versus nova aliança
Ef 2.8-10 não
pelas obras versus pela graça
Jo 1.11-12 não
receber versus receber
Eis algumas observações práticas:
1. As antíteses bíblicas muitas vezes começam com a conjunção
adversativa mas.
2. As antíteses são facilmente detectadas pela mera observação e
análise do texto e do contexto.
p. Clímax: o termo clímax é uma figura de retórica que se origina
do vocábulo grego klimax, que significa escala, graduação, progresso. Esta
escala pode ser ascendente ou descendente. Exemplos:
Clímax ascendente:
Jo 15.1ss.: a) nenhum fruto (15.4); b) fruto (15.2); c) mais fruto
(15.2, 4); d) muito fruto (15.3); e) fruto permanente (15.16).
Clímax descendente:
Sl 1.1: ímpios, pecadores, escarnecedores.
Tg 1.13-15: tentação, pecado, morte.
q. Provérbio: o provérbio é um ditado curto, sentencioso e
axiomático, cuja vivacidade está na antítese ou na comparação, que repete
constantemente os pensamentos dos sábios de modo a se fixarem na mente. Os
provérbios podem ser metafóricos, enigmáticos, parabólicos ou didáticos.
Exemplos:
Somente em Provérbios 10-22.16, encontramos aproximadamente 375
provérbios. Outros exemplos encontram-se em Mateus 13.57, Marcos 6.4, Lucas
4.23 e 2 Pedro 2.22. Apresentamos algumas recomendações práticas:
1. Deve-se ter muito
cuidado no que respeita à interpretação de provérbios e, em particular, no
referente àqueles que não são fáceis de entender e interpretar. Quiçá estejam
baseados em fatos e costumes que se perderam para nós.
2. Dado que os provérbios
podem ser símiles, metáforas, parábolas ou alegorias, é bom determinar a que
classe pertence o provérbio a ser interpretado. Figuras diferentes podem
combinar-se para formar um provérbio. Por exemplo, em Provérbios 1.20-23, a sabedoria é
personificada e apresenta-se o provérbio na forma de uma parábola com sua
aplicação. Leia também Eclesiastes 9.13-18.
3. Estude o contexto, isto
é, os versículos que precedem e seguem o texto, os quais são, a miúdo, a chave
da interpretação, como sucede nos casos acima mencionados.
4. Quando houverem
fracassado todas as tentativas destinadas a aclarar o significado, é melhor ficar
na expectativa até que se receba mais luz sobre o assunto.
5. Não empregue como prova
textos, provérbios ou outras Escrituras cujo significado não possa determinar,
embora favoreçam a doutrina que você mantém.
6. Aproveite a ajuda que
proporcionam os comentaristas eruditos no estudo das Sagradas Escrituras; eles
conhecem os idiomas originais e podem proporcionar as conclusões a que chegaram
os eruditos sagrados mais famosos.
7. Acima de tudo, ore
pedindo a iluminação divina. E. Lund e P. C.
Nelson, p. cit., p. 100.
r. Paradoxo: o paradoxo é uma opinião, expressão ou convicção
contrária à comum. Exemplos:
É um paradoxo morrer primeiro para viver depois (Jo 12.24; Rm
6.1-4).
É um paradoxo que mortos devam sepultar seus próprios mortos (Mt
8.22).
É um paradoxo aborrecer aos pais para seguir a Jesus (Lc 14.26).
É um paradoxo perder a vida para salvá-la (Mc 8.35).
É um paradoxo ser forte quando se está fraco (2 Co 12.10).
A exegese de passagens difíceis
Por passagens obscuras entendemos textos bíblicos em que surgem
palavras que se encontram poucas vezes nas Escrituras, formas literárias
estranhas, dificuldades gramaticais ou culturais, versículos desconexos,
aparentes contradições, verdades não-explicáveis pela razão humana ou pela
experiência.
Na exposição de textos obscuros, seguimos os conselhos de W. L.
Liefeld:
A meu ver, a melhor maneira de lidar com passagens obscuras é,
antes de tudo, verificar se a obscuridade é do conhecimento da comunidade, ou
suficientemente séria para a interpretação da passagem toda, para merecer
menção no sermão. Em segundo lugar, se for assim, eu proponho fazer uma breve
explicação (do motivo) porque ela é obscura. Por exemplo, o pregador poderia
simplesmente dizer que diferenças de cultura ou linguagem, ou a raridade da palavra,
tornaram-nos difícil, em nossa cultura e em nosso século, entendê-la
perfeitamente. Ele deve fazer isto sem qualquer implicação de que a Bíblia é
difícil de entender, mostrando que provavelmente não teríamos dificuldades se
tivéssemos todas as informações dos ouvintes originais. Em terceiro lugar, ele
deve escolher o sentido mais provável, em seu entender, e explicá-lo, em vez de
deixar duas ou três opções. Ele deve ser honesto e reconhecer que há outras
interpretações, mas provavelmente ajudará mais a comunidade se decidir por uma
e der coerência à passagem toda. Em quarto lugar, provavelmente não será
aconselhável conduzir a comunidade por todo o processo de exegese, a não ser
que seja um modelo muito claro e útil de estudo bíblico. No geral, quanto mais
simples for a apresentação, melhor. ENT, p. 130.
Por passagens contraditórias entendemos textos bíblicos que
poderiam ferir as convicções preconcebidas ou tradições doutrinárias e
eclesiásticas da maioria do auditório. Um exemplo é a questão da soberania e
predestinação de Deus, em Romanos 9-11; outro, a questão da segurança eterna,
em Hebreus 6.1-8; 10.26-31; o livre uso de línguas (1 Co 12-14); a questão do
tempo preciso do arrebatamento (1 Ts 4.13ss.); ou as implicações teológicas do
milênio. Não estamos sugerindo que o pregador não deva possuir suas próprias
convicções ou que deva evitar pregar sobre assuntos contraditórios, mas
aconselhamos que tenha cautela, tato, tolerância com a opinião predominante do
auditório. Seria um escândalo defender a qualquer custo a doutrina da segurança
eterna numa igreja luterana tradicional, como também seria falta de ética se o
pregador tentasse convencer um auditório calvinista de que o cristão pode
perder a salvação. Seria falta de tato num congresso internacional e
interdenominacional impor a opinião escatológica particular de uma igreja só.
Afinal, todos os evangélicos crêem na segunda vinda de Cristo, embora possam
divergir nos pormenores e em suas implicações.
Por passagens sensíveis entendemos os textos bíblicos que tratam
de questões de caráter moral ou doutrinário cuja linguagem requer cautela. O
apóstolo Paulo, por exemplo, refere-se ao lixo, em Filipenses 3.8, mas nós
jamais poderíamos usar uma linguagem de baixo nível para explicar o significado
do termo. Semelhantemente, quando nos referimos a certas práticas sexuais
erradas (homossexualismo, lesbianismo, masoquismo) precisamos de muita cautela
para não ferir o sentimento e a honra pessoal dos ouvintes.
Por passagens culturalmente polêmicas entendemos textos bíblicos
que geram polêmicas devido ao preconceito cultural dominante. Todos nós
conhecemos os grandes problemas sociais, econômicos, morais e espirituais
associados ao alcoolismo. A Bíblia condena qualquer forma de embriaguez e diz
que o beberrão não herdará o reino de Deus (1 Co 6.10). Por outro lado, a mesma
Bíblia não proíbe de maneira explícita que se beba um copo de vinho (1 Tm
5.23). Todavia, a questão é extremamente polêmica, e cristãos de culturas e
tradições diversas interpretam-na de perspectivas bem diferentes. Outros
exemplos seriam as questões do véu e da mulher na igreja.
A MEDITAÇÃO SOBRE O TEXTO DO SERMÃO
A palavra meditação é conhecida desde o século XIV e deriva da
forma verbal latina meditari, que significa medir ou medir espiritualmente,
avaliar, julgar.
A meditação tenta medir em profundidade um objeto ou uma
afirmação, para avaliar, julgar e compreender melhor seu significado e suas
implicações.
As palavras portuguesas que mais se aproximam do verbo meditar são
ponderar, pensar sobre, matutar, projetar, intentar, estudar, refletir,
considerar.
A meditação é a contemplação profunda de um objeto ou de uma
afirmação (pode ser um versículo bíblico); é uma forma de oração mental.
A meditação bíblica é a contemplação e reflexão espiritual das
Sagradas Escrituras na presença de nosso bendito Salvador: Maria, porém,
guardava todas estas palavras, meditando-as no coração (Lc 2.19). É uma
contemplação espiritual da presença do Cristo ressurreto e vivo. O objeto da
meditação é Sua Palavra (Js 1.8; Sl 1.1-3; 119.97, 99).
A meditação durante a elaboração da prédica não é primordialmente
a busca de novas idéias, mas a recordação de algo já existente pressupondo-se,
naturalmente, que de fato existe algo. Se a meditação encontro entre o texto e
a vida se realiza apenas durante a elaboração da prédica, o resultado só poderá
ser fraco. Sem considerar a sua finalidade para a prédica, a meditação ou é um
processo vivo e constante da fé, ou ela não merece ser assim chamada. O
encontro entre o texto tendo em vista a Sagrada Escritura global como texto e a
vida é sinônimo de fé. A. Sommerauer, Guia do Pregador, p. 42.
A meditação bíblica é importante para a prédica evangélica, porque
trata-se de uma contemplação espiritual em profundidade da Palavra de Deus e de
uma reflexão entre o texto e a vida.
Lembre-se: a meditação começa com a oração, é caracterizada pela
oração contínua e leva à oração!
Gostaríamos, ainda, de mencionar algumas questões práticas para a
meditação no texto do sermão.
A quietude e o silêncio proporcionam uma ajuda imensa e
fundamental na meditação. Procure um lugar tranqüilo. Alguns pregadores
levantam-se de madrugada, só para meditar sobre o texto da próxima prédica. A
ordem externa também ajuda a concentração. Uma mesa desarrumada convida-o a
primeiro arrumar as coisas e desvia sua atenção, mas um lugar simples, limpo e
tranqüilo ajuda-o a entrar num espírito de meditação. Um terceiro auxílio
externo é o tempo. Precisa-se de bastante tempo para a meditação. A meditação
não é um exercício mental de apenas cinco minutos. A mente, o coração, nosso
íntimo, devem penetrar profundamente na Palavra de Deus. É um processo que
exige paciência e tempo.
A concentração mental também é de suma importância na meditação. O
silêncio apropriado é indispensável. A reflexão mental e a repetição constante
do texto bíblico ajudam-no imensamente na meditação bíblica.
Leia o texto bíblico vagarosamente, palavra por palavra, versículo
por versículo, muitas vezes, em espírito de oração, contemplação e adoração
Conscientize-se da presença real de Cristo na meditação e identifique-se com o
texto bíblico, fazendo perguntas pessoais, tais como:
- O que o texto me diz pessoalmente?
- Onde eu me encontro no texto?
- Como eu teria agido na situação desta pessoa mencionada no
texto?
- Qual exemplo devo seguir, qual erro evitar?
Escreva o resultado de sua meditação numa folha de papel. Lápis e
papel, portanto, são auxílios indispensáveis na meditação. Anote o que lhe vem
à mente enquanto medita sobre o texto bíblico; só depois você avalia e escreve
a prédica na forma final.
O alvo da meditação é a frutificação e o enriquecimento do
trabalho exegético, com o impulso pessoal para uma boa prédica. Aquilo que nós
mesmos apropriamos é mais fácil de ser comunicado. Desta maneira, a meditação
bíblica ajuda-nos também na aplicação da Palavra de Deus.
É importante resumir com as seguintes palavras as linhas-mestras
do texto sobre o qual meditamos: O texto diz a mim que...
Às vezes, a meditação bíblica indica também a forma da prédica:
- Qual o tema adequado, qual o núcleo do texto?
- Como poderia esboçar o texto?
- Como poderia ilustrar o texto?
- Que materiais áudio-visuais seriam aconselháveis (retratos,
fotografias, figuras, fantoches, desenhos animados, quadro-negro,
retroprojetor, slides)?
Estas perguntas técnicas não devem ser feitas no início da
meditação, para não impedir a aproximação pessoal do pregador da presença de
Deus. Mas a meditação nunca deve tornar-se uma mera auto-satisfação, uma
experiência puramente individualista. Ela merece ser compartilhada com outros,
com nosso próximo, e aí está o alvo da meditação. A meditação bíblica me conduz
ao próximo!
A APLICAÇÃO DO TEXTO DO SERMÃO
A meditação e a aplicação estão nitidamente relacionadas. O que
nós aprendemos e reconhecemos na meditação bíblica, na presença de Cristo,
transmitimos ao ouvinte por meio da aplicação. É exatamente esta a tarefa do
pregador: pregar o evangelho de tal modo que fale às situações cotidianas do
ouvinte. Não seria justo deixar a aplicação com o ouvinte. Ele precisa ser
desafiado e estimulado pelo sermão. É evidente que o ouvinte não é desafiado
por causa de nossa retórica polida, experiência marcante ou aplicação perfeita,
mas ele honra a ação objetiva do Espírito Santo em convencer do pecado, da justiça
e do juízo (Jo 16.7ss.).
Jesus não apenas pregou a mensagem do reino de Deus, mas fez
também aplicações pessoais, confrontando o ouvinte de Sua Palavra com uma
decisão a ser tomada (Mt 4.17; 11.28-30; 18.15ss.; 19.16; Lc 10.25ss.).
Os santos apóstolos também não se deram por satisfeitos com a mera
entrega do sermão. Eles aplicaram o ensino às necessidades do povo, desafiando
o ouvinte a tomar uma decisão (At 2.23, 37ss.; Rm 12-14; 1 Co 5.6, 8, 11).
Não existe um esquema definido e fechado para a aplicação das
verdades bíblicas na prédica. Antes de pensarmos na execução ou nas
necessidades do povo moderno, precisamos refletir sobre as circunstâncias e
situações em que o texto a ser estudado surgiu, porque nelas ele geralmente
fornece uma aplicação direta ou indireta. Em seguida, fazemos a aplicação
pessoal do texto bíblico, para só depois considerarmos as necessidades de
nossos ouvintes.
*Veja o gráfico na edição impressa (pg. 82)
Uma aplicação direta é possível em textos bíblicos que oferecem a
salvação, chamam para seguir a Cristo, convidam para crer e obedecer, requerem
fidelidade para com Deus ou amor pelo próximo. Encontramos aplicações indiretas
em textos que se dirigem a situações específicas e circunstâncias
historicamente bem definidas (Gn 12.1ss.; 22.1ss.; Lc 18.18ss.; Mt 5.29s.,
39-41; Cl 3.5; 1 Co 11.5).
Vale a pena refletir sobre as necessidades de quem recebe nosso
sermão. Liefeld menciona algumas situações concretas que existem em qualquer
comunidade:
- Necessidades pessoais (ansiedade, solidão, tristeza, depressão,
vazio espiritual, carência de orientação etc.).
- Problemas coletivos (preocupações financeiras, desânimo,
conflitos, falta de entusiasmo na igreja, abalo por causa de uma morte recente
na comunidade, apreensão diante de um programa de construção etc.).
- Situações sociais ou éticas momentâneas (entre os cristãos ou na
sociedade).
- Crises públicas (eleições, atentados, problemas internacionais,
desastres etc.).
- Marcos espirituais na vida da igreja.
- Situação espiritual de grupos especiais (crentes novos, anciãos,
jovens, aqueles em crise de meia-idade, solteiros, casados, divorciados etc.).
- Carência de edificação e instrução normal. ENT, p. 98.
Quanto à forma específica da aplicação do sermão, mencionaremos
brevemente os quatro aspectos essenciais:
A aplicação deve ser textual. Com isso queremos dizer que a boa
aplicação surge do texto principal, que é a base de nossa prédica. Se a
aplicação não tem nada a ver com o texto bíblico, então não pregamos mais a
Palavra de Deus; pregamos apenas nossas experiências subjetivas. A boa
aplicação encontra suas raízes no próprio texto bíblico que estamos expondo.
A aplicação deve ser objetiva. Nunca deve ser legalista, mas
diretiva; não subjetiva, mas objetiva. O objetivo principal da aplicação é a
transparência, a compreensão do texto bíblico. Uma aplicação complexa, muito
detalhada e desordenada apenas confunde o ouvinte. A boa aplicação mostra seu
objetivo e o modo como o ouvinte pode alcançá-lo. Não adianta enfatizar que o
pecador precisa se converter sem mostrar como pode fazê-lo. Não adianta
convidar o ouvinte a ter uma vida de consagração sem mostrar, ao mesmo tempo,
como vencer os obstáculos para gozar uma vida consagrada e também os meios de
consagração: oração, leitura da Bíblia, dedicação, obediência e comunhão.
É melhor fazer poucas aplicações numa mensagem, sendo estas bem
definidas, práticas e convincentes, para não deixar nenhuma sombra de dúvida,
do que fazer dez ou mais aplicações.
A aplicação deve ser pessoal. Em todas as pregações, o indivíduo
merece atenção específica. Isto se torna mais óbvio na aplicação. Nela,
dirigimo-nos aos indivíduos, com suas necessidades e seus problemas. A
comunidade dos ouvintes é composta de indivíduos: jovens e velhos, homens e
mulheres, cristãos maduros e recém-convertidos, aflitos e consolados, perplexos
e seguros, esperançosos e desolados, deprimidos e alegres, pobres e ricos,
necessitados e satisfeitos.
A questão principal é: como posso aplicar a Palavra de Deus à
necessidade de cada um de meus ouvintes? Será impossível atender
satisfatoriamente às necessidades de todos. Mas é possível dirigirmo-nos a
alguns. Por isso, a aplicação da prédica deve ser pessoal e individual.
A aplicação deve ser pastoral. As aplicações sempre são pastorais,
seja a prédica evangelística, missionária, diaconal, didática, temática,
expositiva ou exortativa. Na aplicação, deve-se fazer sentir a preocupação
pastoral do pregador, o amor do pastor pelas ovelhas. O verdadeiro pastor não
critica, mas ama suas ovelhas; não arma carapuças, mas orienta; não desabafa,
mas direciona.
Os apóstolos Paulo e João cuidaram de seus filhos na fé como
verdadeiros pais (Fp 2.22; 1 Ts 2.11; 1 Jo 2.1, 12, 14, 18, 28; 3.7, 18; 4.4;
5.21).
Perguntas didáticas sobre a homilética material
1. Qual a tarefa da homilética material?
2. Explique detalhadamente por que a Palavra de Deus é o material
básico do sermão.
3. Por que nem todas as passagens bíblicas são igualmente
recomendáveis para a escolha de uma mensagem específica?
4. Cite três textos de sermão que você pode usar para um funeral.
5. Indique quatro passagens do Antigo Testamento que combinam com
o Natal.
6. Dê algumas passagens que você poderia usar para uma conferência
bíblica de quatro noites consecutivas.
7. Você é convidado para pregar no culto de dedicação do novo
templo de um bairro. Que passagem escolheria para esta ocasião?
8. Quantos capítulos têm as Escrituras Sagradas?
9. Como as 14.388 palavras gregas e hebraicas da Bíblia podem
ajudá-lo na escolha?
11. Explique por que nossa pregação deve ser textual,
escriturística, cristológica e prática.
12. Como definimos a expressão texto do sermão?
13. Qual a extensão do texto do sermão?
14. Quais as maneiras fundamentais e indispensáveis de escolher o
texto de um sermão?
15. Além da oração pessoal e da direção do Espírito Santo, o que
nos ajuda na escolha do texto propício?
16. Com quanto tempo de antecedência devemos escolher um texto
para o sermão?
17. Por que devemos evitar textos difíceis, polêmicos ou de
linguagem pomposa?
18. É certo mudar o sermão, uma vez escolhido o texto?
19. Sua igreja passa por um período de crescimento numérico
notável. Muitas pessoas são recém-convertidas, mas nem todas romperam com as práticas
pecaminosas da vida anterior. Quais os textos do Antigo Testamento que seriam
apropriados para corrigir esta situação?
20. O Natal se aproxima e você não deseja pregar outra vez sobre
Lucas 2. Quais as alternativas que lhe restam para a escolha do texto
natalício, caso você se limite ao Antigo Testamento?
21. Defina e explique a origem e o significado do termo exegese.
22. Por que a exegese bíblica é necessária?
23. Depois de ter consultado alguns comentários, explique por que,
em Mateus 13, o semeador semeia à beira do caminho e em solo rochoso. Será que
o semeador é negligente ou maltreinado nas técnicas agrícolas?
24. Quais as seis condições que fazem de nossa pregação uma
prédica bíblica?
25. Qual o alvo da exegese?
26. Explique a diferença entre exegese científica e exegese
limitada.
28. Você pode elaborar dez passos didáticos para fazer uma exegese
bíblica?
29. Por que a leitura do texto bíblico em voz alta pode ser uma
ajuda na preparação da mensagem?
30. Qual a vantagem de repetir com minhas próprias palavras o
texto a respeito do qual vou pregar?
31. De que maneira a observação dos contextos imediato e remoto
ajudam-me na exegese?
32. Por que devo prestar atenção nas peculiaridades do texto a ser
examinado?
33. Com que tipo de pergunta vou bombardear o texto bíblico, a fim
de receber uma compreensão maior?
34. Qual a metodologia adequada para obter uma sólida primeira
impressão do texto?
35. Quais os métodos que você usa para esclarecer o texto?
36. Defina uma comparação sinóptica.
37. Que instrumento ou ferramenta você usa para uma sinopse dos
evangelhos?
38. Por que devo analisar o livro inteiro que inclui o texto
escolhido?
39. Dê uma definição de contexto.
40. Qual a tarefa da exegese lingüístico-gramatical?
41. Na prática, como você procede na exegese
lingüístico-gramatical?
42. Analise a palavra apostasia lingüisticamente, usando o NDITNT.
43. Qual a tarefa da exegese histórico-cultural?
44. Como você faz uma exegese histórico-cultural?
45. Qual a tarefa da exegese teológico-pneumatológica?
46. Que metodologia você emprega na exegese
teológico-pneumatológica?
47. Qual a função da exegese auxiliar?
48. Indique algumas ferramentas auxiliares para a exegese.
49. O que é um versículo paralelo?
50. Onde se encontram os versículos paralelos na Bíblia?
51. De que maneira os versículos paralelos ajudam-nos na
compreensão do texto?
52. Quais os dois tipos de versículos paralelos?
53. Explique com dois exemplos práticos como são utilizados os
versículos paralelos.
54. O que é uma chave bíblica?
55. Qual a finalidade prática da chave bíblica?
56. Explique como é usada a chave bíblica.
57. Quais as diferenças entre uma chave bíblica e uma
concordância?
58. Como devemos usar uma concordância bíblica?
59. O que é a Bíblia Vida Nova?
60. Relacione algumas vantagens que a Bíblia Vida Nova oferece
para a preparação de mensagens bíblicas.
61. Qual a importância e a função dos dicionários para a
elaboração de uma prédica?
62. Quais as diferenças básicas entre o NDB e o NDITNT?
63. De acordo com quais critérios usamos os comentários na
preparação de uma mensagem bíblica?
64. O que é um atlas bíblico?
65. Quais as vantagens do atlas bíblico?
66. Explique de que maneira concluímos a exegese.
67. Mencione pelo menos quatro formas específicas de exegese.
68. Qual a relação entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento?
69. Mencione algumas passagens tipológicas do Antigo Testamento.
70. Quais as características das passagens tipológicas?
71. Explique detalhadamente por que Melquisedeque (Gn 14) é um
tipo de Cristo.
72. Por que o aspecto histórico-cultural merece uma atenção
especial na análise de textos do Antigo Testamento?
73. Que perguntas ajudam-nos a compreender melhor os textos
históricos do Antigo Testamento?
74. O que significa história da salvação?
75. Como você relaciona as afirmações do Antigo Testamento sobre o
anjo do Senhor com a pessoa de Cristo?
a. Primeiramente, com a
ajuda de uma concordância bíblica, mencione algumas passagens do Antigo Testamento
que se referem ao anjo do Senhor.
b. Depois, explique por que o anjo do Senhor é o próprio Cristo,
no Antigo Testamento.
76. O que a rocha de Êxodo 17.6 tem a ver com Cristo (1 Co 10.4)?
77. Com que base relacionamos Salmos 8.4-5 com Cristo?
78. Como você prova que Salmos 16.10 fala da ressurreição de
Cristo?
79. O que o Servo do Senhor tem a ver com Cristo, em Isaías
42.1-4, 5-9; 49.1-6, 7-13; 50.4-9, 10ss.; 52.13-53.12?
80. Com que indagações práticas podemos atualizar os textos do
Antigo Testamento para nossos dias?
81. Quais são as lições práticas do Antigo Testamento?
82. Qual o teor principal dos livros poéticos do Antigo
Testamento?
83. Quais são as seis formas de paralelismo poético hebraico?
84. O que compreendemos por disposição estrófica?
85. Quais são os livros proféticos do Antigo Testamento?
86. Quais são as características das profecias do Antigo
Testamento?
87. Qual a importância das profecias do Antigo Testamento?
88. Explique o porquê das várias dificuldades cronológicas dos
textos proféticos do Antigo Testamento.
89. O que é uma profecia progressiva?
90. Qual a diferença entre profecia parcial e cumprimento final?
91. Você pode ilustrar a diferença entre os cumprimentos parcial e
final de um texto profético da Bíblia?
92. Mencione três profecias simbólicas.
93. Cite quatro profecias não-cumpridas.
94. O que é perspectiva profética?
95. Quais as 12 recomendações práticas para a exposição de textos
proféticos do Antigo Testamento?
96. Qual a diferença entre a exegese do Novo Testamento e a do
Antigo Testamento?
97. Como você identifica os textos sinópticos?
98. Qual a problemática dos textos sinópticos?
99. O que é uma comparação sinóptica?
100. Qual o valor de uma harmonia dos evangelhos?
101. Quais são as características principais dos milagres?
102. Em que consiste a problemática dos milagres?
103. Na prática, como devemos interpretar os milagres?
104. Quais os ensinos fundamentais das 21 epístolas
neotestamentárias?
105. Quais as três regras exegéticas que observamos na exposição
de textos das epístolas do Novo Testamento?
106. Quais são os principais capítulos proféticos do Novo
Testamento?
107. Por que favorecemos a interpretação literal de textos
proféticos do Novo Testamento?
108. Em que casos interpretamos simbolicamente os textos
proféticos do Novo Testamento?
109. Qual o significado do termo parábola?
110. Dê uma definição precisa e detalhada do termo parábola.
111. Quais as três características literárias das parábolas
bíblicas?
112. Mencione as quatro razões pelas quais Jesus falou em
parábolas.
113. Quais são os cinco passos metodológicos na exposição de
parábolas bíblicas?
114. Por que damos tanta ênfase ao ponto central da parábola?
115. Qual a problemática na exposição de parábolas do Novo
Testamento?
116. Dê uma definição de alegoria bíblica.
117. Quais são as características da alegoria bíblica?
118. Cite quatro exemplos de alegoria bíblica.
119. Que recomendações práticas você usa para a exposição correta
de uma alegoria bíblica?
120. O que é tipologia?
121. Quais as diferenças básicas entre parábola, alegoria e
tipologia?
122. Cite seis tipologias bíblicas.
123. Dê a definição de metáfora.
124. Dê três exemplos de metáfora.
125. Quais as recomendações práticas indispensáveis para a
exposição de metáforas?
126. Explique e ilustre o que é uma sinédoque.
127. Defina metonímia e explique sua problemática na pregação.
128. Quais são as características de uma prosopopéia?
129. Dê dois exemplos bíblicos de ironia.
130. Explique e ilustre o termo hipérbole.
131. Quais as características de uma fábula?
132. Cite três exemplos de enigmas bíblicos.
133. Como podemos identificar um símile?
134. Por que é importante observarmos as interrogações quando
analisamos um texto bíblico?
135. Explique o que é uma apóstrofe.
136. O que é um contraste?
137. Defina as características de uma antítese bíblica.
138. Qual a diferença entre clímax ascendente e clímax
descendente?
139. Dê uma definição bíblica de provérbio.
140. Quais as sete recomendações práticas a serem observadas e
aplicadas na exegese de provérbios?
141. Cite quatro exposições de paradoxos na Bíblia.
142. Como lidamos com passagens obscuras?
143. Como você prega a respeito de uma passagem contraditória?
144. Quais os problemas que surgem quando pregamos sobre textos
bíblicos que abordam questões sensíveis?
145. Qual o significado do termo meditação?
146. Que importância tem a meditação bíblica para a homilética
evangélica?
147. De que maneira os quatro auxílios externos ajudam na
meditação bíblica?
148. Com que tipo de perguntas pessoais posso meditar sobre um
texto bíblico?
149 . Qual o alvo da meditação bíblica?
150. O que é aplicação do texto bíblico?
151. Quais as diferenças entre exposição, meditação e aplicação do
texto bíblico?
152. De que maneira a meditação e a aplicação relacionam-se e
complementam-se?
153. Na prédica, por que a aplicação é tão importante?
154. Quais as possibilidades da aplicação bíblica?
155. Por que a aplicação deve ser textual?
156. Cite as razões por que a aplicação deve ser objetiva.
157. Qual deve ser nossa preocupação na aplicação pessoal?
158. O que entendemos por aplicação pastoral?
159. Quantas aplicações caracterizam uma boa prédica?
160. Qual a diferença entre aplicação e ilustração?
A homilética formal estuda a estrutura
do sermão, as três formas principais de sermões, as maneiras de apresentar o
sermão, as formas alternativas de pregação e a avaliação do sermão.
A ESTRUTURA DO SERMÃO
A estrutura do sermão merece nossa
atenção, nosso esforço laborioso e a devida preparação paciente para causar um
"impacto imediato sobre os ouvintes". D. Martin Lloyd-Jones, citado em J. Braga , Como preparar
mensagens bíblicas Livros teológicos inteiros foram escritos somente para
enfatizar o aspecto formal da homilética. The craft of a sermon, de W. E.
Sangster; The preparation of a sermon, de A. W. Blackwood; e Como preparar
mensagens bíblicas, de J. Braga.
Na estrutura do sermão, estudamos os
princípios da elaboração formal ou esquematização do sermão. Nossa atenção
volta-se para o título, a introdução, as proposições, o esboço propriamente
dito, as discussões e ilustrações, as aplicações e, finalmente, para a
conclusão da prédica. Plínio Moreira da Silva apresenta uma esquematização de
sermão, conforme se vê na página seguinte: PMS, p. 79.
TÍTULO
Texto
INTRODUÇÃO
Tese:
ASSUNTO
1º Argumento
2º Argumento
3º Argumento
4º Argumento
CONCLUSÃO
Apelo
a. Título: o título da mensagem
especifica o assunto sobre o qual o pregador irá falar. Por exemplo, você
prepara uma mensagem baseada em João 15.1-8. O assunto é a videira verdadeira,
mas o título da mensagem será mais específico, e. g., "a vida frutífera do
cristão" ou "como o cristão pode ter uma vida frutífera".
A definição do título é um dos últimos
itens a serem elaborados na mensagem. Não é aconselhável escolher primeiro o
título da mensagem e depois definir o texto, a não ser que seu sermão seja
tópico. É mais fácil definir o título depois de feita a exegese, depois de o
esboço ter sido elaborado.
A definição do título exige tempo e
bastante reflexão:
O título é claro e compreensível? É
pertinente ao texto bíblico? Relaciona-se com o esboço? É bem específico ou
parece mais um assunto geral? Ele contém alguma contradição? Escandaliza os
ouvintes, por ser fantástico, extravagante, rude ou irreverente? É
controvertido? Chama a atenção do auditório?
O título pode ser expresso como uma
afirmação, interrogação, exclamação ou até como uma citação ou parte de um
versículo.
b. Introdução: a "introdução é o
processo pelo qual o pregador procura preparar a mente dos ouvintes e
prender-lhes o interesse na mensagem que vai proclamar". J. Braga, op.
cit., p. 91.
Os objetivos principais da introdução
são conquistar a atenção do auditório e despertar seu interesse pelo tema da
prédica. Podemos comparar a entrega da mensagem com um vão. As três fases
principais são a decolagem, o vão acima das nuvens e a aterrissagem. Sabemos
que, tanto em vãos domésticos como em internacionais, a decolagem e a
aterrissagem exigem o esforço máximo do piloto. A decolagem é essencial para um
vôo bem sucedido. Ela é breve. O piloto faz o máximo possível para atingir a
altura correta com sua aeronave. Da mesma forma, a introdução da mensagem exige
do pregador concentração, esforço e brevidade, a fim de poder dar continuidade
à viagem de maneira tranqüila acima das nuvens, o mais rápido possível. Uma boa
introdução, preparada e memorizada, dá ao pregador segurança, tranqüilidade,
firmeza e liberdade na pregação.
c. Proposição: a proposição bíblica é a
apresentação, explicação e desenvolvimento das grandes idéias doutrinárias,
éticas e espirituais das Sagradas Escrituras, de maneira simples e convincente,
que estimule o ouvinte a aceitá-las e aplicá-las em sua vida. Exemplos:
O homem natural não entende nada das
coisas de Deus.
Todo homem nasce pecador.
Somos salvos inteiramente pelos méritos
de Cristo.
A leitura bíblica é o principal meio
que Deus usa para levar o homem à maturidade cristã.
A verdadeira adoração é uma questão de
espírito e verdade.
Cristo libertou-nos das trevas e
transportou-nos para Seu reino.
O louvor a Deus liberta-nos dos
interesses pessoais.
Encontramos o verdadeiro sábado no
Cristo liberto que ressuscitou dos mortos.
O suicídio na Bíblia é o resultado do
fracasso espiritual.
A vivência diária na santificação
comprova a veracidade e sinceridade da fé salvadora.
A proposição é o resultado do árduo
trabalho exegético e da meditação bíblica. As proposições desenvolvem-se à
medida que analisamos o texto bíblico. As vezes, uma proposição amadurece,
cresce, modifica-se e torna-se mais específica com o avanço do trabalho
exegético. Na meditação bíblica individual, as proposições (verdades
generalizadas e eternas da Bíblia) recebem uma dimensão espiritual, pessoal,
atual e estimulante, que ajuda o ouvinte a abraçar a fé e a crescer na
santificação. O desenvolvimento da proposição ocorre também com o passar do
tempo. Por isso, recomenda-se iniciar a preparação da mensagem dominical já na
segunda-feira. A vivência diária, as visitas pastorais, a reflexão, a pesquisa
exegética e as informações do dia-a-dia ajudam no aprimoramento das
proposições, de maneira que se tornem castelos concretos da verdade divina no
século XX, capazes de transformar a vida do pregador e de sua congregação, pois
emanam do realismo bíblico e da exegese aplicada a nossos dias.
As palavras-chave de um texto bíblico ajudam-nos a chegar às
proposições. A seguinte série de possíveis palavras-chave não tem limites, e
estas servem apenas como assuntos.
abordagens compensações dons
abusos compromissos doutrinas
acontecimentos compulsão dúvidas
barreiras descobrimentos expressões
bênçãos descobertas
benefícios desejos facetas
caminhos desinteresse falhas
características detalhes fardos
causas deveres fases
forças meios provas
formas melhoramentos providências
fracassos mentiras
ganhos modos razões
garantias momentos reações
generalizações motivos realidades
habilidades necessidades recusas
hábitos negações reflexões
ideais nomes remédios
idéias notas requerimentos
ídolos objeções
reservas
julgamentos perigos tipos
justificação períodos tópicos
juiz permutas totalidades
lealdade pontos transigências
leis possibilidades
lições práticas urgências
males problemas vantagens
manifestações processos verdades
marcas profecias virtudes
zelo
"A 'Palavra Chave' geralmente envolve o uso de um 'Verbo
Transicional', que é sempre um verbo 'transitivo', que requer um objeto, ou um
verbo emparelhado com uma preposição que requer um objeto. Num ou noutro caso,
o objeto é a 'Palavra Chave'. Os seguintes 'Verbos Transicionais' são colocados
em combinações naturais com 'Palavras Chaves', para demonstrar o seu uso
normal.
'Este texto levanta... questões'
'O Senhor faz... promessa'
'O apóstolo comunica... débitos'
'O profeta fala de... razões'
'A situação clama por... respostas'
'A fidelidade leva a... satisfações"' C. W. Koller, op. cit., pp. 51-52
d. Esboço: a elaboração de um bom esboço é uma arte em si. Todavia , os princípios
para o esquema de um bom esboço são de caráter técnico, podendo ser estudados e
apropriados por qualquer aluno de homilética dedicado.
A preparação sistemática e refletida de um esboço simples, prático
e convincente exige tempo, flexibilidade mental e conhecimento psicológico e
gramatical por parte do pregador. O esboço surge por meio do estudo exegético.
Muitas vezes, ele é extraído do próprio texto bíblico.
O esboço é composto das seções principais de uma mensagem
ordenada, dos pontos de destaque da prédica, que formam os passos lógicos de
seu desenvolvimento. Ele pode ser composto dos argumentos fundamentais, das
respostas básicas ou das exclamações centrais do sermão.
Não é indispensável que cada esboço tenha três pontos principais,
embora, na prática, isso muitas vezes corresponda à realidade. O esboço pode
ser composto de apenas dois pontos ou até de oito ou nove aspectos principais.
O bom senso do pregador, assim como o nível médio dos ouvintes, determinam os
pontos do esboço. Não é recomendável ter 19 tópicos num só esboço, nem
apresentar seis subesboços no esboço principal do sermão. As subdivisões do
esboço-chave da mensagem não devem constituir um novo esboço central. Isso
apenas confunde o auditório.
Sugerimos, portanto, um esboço principal composto de dois a cinco
pontos, como regra básica. Se você tiver mais do que isto, será melhor
subdividir o tema e apresentá-lo em duas mensagens.
A elaboração de um bom esboço não é uma regra homilética, um dever
do pregador, mas uma ajuda homilética para apresentar um sermão ordenado. Um
esboço bem ordenado e harmônico ajuda o pregador a obter clareza de idéias.
Através do esboço, os tópicos principais da mensagem são colocados em ordem
lógica e conseqüente. O esboço bem preparado ajuda também o pregador a obter
unidade de pensamento. É muito fácil os pensamentos do pregador saírem da
linha, incompatibilizarem-se mutuamente ou até se repetirem.
Finalmente, o esboço previamente estruturado e anotado no
manuscrito ajuda o pregador a lembrar-se do conteúdo do sermão, de maneira que
ele se torna mais independente de suas anotações.
A grande vantagem de um esboço bem patente para a congregação é
que ele esclarece os pontos principais do sermão. Outra vantagem é que o
ouvinte lembra-se com mais facilidade das afirmações-chave do texto bíblico, as
quais serviram como base para a mensagem. Em muitos casos, o esboço do pregador
consegue ser tão simples, claro e convincente que o ouvinte ainda se recorda da
prédica após dez anos, quando relê a passagem bíblica. Portanto, um bom esboço
tem seu valor didático e espiritual, levando o cristão a crescer em sua fé.
Entretanto, quais são os princípios que devemos aplicar para
fazermos um esboço ordenado? Em primeiro lugar, ele deve corresponder ao tema.
Não adianta escolher o tema "a videira verdadeira" e, no esboço,
referir-se ao significado, à necessidade, à urgência, aos métodos e aos
resultados do arrependimento. O esboço deve corresponder ao tema, assim como os
frutos correspondem à árvore. Conseqüentemente, o esboço emana do tema, assim
como o tema emana do texto bíblico que fundamenta o sermão.
Em segundo lugar, o esboço deve corresponder também ao texto
bíblico. Em muitos casos, o próprio texto bíblico oferece um esboço natural
para o sermão.
Em terceiro lugar, os pontos individuais do esboço devem ser
totalmente distintos, pois cada argumento é uma parte integrante de toda a
estrutura do sermão. Não adianta repetir no terceiro ponto, com palavras
semelhantes, o que já foi esclarecido no primeiro. A repetição ou semelhança de
pensamentos, afirmações, interrogações, exclamações ou argumentos no esboço é o
erro mais comum dos pregadores iniciantes.
Em quarto lugar, o esboço precisa ser ordenado seqüencial e
progressivamente. Seqüencialmente, a fim de mostrar coerência lógica de
pensamento, e progressivamente, por motivos retóricos e psicológicos. Deixe o
argumento mais importante, o ponto alto, para o final da mensagem, visando
garantir que o auditório o acompanhe através de toda a prédica.
Em quinto lugar, o esboço tem de apresentar coerência lógica. O
esboço ordenado não se contradiz, não complica, não deixa dúvidas; pelo
contrário, elimina dúvidas.
Em sexto lugar, o esboço deve ser elaborado harmonicamente. Use
três afirmações, três exclamações ou três interrogações, mas nunca misture uma
afirmação com uma interrogação ou uma exclamação com uma pergunta.
Em sétimo lugar, o esboço também deve estar gramaticalmente
correto e coerente. Comece quatro vezes com o artigo masculino ou com o
feminino; ou três vezes com os verbos principais, com substantivos, i. e.,
sempre na mesma ordem gramatical. Seus pontos encontram-se todos no presente,
no passado ou no futuro. Nunca misture os tempos! Agostinho já ensinava:
"Distingue tempora et concordabis Scriptura."
Em oitavo lugar, cada ponto do esboço deve conter uma só idéia; do
contrário, confundiremos o ouvinte. Cada ponto também deve esclarecer
completamente seu tópico único. Não é recomendável iniciar uma idéia nova sem
ter exposto a anterior claramente.
Em nono lugar, o bom esboço emprega o menor número possível de
pontos. O excesso de pontos comprova a superelaboração da prédica e não ajuda o
auditório a lembrar-se dos pensamentos-chaves do texto bíblico.
Em décimo lugar, é dever moral do pregador não elaborar um esboço
ambíguo ou escandaloso.
Finalmente, recomenda-se também que o esboço seja rítmico. Com
isto, referimo-nos à rítmica gramatical das palavras. Num esboço de três
pontos, por exemplo, você empregaria três palavras principais que terminam com:
são, ação, ável, o, a, ismo, tude, ar, er, ir ou dade. Exemplos:
Texto: João 19.17-18
Título: "O lugar
chamado Calvário"
Esboço: 1. Era lugar de
crucificação.
2. Era lugar de separação.
3. Era lugar de exaltação.
Texto: 1 Timóteo 2.4
Título: "A visão
mundial de Deus"
Esboço: 1. É uma visão da
humanidade.
2. É uma visão da eternidade.
3. É uma visão da verdade.
e. Discussão: "as divisões principais e as subdivisões não
passam do esqueleto do sermão, e servem para indicar as linhas de pensamento a
serem seguidas ao apresentá-lo. A discussão é o descobrimento das idéias
contidas nas divisões". J. Braga, op. cit., p. 144.
A elaboração e redação do sermão (latim: elocutio) merece
diligência, exatidão e tempo do pregador. Um tema interessante e um bom esboço
não são suficientes para garantir um fluxo agradável de pensamentos na
mensagem. A questão do estilo é negligenciada por muitos pregadores e, por
isso, a mensagem torna-se enfadonha, complexa e desordenada. O estilo fraco do
pregador é capaz de destruir suas melhores idéias. Os aspectos a seguir ajudam
a melhorar as discussões da prédica.
A boa prédica é caracterizada pela unidade de pensamento vista em
todas suas discussões. O tema, o esboço, as subdivisões, o descobrimento, as
ilustrações e os exemplos refletem a unidade de pensamento do pregador. Suas
idéias não se desviam para nenhum lugar. Parece que o pregador tem um assunto
só, apesar de seu esboço de três pontos.
As frases devem ser breves e claras. Orações longas e complexas,
geralmente demonstram pouco preparo e falta de estilo. Depois de ter escrito a
mensagem pela primeira vez, faça uma revisão total e só trabalhe no estilo.
Encurte as frases, subdivida-as. Indague se todos entenderão suas idéias, se as
expressões que você usou são claras.
A sintaxe, as palavras, o linguajar e o estilo têm de ser simples.
O bom professor ou orador é aquele que é capaz de explicar as coisas mais
difíceis com simplicidade. Isso não significa que o pregador não possa empregar
uma palavra técnica ou estrangeira, visto que estes termos podem ser traduzidos
ou aportuguesados de forma simples. O estilo de Jesus Cristo e o dos maiores
pregadores (Spurgeon, Billy Graham, Luis Palau) comprovam que a simplicidade é
a arte suprema da homilética.
A vitalidade e a variedade são de importância fundamental para o
descobrimento de idéias. O pregador dinâmico é aquele que varia o estilo, o
ritmo, o tom e os gestos. Quem fica eternamente esbravejando faz com que o
ouvinte feche os ouvidos. A mensagem melancólica faz com que a congregação caia
em sono profundo. O palhaço só faz o auditório rir. A vitalidade e a variedade
têm de ser equilibradas, não ofensivas ou agressivas, mas agradáveis e
convidativas. A boa retórica está na vitalidade do pregador e na variedade de
seu estilo. Lembre-se de que vitalidade não é sinônimo de gritaria.
É de grande ajuda para os ouvintes o fato de o pregador falar a
língua do povo. Quando nos referimos à popularidade, não estamos pensando no
pregador, mas em sua comunicação. O sertanejo, por exemplo, usa expressões e
conceitos totalmente desconhecidos do amazonense ou do paulistano.
Aquilo que nós pregamos deve corresponder à verdade e tão-somente
à verdade. Pregamos a Palavra de Deus, que é a verdade (Jo 17.17). Não é lícito
apresentar histórias infundadas, imaginárias e exageradas. A verdade não
fantasia, não busca sensações, mas testemunha com simplicidade e sinceridade. A
verdade não precisa ser colorida ou superlativada.
f. Ilustrações: o significado do termo ilustrar é tornar claro,
iluminar, esclarecer mediante um exemplo. A "ilustração é o meio pelo qual
se lança luz sobre um sermão através de um exemplo. É a apresentação de uma
cena, ou a descrição de uma pessoa ou incidente, com o fim de iluminar o
conteúdo de uma mensagem, ajudando o ouvinte a compreender as verdades que o
pregador proclama". J. Braga, op. cit., p. 171.
Existem formas variadas de ilustração. Ela pode ser: pessoal, é
usada uma experiência pessoal para ilustrar um princípio bíblico; histórica,
quando se emprega um incidente histórico para exemplificar uma verdade bíblica;
literária, quando um escritor é citado para ilustrar uma verdade moral;
técnica, quando se explica um processo técnico, industrial ou agrícola;
científica, quando se refere a assuntos biológicos, químicos ou psicológicos; analógica,
metafórica, alegórica ou parabólica, quando são empregadas figuras de retórica.
O bom uso da ilustração desperta o interesse, enriquece, convence,
comove, desafia, estimula o ouvinte, valoriza e vivifica o sermão, além de
relaxar o pregador. É bom lembrar que a ilustração nunca substitui o argumento
bíblico fundamentado na Palavra de Deus. A ilustração tem apenas uma função
psicológica e didática, para tornar mais claro aquilo que o texto revela.
Recomendações práticas para o bom uso de ilustrações:
1. Pregue a Palavra e não ilustrações.
2. Use no máximo duas ou três ilustrações por sermão.
3. Empregue ilustrações patentes e verídicas.
4. Comente as ilustrações com simplicidade e naturalidade, sem
exagero e sem espírito crítico, lembrando-se de que os exemplos bíblicos são as
melhores ilustrações.
g. Aplicações: já explicamos detalhadamente a aplicação do texto
do sermão: a necessidade, as possibilidades e as formas de aplicação. Enquanto
a ilustração esclarece e ilumina a verdade bíblica, na aplicação, o ouvinte é
confrontado direta e pessoalmente com o ensino da Bíblia. Através da aplicação,
ele é convidado à reflexão, ao posicionamento, à mudança pessoal diante das
afirmações das Sagradas Escrituras. Ao aluno que deseja estudar mais
profundamente a questão da aplicação, recomendamos a leitura de Como preparar
mensagens bíblicas, de J. Braga, cap. 11, pp. 185-207.
h. Conclusão: a boa mensagem merece cuidados especiais em sua
conclusão. Esta não é o mero fim, o ponto final da prédica. É o ponto culminante,
o que fala mais diretamente ao ouvinte. Numa mensagem evangelística, é marcada
pelo convite à salvação. Mas seria um crime espiritual apenas lançar
formalmente o convite sem explicá-lo, sem mostrar como aceitá-lo. Lembre-se de
que, no apelo, dirigimo-nos à vontade, à consciência e aos sentimentos do
ouvinte. O apelo não deve ser forçado ou prolongado, mas simples, discreto e
não ofensivo. Outra maneira de concluir a mensagem, principalmente quando o
conteúdo for didático, é fazer uma breve recapitulação. Ao usar este método, o
pregador deve ter cuidado para não usar mais do que cinco minutos. Seja como
for sua conclusão (evangelística ou didática), a última imagem ou impressão que
o pregador deixa para o auditório é a que fica gravada na memória. Para obter
informações adicionais, veja PES, pp. 121-131.
AS TRÊS FORMAS PRINCIPAIS DE SERMÃO
Tradicionalmente, as obras homiléticas diferenciam três tipos de
sermão: o sermão temático (também chamado de sermão de tópico), cujos
argumentos resultam do tema, independentemente do texto; o sermão textual,
cujos argumentos principais são tirados do texto bíblico; e o sermão
expositivo, cujos argumentos giram em torno da exposição exegética completa do
trecho bíblico em pauta.
Atualmente, esta classificação está sendo questionada por ser
artificial (ociosa), confusa, inútil, teórica e restritiva, pois qualquer
mensagem bíblica é: temática, por ter um tema principal; textual, porque se
baseia em um ou alguns textos bíblicos; e também expositiva, visto que expõe as
idéias da Palavra de Deus. "Cada sermão, pelo seu texto, pelo seu tema,
pela sua tese e pela sua argumentação, torna-se uma peça original, única,
específica, que não comporta classificação genérica em particular. É verdadeira
perda de tempo o que se tem feito nesse sentido". PMS, p. 43.
Reconhecemos que existem várias maneiras de se classificarem os
sermões. Poderíamos agrupar as mensagens conforme seu conteúdo ou assunto
principal, sua estrutura, seu método psicológico (indutivo, expositivo) ou
ainda sua categoria eclesiástica (evangelísticas, exortativas, doutrinárias, de
avivamento, devocionais, inspirativas, consoladoras, nupciais, natalícias,
cívicas, fúnebres, festivas etc.).
O sermão temático (tópico)
É aquele cuja divisão é extraída do tema. Em outras palavras,
divide-se o tema, não o texto de onde o tema é tirado.
Vantagens do sermão temático:
1. É o de divisão mais fácil. De fato, é o mais simples. É mais
fácil dividir um tema do que um texto, visto que este é mais complexo.
2. É o de lógica mais fácil. O sermão temático é o que mais se
presta à observação da ordem e da harmonia das partes.
3. Conserva melhor a unidade. A proporção entre o primeiro e o
último ponto e a relação de harmonia entre estes e o tema constituem o segredo
de sua unidade. Assim, é mais fácil ser mantido até o fim.
4. Presta-se melhor à discussão de temas morais, evangelísticos e
ocasionais.
5. Adapta-se melhor à arte da oratória.
Desvantagens desse tipo de sermão:
1. Exige muito controle do pregador para evitar divagações ou generalidades
vazias e inexpressivas.
2. Requer um estilo mais apurado e formal do que os outros tipos.
3. Exige mais imaginação e vigor intelectual, visto que se presta
mais ao uso de símiles, metáforas e analogias.
4. Exige mais cultura geral e teológica, já que não está limitado
à análise do texto.
5. Exige mais conhecimentos da lógica e da dialética, pois tende a
discussões apologéticas.
6. Há o perigo de desprezar o uso abundante das Escrituras.
Exemplo:
TEMA: A DÁDIVA SUPREMA DE DEUS
TEXTO: João 3.16
INTRODUÇÃO: As dádivas são muito apreciadas por todos os homens.
Esta apreciação chega ao ponto de existirem casas comerciais que exploram a
venda de artigos específicos para presentes. De fato, a vida social perderia
muito de seu encanto se os amigos e parentes não se presenteassem. Os homens
aprenderam ou herdaram isso de Deus. Deus é o autor das dádivas. "Toda boa
dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não
pode existir variação ou sombra de mudança" (Tg 1.17). E, entre as dádivas
que vêm de Deus, há uma que é suprema, a qual muitos ainda não quiseram
receber, embora lhes seja diariamente oferecida.
DIVISÃO:
I. Em que consiste esta dádiva
1. Não consiste apenas em valores materiais ou nas ricas e
abundantes coisas criadas por Deus e colocadas à disposição do homem:
a. os animais que lhe servem de alimento, aumentam suas posses ou
ajudam no trabalho;
b. os rios, lagos, mares e florestas, de onde extrai a substância,
o conforto e os recursos para viver;
c. os minerais (minérios e pedras preciosas), com os quais se
enriquece e obtém matéria-prima.
Todas estas coisas são dádivas de Deus, mas não são dádivas
supremas.
2. Consiste, na verdade, em uma pessoa: Jesus Cristo, Seu Filho
Unigênito.
II. O valor desta dádiva
1. Não há outra maior do que ela, visto que se trata do Filho de
Deus.
a. Quem dá um Filho que ama, dá o melhor que possui.
b. Quem dá um Filho que ama, dá a própria vida.
2. Não há outra melhor do que ela, visto que Deus deu o melhor que
possuía no céu e na terra.
3. Não há outra melhor do que ela, visto que Jesus encerra as
perfeições divinas e humanas.
III. A finalidade desta dádiva
1. Toda dádiva tem uma finalidade:
a. agradar;
b. honrar;
c. beneficiar;
d. provar o grau de amor ou amizade;
e. demonstrar gratidão;
f. retribuir favores recebidos;
a. visa demonstrar Seu grande amor pelos homens. "Deus amou o
mundo..."; "mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato
de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores";
b. visa revelar Sua misericórdia e santo propósito aos homens,
"para que não pereçam";
c. visa, finalmente, enriquecer os homens com a posse do tesouro
mais precioso da vida a salvação "para que tenham a vida eterna".
IV. A quem é oferecida esta dádiva
a. aos melhores amigos;
b. aos homens mais dignos;
c. aos parentes mais queridos.
2. Deus, porém, oferece Sua dádiva suprema:
a. não aos melhores homens do mundo "se vós, sendo
maus...";
b. não aos justos "não há justo, nem um só; "... não vim
chamar os justos..."
c. mas aos pecadores perdidos "mas chamar os pecadores ao
arrependimento"; "porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o
perdido"; pois "fiel é a palavra"; e "todos pecaram e
carecem da glória de Deus".
O sermão textual
É o sermão cuja divisão baseia-se no texto. Neste caso, divide-se
o texto e não o tema. Há três modalidades de sermão textual.
O sermão textual natural ou puro é aquele cujas divisões são
feitas de acordo com as declarações originais do texto, tais como se encontram
na Bíblia. Em conseqüência, as subdivisões devem ser constituídas
preferencialmente da citação de textos.
O sermão textual analítico baseia-se em perguntas feitas ao texto,
tais como: Onde? Que? Quem? Por que? Para que? As respostas são dadas pelas
declarações ou frases de que o texto é constituído. Neste caso, os pontos
principais expressam-se em forma interrogativa.
No sermão textual por inferência, as orações textuais são reduzidas
a uma expressão sintética ou palavra que encerra o conteúdo, sendo, portanto, a
essência da frase ou declaração. Esta modalidade presta-se à análise de textos
que não podem ser divididos naturalmente.
Vantagens do sermão textual:
1. É profundamente bíblico.
2. Exige do pregador um conhecimento profundo das Escrituras.
3. Obriga o pregador a estudar constantemente a Bíblia.
4. É o que mais se presta à doutrinação dos cristãos.
5. É o que mais se adapta ao pregador de cultura mediana, mas com
vasto conhecimento das Escrituras e de certos tratados teológicos.
6. É muito apreciado pelo povo.
Exemplo:
TEMA: O PRIVILÉGIO
DIVINO DOS CRISTÃOS
TEXTO: 1 Pedro 2.9-10
INTRODUÇÃO: O crente em Jesus Cristo é um ser privilegiado por Deus.
Talvez não seja honrado pelo mundo, mas, seja quem for, é sempre honrado por
Deus, que o cobre de privilégios divinos e celestiais. Eis aqui alguns desses
privilégios, entre muitos:
I. A raça eleita
1. Eleitos ou escolhidos não segundo nossas obras, mas conforme o
propósito e a graça de Deus 2 Tm 1.9.
2. Eleitos segundo a presciência de Deus para a vida eterna 1 Pe
1.2; Mt 25.34,46.
3. Eleitos para testemunhar as grandezas de Deus 1 Pe 2.9.
4. Eleitos para serem segundo a imagem de Jesus Rm 8.29.
II. O sacerdócio real
1. Como sacerdotes, podem se aproximar de Deus por meio de Jesus
Cristo Hb 4.14-16.
2. São sacerdotes para oferecerem eles mesmos sacrifícios
espirituais a Deus 1 Pe 2.5.
3. Os cristãos, como sacerdotes de Deus, têm como sumo sacerdote
Jesus Cristo Hb 4.14-15.
III. A nação santa
1. Os cristãos são santos porque alcançaram misericórdia mediante
Jesus Cristo 1 Pe 2.10.
2. Os cristãos são santos porque foram separados do mundo e do
pecado para a glória de Deus, bem como para Seu serviço Tt 2.14.
3. Os cristãos são santos porque participam da natureza de Deus 1
Pe 1.15-16.
IV. O povo adquirido
1. Cristo resgatou-nos e adquiriu-nos para Si, pagando por nós o
preço de nossa redenção At 20.28.
2. Cristo resgatou-nos da maldição e da morte para termos vida
eterna e sermos Sua herança Ef 1.18.
3. Cristo adquiriu-nos não com prata e ouro, mas com o preço do
sangue imaculado 1 Pe 1.18.
4. Os cristãos são propriedade de Deus, são Seu povo, e não
pertencem mais ao mundo 1 Pe 2.20.
CONCLUSÃO: Se temos tais privilégios e honras, vivamos para Deus
e, dentro de nossas forças e com Sua graça, realizemos Sua vontade e Seu
propósito no mundo; anunciemos as virtudes dAquele que "nos chamou das
trevas para Sua luz", do nada para Sua glória, da morte para a salvação,
da terra para o céu.
Exemplo de sermão por inferência:
TEMA: O SEGREDO DE
VIVER BEM
TEXTO: 1 Pe 3.10-12
INTRODUÇÃO: Viver bem, isto é, em harmonia com o próximo e em paz
com todos os outros homens, com amor e respeito, deve ser o ideal de todo o
homem honesto. Entretanto, ninguém está mais capacitado para viver essa vida
ideal do que o cristão, pois, além de ser ajudado pela graça de Deus, é também
orientado pelos ensinamentos do cristianismo. Neles, vamos encontrar o segredo
de viver bem. Consideremos, pois, em que consiste este segredo encontrado nos
ensinos cristãos.
I. Consiste em trazer a língua sempre refreada
3. O refreamento da língua é sinal de sabedoria, de
espiritualidade e de crescimento na graça Pv 15.2,28.
II. Consiste em repudiar a mentira
"E os seus lábios não
falem engano".
1. Porque a mentira é do diabo e o que mente é seu filho Jo 8.44;
Ef 4.25.
2. Porque o justo aborrece a mentira Pv 13.5; 12.19.
3. Porque o mentiroso não entra no reino do céu Ap 22.11.
4. Porque o mentiroso vive sempre perturbando e não poderá fugir
do castigo Pv 13.3, 19.l5.
III. Consiste em ser inimigo do mal e amigo do bem
"Aparte-se do mal e
faça o bem."
1. O caminho do mal é do ímpio e perece Pv 4.19, Sl 1.6.
2. O caminho do bem é do cristão e permanece para sempre Is 25.7,
Sl 1.6.
3. O crente não deve só fugir do mal, mas sempre pagar o mal com o
bem Rm 12.19-20.
4. Praticar o bem e detestar o mal é uma elevada expressão do
caráter cristão 1 Pe 2.15.
IV. Consiste em ser amigo da paz
"Busque a paz e
siga-a."
1. Porque o cristão tem paz com Deus por Jesus Cristo Rm 12.1.
2. Porque é dever do cristão viver em paz com todos os homens Rm
12.1.
3. Porque o pacificador é filho de Deus e bem-aventurado Mt 5.9.
4. Porque Jesus Cristo é o Príncipe e doador da paz Is 9.6, Jo
14.27.
CONCLUSÃO: Diante do exposto, é nosso dever pôr em prática esses
elementos ou normas para vivermos bem, por três motivos:
1. Porque assim agradamos ao Senhor e glorificamos o Seu santo
nome.
2. Porque estaremos construindo nossa própria felicidade.
3. Em terceiro e último lugar, porque faremos também a felicidade
dos outros.
O sermão expositivo
O sermão expositivo tira da Palavra de Deus os argumentos
principais da exegese ou exposição completa de um trecho mais ou menos extenso.
O Dr. C. W. Koller, famoso professor de homilética, define o sermão expositivo
com estes dois argumentos:
"(1) O 'Sermão Expositivo' consiste da 'Exposição' mais
aplicação e persuasão (argumentação e exortação). Uma 'exposição' torna-se um
sermão, e o mestre torna-se pregador, no ponto em que é feita uma aplicação ao
ouvinte, com vistas a alguma forma de resposta, em termos de fé ou entrega.
(2) O 'Sermão Expositivo' extrai os seus principais pontos, ou o
subtítulo dominante de cada ponto principal, do particular parágrafo ou
capítulo do livro da Bíblia de que trata". C. W. Koller, op. cit., p. 17.
J. Braga define o sermão expositivo como aquela mensagem "em
que uma porção mais ou menos extensa da Escritura é interpretada em relação a
um tema ou assunto. A maior parte do material deste tipo de sermão provém
diretamente da passagem, e o esboço consiste em uma série de idéias
progressivas que giram em torno de uma idéia principal". J. Braga, op.
cit., p. 47.
Características do sermão expositivo:
1. Unidade. Não é um mero comentário de textos bíblicos e, sim,
uma análise pormenorizada e lógica do texto sagrado.
2. Presta-se melhor à exposição contínua de um livro bíblico
inteiro ou de uma doutrina.
3. É de grande valor para o desenvolvimento do poder espiritual e
da cultura teológica do pregador e de sua congregação.
4. Inclina-se mais à interpretação natural das Escrituras do que à
alegórica.
5. É o método mais difícil, apreciado pelos que se dedicam à
leitura e ao estudo diário e constante da Bíblia.
Exemplos:
TEMA: DOIS TIPOS DE
CRISTÃO
TEXTO: Lucas 10.38-42
INTRODUÇÃO: Todos os cristãos são discípulos de Jesus, sendo
salvos por Sua divina graça; mas nem todos são iguais. De fato, estudando as
atitudes das duas discípulas de Betânia, Marta e Maria, a quem o Senhor amava e
em cuja casa gostava de estar, descobrimos nelas dois tipos de cristão.
Vejamos, pois, em face do texto, quais são esses tipos.
I. Cristãos mais preocupados com o aspecto material da vida cristã
do que com o espiritual v. 40.
1. Marta, não obstante ter sido uma boa crente, representa esse
tipo de cristão.
2. Notemos que Marta provavelmente estava preparando uma refeição
para o Senhor e Seus discípulos v. 38.
3. Ou, talvez, após oferecer a refeição, tenha se dedicado a
outros trabalhos domésticos, aos quais deu mais importância do que ao
aprendizado dos mistérios do reino de Deus, aos pés de Jesus v. 42.
4. Essa atitude arrastou Marta como também acontece com qualquer
cristão aos seguintes estados:
Viver preocupado "te preocupas com muitas cousas".
Queremos fazer diversos negócios ao mesmo tempo e preocupamo-nos com a possibilidade
do prejuízo ou do fracasso.
Viver ansioso "Marta, estás ansiosa". A ansiedade é
fruto de alguma preocupação de ordem material ou moral, a falta de confiança na
providência de Deus. Ela pode gerar graves distúrbios físicos com conseqüências
fatais.
Viver perturbado "Marta, andas perturbada". O cristão
que coloca os valores materiais em primeiro plano em sua vida não pode deixar
de ter perturbações, porque quase sempre confia mais em sua própria habilidade
do que no Senhor, para solucionar seus problemas.
Censurar os cristãos mais espirituais ou chamá-los de fanáticos,
porque preocupam-se mais com as coisas do reino de Deus. "Senhor, não te
importas de que minha irmã me deixe servir só?"
5. Desse modo, os cristãos que andam assoberbados de serviços e
negócios não dispõem de tempo:
para falar com o Senhor em oração;
para ler Sua Palavra e nela meditar;
para dar testemunho do poder salvador de Jesus;
para ir à igreja ou tomar parte das atividades eclesiásticas.
II. Cristãos que se preocupam mais com o aspecto espiritual da
vida cristã do que com o material v. 42.
1. Maria sabia que era seu dever ajudar a irmã no serviço
doméstico; entretanto, sentia que maior era o dever de ouvir e aprender de
Jesus aquilo que ninguém poderia ensinar melhor do que Ele.
2. Os serviços domésticos, sempre ela os poderia fazer, mas ouvir
a Palavra da vida dos lábios de Jesus era raro. Por esse motivo, não queria
perder tal oportunidade. Assim deve proceder todo cristão.
3. Não há prejuízo, mas somente lucro em pararmos um pouco as
atividades materiais ou nossos negócios a fim de nos dedicarmos ao serviço e
interesses do reino de Deus.
4. Os cristãos que submetem seus interesses aos de Jesus sempre:
são espirituais;
são fervorosos;
não têm preocupações
obsessivas de ordem material;
são confiantes na
providência e no amor de Deus;
têm paz e tranqüilidade de
espírito;
têm satisfação e prazer em
ser cristãos;
escolhem a melhor parte,
que jamais lhes será tirada, e crescem "na graça e no conhecimento de
Jesus".
CONCLUSÃO: A que tipo pertencemos nós? Se do tipo de Maria, somos
bem-aventurados. Entretanto, não nos devemos orgulhar disso, mas persistir
humildemente no mesmo caminho. Se, porém, somos do tipo de Marta, atendamos às
advertências carinhosas do Senhor e mudemos de rumo para nossa felicidade e
para a glória de Seu nome.
TEMA: A VERDADEIRA
ADORAÇÃO E OS VERDADEIROS
ADORADORES
TEXTO: João
4.19-24
ESBOÇO: Introdução: A
problemática da adoração em nossas igrejas
I. O significado da
adoração
1. No grego clássico
2. No Antigo Testamento
3. No Novo Testamento
II. O lugar da adoração
(4.20-21)
1. Para os samaritanos:
Gerizim
2. Para os judeus:
Jerusalém
3. Para os cristãos:
não importa o lugar
III. A atitude de adoração (4.21-24)
1. O verdadeiro
adorador adora o Pai (4.21,23)
2. O verdadeiro
adorador adora em espírito (4.23-24)
3. O verdadeiro
adorador adora em verdade (4.23-24)
TEMA: A ORAÇÃO SACERDOTAL DE CRISTO
TEXTO: João 17.1-26
ESBOÇO: Introdução: A importância da vida de oração
1. O nome desta oração (17.1)
2. O valor desta oração (17.1)
3. O motivo desta oração (17.2-3)
4. O tempo desta oração (17.1)
5. O receptor desta oração (17.1, 5, 11, 21, 24, 25)
6. O conteúdo desta oração
A oração de Jesus por Si mesmo (17.1-5)
A oração de Jesus por Seus apóstolos (17.6-19)
A oração de Jesus por Sua Igreja em todo o
tempo (17.20-26)
7. O propósito desta oração
A revelação de Sua glória (17.1-5)
A conservação dos Seus (17.6-16)
A santificação dos Seus (17.17-19)
A unificação dos Seus (17.20-23)
A glorificação de Sua pessoa (17.24-26)
TEMA: NÃO SEJAS INCRÉDULO, MAS CRENTE
TEXTO: João 20.24-29
ESBOÇO: Introdução: Dados biográficos do evangelho
de João a respeito de Tomé: Jo 11.16; Jo 14.5; Jo 20.24-29; Jo 21.2.
I. O ceticismo de Tomé (20.24-26)
1. Apesar dos encontros
anteriores com Cristo
2. Apesar do testemunho
dos apóstolos (20.25)
3. Apesar de oito dias
de reflexão (20.26)
4. Superado pela
presença real do Cristo ressurrecto (20.26)
5. Superado pela
manifestação do Cristo ressurrecto, que
o desafia a colocar seu
dedo em Suas mãos (20.27)
6. Superado pela
palavra de encorajamento do Cristo
ressurrecto: não seja
mais incrédulo, mas crente (20.27)
II. A confissão de Tomé
1. Uma confissão
pessoal: "Senhor meu, Deus meu!"
2. Uma confissão do
senhorio de Cristo: "Senhor meu ..."
3. Uma confissão da
divindade de Cristo: "Senhor meu, Deus meu!"
III. O compromisso de Tomé
1. O grande apóstolo
mencionado quatro vezes no evangelho de João.
2. O grande apóstolo
que levou o evangelho à Índia.
CONCLUSÃO: Não sejas incrédulo, mas crente.
A APRESENTAÇÃO DO SERMÃO
Existem três métodos típicos de apresentação do sermão: a leitura
do sermão, a memorização parcial da mensagem e a pregação sem anotações.
a) Leitura
É muito comum nos meios políticos apresentar um discurso sob forma
de peça literária (numa assembléia, na Câmara, no Senado, em solenidades
públicas, quando o presidente fala em cadeia nacional de televisão e rádio, nos
fóruns, nos comícios políticos etc.).
Vantagens da leitura do sermão:
1. Demonstra a habilidade do pregador para escrever ou redigir.
Isto é importante, porque o pregador pode tornar-se escritor ou jornalista e
estará capacitado a enfrentar polêmicas na imprensa.
2. Habilita o pregador a ter e desenvolver um estilo sempre
correto, perfeito e atraente, visto que se empregam as palavras com bastante
cuidado e segurança.
3. Aprimora o conhecimento preciso da língua portuguesa. O
pregador pode consultar um dicionário e uma gramática antes do discurso.
5. Os componentes do sermão são também distribuídos em ordem
lógica e proporcional.
6. Conserva melhor a unidade do sermão.
7. Evita que o pregador vá para o púlpito nervoso e preocupado com
o que tem a dizer.
8. Exige menos tempo para dizer o que tem de ser dito.
9. Podem-se citar mais textos bíblicos e com maior precisão.
10. O sermão pode ser reproduzido a qualquer tempo, sem prejuízo
de um só pensamento, ou publicado em qualquer ocasião.
11. Fixa a mente do pregador no texto ou tópico-base.
Desvantagens da leitura do sermão:
1. O pregador fica preso à leitura e pode perder o contato com o
auditório, não observando com segurança suas reações.
2. O pregador fica prejudicado na arte da gesticulação, fator
importante para enfatizar as palavras e manter presa a atenção do auditório.
3. O sermão pode se tornar monótono e de tom acadêmico.
4. Cansa muito o pregador.
5. Exige muito tempo para ser escrito.
6. Tira a espontaneidade, o contato pessoal e a vivacidade.
7. Restringe a liberdade mental do pregador de reformular, adaptar
e improvisar na hora.
8. Não é simpático ao povo; o pregador perde o crédito intelectual
e o prestígio.
9. Nem todo pregador sabe ler de maneira que impressione e atraia.
b) Memorização parcial
Na memorização parcial, a mensagem é escrita, memorizada,
parcialmente decorada (introdução, frases importantes e conclusão) e
parcialmente recitada.
Vantagens da memorização parcial do sermão:
1. Possui as mesmas vantagens já estudadas no método anterior.
2. Possui ainda a vantagem de exercitar e desenvolver a memória.
3. Deixa o pregador livre para gesticular e estar em contato
direto com seu auditório.
4. Parece mais natural.
5. Impressiona mais e produz melhores efeitos.
Desvantagens da memorização parcial do sermão:
1. O pregador pode esquecer uma palavra ou frase, o que põe em
risco todo o sermão, em virtude da perturbação emocional que isso produz no
pregador e da má impressão que causa no auditório.
2. Pode levar o orador a generalizar e a fazer dissertações vagas
no desenvolver do discurso.
3. O estilo não será tão apurado e elegante como o dos sermões
escritos.
4. O pregador pode perder o hábito de escrever bem, visto que tem
facilidade para falar livremente.
5. O sermão não pode ser reproduzido com os mesmos pensamentos,
idéias, imagens e figuras de retórica da ocasião anterior.
c) Pregação sem anotações (de enunciação livre)
Pregar sem manuscrito nenhum é a arte mais sublime e difícil da
homilética. Poucos pregadores dominam essa arte. O famoso orador Cícero (106-43 a . C.), que cativou a
capital do Império Romano com sua eloqüente oratória, declarou: "Na
alocução, em seguida à voz e à eficácia, vem a fisionomia; e esta é dominada
pelos olhos. O poder de expressão do olhar humano é tão grande que, de certa
maneira, ele determina a expressão do semblante todo". J. A. Broadus, On The Preparation and
Delivery of Sermons (Nova Iorque, 1944) p. 350.
A. W. Blackwood lembra-nos de que a pregação espontânea foi o
método de Jesus, dos profetas e apóstolos, que pregavam "de coração para
coração e olho para olho". A. W. Blackwood, A Preparação de Sermões (Rio
de Janeiro: ASTE/JUERP, 1981) p. 206.
C. H. Spurgeon (1834-1892), o rei dos pregadores, e G. C. Morgan
(1863-1942), o maior expositor bíblico do século XX, pregavam desse modo.
Vantagens da prédica sem anotações:
1. O pregador gasta menos tempo no preparo literário do sermão.
2. O pregador habitua-se a pensar logicamente.
3. O pregador habitua-se a pensar rapidamente.
4. Os textos ficam livres.
5. O contato psicológico entre o pregador e o auditório não sofre
solução de continuidade.
6. Dá oportunidade ao pregador de usar ao máximo os recursos
naturais de sua imaginação e de sua oratória.
7. O pregador fica livre para expandir seu temperamento entusiasta
e ardoroso, podendo tornar-se vibrante, eloqüente e impressionante.
8. O pregador pode dispor de mais tempo no preparo das partes
essenciais dos sermões.
9. O pregador fica livre para aproveitar a iluminação e o auxílio
do Espírito, bem como para utilizar idéias, palavras e ilustrações que ocorram
no momento.
10. Este era o método usado por Jesus e Seus apóstolos.
11. É o método mais popular e consagrado na história da oratória
sacra.
Desvantagens do sermão sem anotações:
1. Nem todos os pregadores têm condições de memorizar toda a
mensagem. Isto depende muito da capacidade mnemônica do orador.
2. O pregador investe muito tempo na memorização total de sua
mensagem, a não ser que fale de improviso.
3. Num caso de falha da memória, o improviso pode tomar conta do
sermão.
4. O pregador não pode citar tantos trechos das Escrituras, a não
ser que os decore.
6. O nível de ansiedade e nervosismo antes do sermão pode ser
maior.
Preparo exigido para a prédica de enunciação livre:
1. O pregador deve exercitar-se em pensar com precisão, rapidez e
lógica, de maneira que seus pensamentos sejam claros, simples e de fácil
compreensão.
2. Deve cuidar do aperfeiçoamento de sua linguagem e estilo, ora
enriquecendo seu vocabulário, ora lendo autores clássicos.
3. Ao planejar o sermão, deve fazê-lo em ordem lógica e bem
concatenada, de modo a facilitar o desenvolvimento harmônico e fluente do
pensamento.
4. Deve evitar levar notas escritas para o púlpito, além do esboço
do sermão.
5. Se possível, é mais conveniente memorizar o esboço, a fim de
não ficar escravo das notas e poder falar com maior liberdade de ação.
6. Não deve esquecer o cuidado com a saúde, a fim de ter força e
boa disposição física para pregar.
7. No preparo do esboço, o pregador deve pedir sempre o auxílio e
a iluminação do Espírito Santo, tanto no arranjo técnico do sermão quanto na
própria pregação.
Embora recomendemos ao pregador que seja o mais livre possível em
suas pregações e que tenha o contato visual mais íntimo possível com o ouvinte,
lembramo-nos do velho bispo Edwin H. Hughes que, aos 76 anos de idade, comentou
o pecado mais comum dos pregadores, escrevendo:
"Espontaneidade...
Esta tentação surge quando chegamos à meia-idade... É devastação que assola ao
meio-dia ... O hábito de escrever não é apenas mestre que dirige a indústria, é
guarda contra o desleixo... Tremo ao recordar que quase sucumbi... Se somos
desleixados em nossa preparação, não somos criaturas decentes. Somos seguidores
d'Aquele que disse: 'Devo trabalhar"'. E. H. Hughes, I Was Made a Minister
(Nova Iorque e Nashville, 1943), pp. 311-314.
A memorização do sermão
A forma de apresentação determina a intensidade da memorização.
Todavia, deve-se evitar a fala improvisada (sem estrutura, totalmente
espontânea e livre) e escravizada (completamente presa ao manuscrito). A
maioria dos pastores usa notas, evitando desta maneira investir horas na
memorização total do sermão e diminuindo a tensão nervosa no púlpito:
1. O manuscrito da prédica ajuda na memorização parcial.
Principalmente a introdução, as transições básicas, o esquema do sermão, as
frases de destaque e a conclusão devem ser cuidadosamente memorizados.
2. O sublinhar das frases fundamentais com cores diferentes também
ajuda na memorização.
4. Retirar-se 15 minutos antes da entrega da prédica, para rever a
mensagem, é um método muito comum entre os pregadores.
5. Levantar-se cedo, no domingo de manhã, e reler toda a mensagem
outra vez é um recurso muito usado por pregadores.
6. Certos pregadores apresentam sua prédica primeiro para a
esposa.
7. Sabe-se de alguns pregadores que pregam em voz alta na igreja
diante de bancos vazios, ou no gabinete pastoral, como forma de memorização.
8. Escrever toda a mensagem primeiro e depois memorizar várias
vezes as partes principais parece ser o método mais prático.
A apresentação pública do sermão
Uma boa apresentação não compensa uma prédica regular, mas uma
apresentação pública fraca diminui o testemunho e o brilho da boa prédica.
Portanto, uma boa apresentação pública da prédica é idônea e indispensável à
nossa vocação ministerial.
2. Nosso falar deve ser agradável, claro e dinâmico, sem
teatralidade, brincadeiras, monotonia e gritaria, mas antes ter naturalidade e
ser simpático com o auditório.
3. Nossa apresentação é total, isto é, envolve gestos, atitudes e
aparência. Somos embaixadores de Cristo com todo nosso ser. Então, todo nosso
ser, e não apenas o falar, deve fazer transparecer a majestade, a glória e a
sinceridade divinas, porque a Palavra de Deus nos promete: "Quem vos der
ouvidos, ouve-me a mim..." (Lc 10.16).
A AVALIAÇÃO DO SERMÃO
As obras mais conhecidas de homilética pouco se preocupam com a
avaliação do sermão. H. W. Robinson, que escreveu o excelente livro A Pregação
Bíblica, oferece no apêndice 3 um formulário para a avaliação do sermão (pp.
143-144). O Rev. Plínio Moreira da Silva, que durante 20 anos lecionou na
Faculdade Teológica ABECAR, em Mogi das Cruzes, São Paulo, apresenta em sua
obra uma valiosa ficha de anotações para a crítica homilética. PMS, pp.
115-117. Em ambos os casos, a avaliação é feita por terceiros e só funciona nos
seguintes casos: num seminário teológico, quando a turma de homilética faz a
crítica após o sermão; num encontro de pastores, quando os colegas comentam a
prédica do preletor; num exame teológico para ordenação; ou quando a própria
esposa do pastor oferece uma avaliação sincera e objetiva.
Uma avaliação séria e objetiva do sermão é necessária para que o
pregador se conscientize de suas falhas exegéticas, homiléticas, hermenêuticas,
estilísticas, retóricas, gramaticais, psicológicas ou fonéticas.
O pregador culto sempre estará disposto a ouvir, aprender e
melhorar seu conhecimento e sua prática homilética. Somente um pregador
insensível não admite a necessidade de aperfeiçoamento, polimento e reciclagem
de sua homilética. É uma tristeza encontrar pastores parados no nível em que se
formaram no seminário. A educação teológica e a homilética faz parte dela é uma
responsabilidade contínua e uma necessidade urgente para todos os pregadores.
O alvo principal de qualquer avaliação homilética é o
aperfeiçoamento da prédica. O objetivo não é teórico, mas eminentemente
prático. A avaliação é uma crítica sincera, feita com amor, para superar
problemas homiléticos. Uma boa avaliação é uma espécie de reciclagem teológica,
um processo de auto-conscientização sobre a eficácia do ministério no púlpito.
A homilética é a coroa da preparação ministerial, porque dedica-se à alma
sedenta e envolve-se com o crescimento espiritual do ouvinte. Por isso, a
avaliação ajuda o pregador a cumprir sua missão de arauto e a comunicar Cristo
com mais fidelidade, dedicação, precisão e clareza.
Existem basicamente dois métodos específicos de avaliação do
desempenho homilético do pregador: a avaliação feita por terceiros e a
auto-avaliação.
A maioria das avaliações é feita por terceiros: colegas de turma
no seminário teológico, colegas de ministério, a própria esposa, às vezes um
amigo, presbítero ou diácono chegado ao pregador.
Avaliar a si mesmo não é uma tarefa fácil, porque alguns tendem a
ser otimistas demais, enquanto outros se inferiorizam. Embora a auto-avaliação
corra o perigo de ser subjetiva, ela possui seu valor didático, pessoal e
estimulante. As formas da auto-avaliação são variadas. Uma delas é verificar a
repercussão imediata de sua mensagem no auditório. O pregador sensível percebe
se o auditório o acompanha durante a mensagem.
Um segundo método é o de auto-avaliar-se após a mensagem, em casa. O pregador pode
rever o seu manuscrito e perguntar-se que frases omitiu, quais os pensamentos
que acrescentou. Seria muito bom se ele consertasse os erros de expressão
notados no púlpito, para não repeti-los quando pregar outra vez a mesma
mensagem.
Uma terceira forma é recapitular, polir e melhorar a mensagem
antes de entregá-la pela segunda vez. Sabemos que um carro recém-lançado no
mercado apresenta nos primeiros dois anos suas doenças "infantis"
que, com o aprimoramento, desaparecem. Da mesma forma, o pregador pode auto-avaliar-se
depois do primeiro lançamento do novo sermão e superar os problemas observados,
antes de pregar outra vez sobre o mesmo assunto ou trecho.
O uso de toca-fitas constitui outra maneira de auto-avaliação.
Depois da prédica, o pregador avalia seu próprio sermão na categoria de ouvinte
crítico, podendo até utilizar o formulário de avaliação de Robinson. PB, pp.
143-144.
O pregador mais sofisticado já usa o vídeo como forma de
auto-avaliação. A vantagem deste método é revelar também a aparência, os gestos
e as expressões do pregador.
CÍRCULO HOMILÉTICO
1º passo: Oração (p.
29)
2º passo: Escolha do
texto (pp. 29-30)
3º passo: Exegese do
texto (pp. 30-84)
4º passo: Meditação no
texto (pp. 79-81)
5º passo: Aplicação do
texto (pp. 81-84)
6º passo: Estruturação
da mensagem (pp. 89-110)
7º passo: Redação da
mensagem (pp. 110-114)
8º passo: Memorização
da mensagem (p. 114)
9º passo: Apresentação
da mensagem (pp. 114-115)
10º passo: Avaliação da
mensagem (pp. 115-116)
Neste círculo, recapitulamos todos os passos do nascimento de uma
mensagem, desde a fase inicial até a avaliação, depois da entrega do sermão.
FORMAS ALTERNATIVAS DE PREGAÇÃO
A prédica dominical é de suma importância em nosso ministério de
púlpito. Ela merece toda nossa atenção, diligência e concentração. A prédica é
a forma mais importante de proclamação do evangelho (Rm 10.17).
Por outro lado, temos de reconhecer que a prédica dominical não é
a única forma de anunciar o evangelho, de ensinar a fé cristã. Outras formas de
comunicação da mensagem do reino de Deus têm seu devido lugar no plano divino:
o estudo bíblico, em suas várias formas (em classes, como
monólogo, como diálogo, como mesa redonda, em grupos);
a evangelização (de crianças, adolescentes, jovens, adultos,
profissionais, senhoras, viúvas, famílias etc.);
solenidades (dedicação, batismo, noivado, casamento, funeral).
Seja qual for a forma da pregação, as preparações exegéticas e
homiléticas são praticamente idênticas. O que muda é a metodologia da
apresentação e a psicologia da pregação, mas nunca o conteúdo a ser anunciado.
O estudo bíblico
A proclamação evangélica não é apenas evangelística, mas também
doutrinária. O apóstolo Paulo recomendou ao jovem pastor Timóteo: "prega a
palavra... com toda a ... Doutrina" (2 Tm 4.2). A idéia de que nos cultos
de domingo à noite devemos pregar somente sermões evangelísticos, e não
mensagens expositivas, é uma contradição ausente das Escrituras Sagradas. Não
podemos divorciar a pregação do ensino. O estudo bíblico é próprio para o
ensino doutrinário e ético das grandes verdades da fé cristã.
1. O estudo bíblico em classes. A grande vantagem dos estudos bíblicos
em classes é que o professor pode ensinar conforme a situação psicológica ou a
idade de sua turma. Este é o método que mais usamos na escola dominical.
2. O estudo bíblico em forma de monólogo. O pastor prepara uma
mensagem para o culto no meio da semana, sendo que o povo de Deus assiste à
predica da mesma forma que no domingo à noite. A única pessoa que fala é o
pastor; o auditório permanece passivo.
O estudo bíblico em forma de monólogo serve para o pastor
apresentar as grandes doutrinas da fé cristã. Por exemplo, talvez ele comece
com seis lições sobre a doutrina da regeneração, depois pregue sobre adoração,
justificação, santificação, oração, e, por fim, ofereça um estudo escatológico
consecutivo durante dois meses. Uma forma alternativa seria pregar sobre um
livro inteiro do Antigo Testamento ou sobre uma carta neotestamentária.
Este tipo de estudo bíblico é o método tradicional e tem a
vantagem de formar, no decorrer dos meses, uma congregação forte e bem
doutrinada. As vezes, o pregador usa um mapa, uma ilustração, um flanelógrafo,
um retroprojetor, slides ou um simples quadro-negro. Mas o teor didático
principal está no monólogo.
3. O estudo bíblico em forma de diálogo: todos participam. São
praticados o princípio do sacerdócio de todos os cristãos e a participação de
toda a igreja no estudo. O pregador está na posição de professor e instrutor,
mas não é o único que fala. Ele prepara a lição de tal maneira que haja
diálogo, discussão, mas é ele quem coordena a participação. Antes da
contribuição do grupo, ele introduz o assunto ou o texto. Cabe ao professor,
também, resumir e esclarecer os problemas, em caso de dúvidas.
As vantagens do diálogo no estudo bíblico são evidentes: há a
participação de todos; o ouvinte pode lançar perguntas e pedir esclarecimentos;
o professor pode estimular e desafiar o auditório; e a aprendizagem acontece
através da reflexão mútua.
Por outro lado, as desvantagens do diálogo no estudo bíblico são:
o perigo de desviar-se do assunto principal; a participação pode limitar-se a
alguns dentro do grupo, além do perigo do não-doutrinamento.
4. O estudo bíblico na mesa redonda: este método mistura os
modelos de monólogo e diálogo. O diálogo limita-se a um grupo pequeno,
pré-selecionado e bem preparado. O auditório acompanha silenciosamente o debate
da mesa redonda. O professor é o coordenador do debate. No fim do culto, ele
faz um resumo de improviso e uma aplicação final para o auditório. Este método
é recomendado em congressos, acampamentos, debates convencionais ou quando se
trata de um assunto atual de grande repercussão. Na primeira fase, pode ser
feito um estudo em classes ou grupos e, na segunda, a sessão plenária com mesa
redonda. Numa terceira etapa, o plenário participa da discussão.
5. O estudo bíblico em grupos: esta é a forma predileta em
congressos ou acampamentos com universitários ou profissionais. O grupo não é
necessariamente composto de classes segundo a idade, mas principalmente
conforme o interesse no assunto a ser discutido. As vantagens deste estudo
bíblico são: todos participam; é possível trabalhar sistematicamente; a
discussão pode ser bastante animada e edificante, porque cada um dos
participantes do grupo contribui com seu ponto de vista e sua experiência. As
desvantagens são: o perigo do debate intelectual; a necessidade de muito
preparo intelectual e pessoal de todos os participantes.
Cultos evangelísticos
Tácito da Gama Leite Filho define o termo evangelização como
"uma expressão profunda que tem o sentido de uma síntese, isto é, a
evangelização é altamente concentrada como se fosse um comprimido de evangelho,
onde estão calcadas pelo menos três implicações da mais alta importância:
Tácito da Gama Leite Filho, Evangelismo: Missão de Todos Nós (Rio
de Janeiro: CPAD, 1981), p. 17.
No culto evangelístico, chamamos o ouvinte à presença real, viva e
transformadora de Jesus Cristo. Tentamos, de maneira simples e prática,
explicar o plano de salvação para desafiar o ouvinte a se decidir por Cristo;
convidamos o pecador a depositar sua fé na pessoa e obra salvífica de nosso
bendito Salvador Jesus Cristo.
O culto evangelístico caracteriza-se pelo testemunho de Cristo aos
perdidos, pelo convite para que entreguem suas vidas ao senhorio de Cristo,
pelo alistamento de vidas preciosas para o serviço de Cristo e sua incorporação
na igreja local. A ênfase no culto evangelístico recai sobre o convite à
salvação, sobre a possibilidade da conversão pela fé e no hoje da salvação (Hb
3.7-8). Apelamos à razão, à vontade, ao sentimento, à consciência do ser humano
diante da santidade de Deus e da necessidade de salvação do pecador perdido.
Wadislau Martins Gomes, preletor no Congresso Brasileiro de
Evangelização realizado em
Belo Horizonte , em 1983, salienta com seis teses a
importância e a urgência da pregação evangelística:
"1. ... ainda que Deus
tenha criado o homem maravilhoso, hoje ele se encontra caído. Assim, não pode
haver uma pregação evangélica sem que se proponha a transformação e purificação
do homem pela graça de Deus manifesta na obra completa de Jesus Cristo;
2. ... a justiça de Deus é
oferecida ao homem em Cristo, pela graça mediante a fé, isto é, verticalmente e
de cima para baixo, com conseqüências horizontais, ou seja, na totalidade da
vida e de forma substancial;
3. ... a evangelização é
uma proclamação verbal e viva de toda a verdade revelada (na Escritura
inerrante e infalível), que reconcilia o homem com Deus, consigo mesmo, com o
próximo e com o ambiente aqui, agora e na eternidade;
4. ... há uma missão, e uma
só, do Senhor Jesus Cristo, já completada na cruz, da qual a igreja é
comissionária, atingindo em sua obra salvífica tanto o espiritual quanto o
material (que são partes de uma só realidade criada). Não há uma missão da
Igreja como se nela residisse ou dela dependesse, mas uma responsabilidade
conseqüente;
5. ... a realidade presente
não está acondicionada em compartimentos estanques, mas ... todos os segmentos
da vida estão e devem estar num contexto espiritual, sejam 'seculares', sejam
'religiosos', sejam da família da fé, sejam do cuidado para com todos os
homens; e que tais cuidados devem preocupar-se prioritariamente com o homem
interior para produzir reflexos no homem exterior;
6. ... a obra cristã se
move por expressão do amor, e não por necessidade. Parte do coração de Deus
para a necessidade do homem (e supre tais necessidades), mas nunca é gerada
pela necessidade, nem pela ira do homem (profundo senso de injustiça, que em si
mesmo não é mau), pois que a ira do homem não produz a justiça de Deus."
Wadislau Martins Gomes, Sal da terra... em terras dos brasis (Brasília: Refúgio
Editora, 1985), 13-14.
O destinatário do culto evangelístico é, em primeiro lugar, o
homem perdido. O homem sem Jesus está perdido, está sem salvação, está debaixo
da condenação eterna e da ira de Deus. Com a mensagem evangelística, não
desejamos desqualificar ou desmoralizar o ouvinte que ainda não é cristão, mas
precisamos mostrar com amor, paciência e objetividade que, diante da santidade
de Deus, o homem natural está perdido. A mensagem evangelística faz
transparecer o amor de Deus e do pregador pelas almas perdidas.
O segundo alvo da mensagem evangelística é o "cristão
nominal". Ele crê na Bíblia, crê que Jesus Cristo padeceu na cruz do
Calvário para a expiação de nossos pecados, mas não vive em união vital com o
Salvador Jesus Cristo e não tem certeza da salvação. Ele apenas acompanha a
vida da igreja, mas nunca chegou a entregar sua vida publicamente a Jesus
Cristo, nunca chegou, existencialmente, a experimentar a conversão bíblica.
Por fim, parece um paradoxo que o indivíduo cristão também seja um
dos alvos do culto evangelístico, mas o cristão precisa ser convidado e
estimulado a viver na santificação diária, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb
12.14). O cristão precisa ser confrontado com a possibilidade de serviço na
igreja e na comunidade onde vive, para melhor cumprir sua função de sal da
terra e luz do mundo. O cristão necessita do culto evangelístico para aprender
a testemunhar, a apresentar o plano de salvação para seus familiares, amigos e
vizinhos.
Ao realizar cultos evangelísticos, tenhamos os seguintes alvos em
mente:
a. A decisão por Jesus Cristo. Convidamos o ouvinte para o
arrependimento e a fé viva em
Jesus Cristo , que, como conseqüências práticas, trazem a
certeza da salvação, a viva esperança, a santificação diária e a obediência
concreta ao evangelho (Rm 1.5; 15.8; 16.26).
b. A purificação e a ativação do cristão. Não podemos nos dar por
satisfeitos com o momento instantâneo ou emocional da chamada decisão. Na
evangelização pragmática, precisamos ir além da decisão e mostrar ao novo convertido
a importância da purificação diária (1 Jo 1.9; Mt 6.12). O novo convertido
precisa ser estimulado também às boas obras (Ef 2.10) e ao testemunho eficaz
(At 1.8; 1 Pe 2.9; 3.15).
c. A confissão pública da decisão. A confissão pública da decisão
de seguir a Cristo foi exigida de Zaqueu (Lc 19.5) e de todos os apóstolos (Mt
5.18-22; Mc 1.16-20; Lc 5.1-11; Jo 1.35-51). O caráter público da decisão é de
suma importância para mostrar a mudança entre "o passado" e "o
presente", "o outrora" e "o agora", "o antigo"
e "o novo", terminologia decisiva para a conversão bíblica, nos
escritos paulinos (Rm 6.6; Gl 5.24; Cl 2.11; Ef 4.22ss.; Cl 3.9; 1 Co 7.14; Rm
6.17; 7.9; 11.30; 1 Co 12.2; Gl 1.13, 23; 2.6; 4.8, 29; Ef 2.2; 5.8; Cl 1.21;
Tt 3.3).
d. A incorporação do cristão na igreja local. A igreja local
exerce um papel importante no desenvolvimento espiritual e crescimento prático
do novo convertido. Paulo afirma que "em um só Espírito, todos nós fomos
batizados em um corpo" (1 Co 12.13). O novo convertido precisa da igreja
local para ser aperfeiçoado e edificado no corpo de Cristo, "até que todos
cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais
sejamos como meninos, agitados de um lado para outro, levados ao redor por todo
vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao
erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o
cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio
de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio
aumento para a edificação de si mesmo em amor" (Ef 4.13-16; itálicos
meus).
Existem inúmeras maneiras de fazer cultos evangelísticos. Limitamo-nos
às formas principais, como os cultos realizados na igreja, ao ar livre, no
rádio e na televisão.
a. Na igreja: a pregação evangelística nos cultos da igreja é o
método mais utilizado para ganhar almas perdidas para Jesus Cristo. Em muitas
igrejas evangélicas, o culto de pregação no domingo à noite é uma espécie de
culto evangelístico. Desta maneira, descobrimos e cultivamos a evangelização
permanente.
Mas, "considerando-se a natureza do homem citadino e a
dificuldade de levá-lo ao templo, a pregação deverá ir ao encontro dele".
A. Clarck Scanlon, Cristo na Cidade (Rio de Janeiro: JUERP, 1978) p. 74. Outro
problema dos cultos evangelísticos "tradicionais" na igreja é que
muitas vezes evangelizamos os já evangelizados.
Por outro lado, é bom ressaltar que um culto evangelístico, ou
melhor, uma campanha evangelística bem preparada e planejada por todos os
membros da igreja é um meio eficaz de proclamar o evangelho, conquistar a
confiança dos amigos do evangelho e levá-los a uma decisão favorável por Cristo.
b. Ao ar livre: Jesus enviou os Seus para que buscassem novos
indivíduos nos bairros, nas ruas, onde estivessem (Lc 14.21). A vantagem
principal da evangelização ao ar livre é o fato de poder levar o evangelho para
o lugar onde as pessoas se encontram. Não devemos esperar os amigos do
evangelho entrarem por si mesmos em nossas igrejas. Jesus ensinou:
"Ide". Pelo próprio exemplo, Cristo mostrou a importância de
comunicar o evangelho para o homem da esquina, do campo etc. Cristo pregou ao
ar livre, de dentro de Seu barco (Lc 5.3), no alto de uma montanha (Sermão do
Monte; Mt 5) e no discurso do pão do céu, num monte do deserto (Mt 14.15ss.; Jo
6.3ss.). Nosso Senhor Jesus Cristo usou também as casas como lugar de seus
cultos evangelísticos (Lc 5.17-26). Destes exemplos, podemos concluir que Jesus
Cristo usou a pregação ao ar livre como método eficaz na comunicação do
evangelho do reino de Deus.
Os apóstolos continuaram esta tradição. No dia de Pentecostes,
Pedro pregou ao ar livre, para todos os habitantes de Jerusalém (At 2.14ss.).
Paulo pregou o evangelho à beira do rio (At 16.13), onde o Senhor abriu o
coração de Lídia. Na sofisticada capital cultural e centro filosófico do
Império Romano, Atenas, encontramos Paulo pregando ao ar livre no Areópago,
onde os atenienses costumavam debater abertamente seus sistemas filosóficos,
suas idéias religiosas e questões contemporâneas.
Infelizmente, os cultos ao ar livre do século XX muitas vezes
escandalizam a fé cristã, porque os pregadores apresentam o evangelho de maneira
superficial e moralista. Com freqüência, os organizadores destes "comícios
evangélicos" não sabem como planejar um programa moderno, eficiente e
progressista, e têm pouco conhecimento sobre o uso do microfone.
Algumas recomendações podem nos ajudar a usufruir de maneira mais
eficaz o enorme potencial dos cultos ao ar livre:
1. Procure um lugar estratégico que se destaque e lhe garanta
ampla visibilidade (esquina de rua ou lugar elevado, como a carroceria de um
caminhão).
2. Antes da realização do culto ao ar livre, verifique a
viabilidade prática do lugar (energia elétrica, espaço, tranqüilidade,
segurança, instalações).
3. Limite o tempo máximo do culto em 45 minutos.
4. Planeje um excelente programa musical, com pessoas capacitadas
que tenham ensaiado antes de sua apresentação.
5. Inclua três ou quatro testemunhos vivos e desafiantes em seu
programa.
6. Prepare uma mensagem simples de 10 a 15 minutos.
7. Use o linguajar do cidadão do século XX e evite a "gíria
evangélica".
8. Evite que o moralismo tome conta de sua mensagem.
9. Identifique-se várias vezes e diga qual foi a igreja que
organizou o culto.
10. Faça com que sua igreja compareça em massa ao culto, para
apoiá-lo, orar, distribuir folhetos e conversar com os visitantes.
11. Use métodos audiovisuais (retroprojetor, flanelógrafo, filmes,
slides, vídeo, cartazes etc.).
12. Combine data, horário e local com as autoridades competentes
(prefeitura, polícias militar e civil).
c. Pelo rádio: o rádio constitui um dos meios mais eficazes para a
comunicação moderna do evangelho de Jesus Cristo, porque penetra em todos os
países, incluindo aqueles fechados à fé cristã (nações socialistas
totalitaristas, países muçulmanos e tribos distantes, onde o acesso é
praticamente impossível).
A pregação pelo rádio precisa de cuidados especiais:
1. Faça uma introdução curta, atual e estimulante.
2. Levante perguntas pessoais e reflexivas: "você
sabe?"; "conhece?"; "deseja?"; "você tem?";
"experimentou?"
3. Leve o ouvinte a reconhecer seu estado real de pecador perdido
ou cristão frustrado.
4. Pregue de forma simples, usando a língua do povo, mas não seja
simplista.
5. Ofereça ajuda pastoral, porque um terço das reações dos
ouvintes refere-se a questões sexuais e educacionais, um terço a questões
puramente espirituais e um terço a questões diversas.
6. Fale dentro da realidade do ouvinte, empregando frases curtas e
lógicas e ilustrações do cotidiano.
7. Apele à consciência, à mente e à vontade do ouvinte.
8. Evite questões teóricas e dúvidas.
9. Mostre os primeiros passos na fé cristã (oração, leitura
bíblica, comunhão, vitória sobre tentações, visão missionária, importância e
função da igreja local).
10. Fale ao indivíduo, não à massa (ao doente, ao desesperado, ao
que está na fábrica, no carro, na cozinha, na sala etc.).
11. Dialogue amigável e objetivamente com o ouvinte, como se ele
estivesse sentado à sua frente.
12. Evite o "nós" e o "tu", usando o
"eu" e o "você".
d. Pela televisão: a televisão é o método mais atraente, porém,
mais difícil, da comunicação evangélica hoje. Os fracassos e escândalos dos
pregadores norte-americanos, por exemplo, mostram-nos os perigos e a
vulnerabilidade a que eles estão sujeitos. Além das recomendações mencionadas
acima para a comunicação pelo rádio, o pregador de televisão deve ser sensibilizado
principalmente em relação aos aspectos estéticos. Ele também deve revelar
independência do manuscrito, limitar sua pregação entre cinco e sete minutos,
além de oferecer livros ou cursos. Não deve pedir dinheiro.
Cultos solenes
Os cultos solenes são acompanhados de atos e formalidades
religiosas que dão um caráter especial ao momento. Tais cultos têm uma dimensão
festiva, legislativa, serena e santa.
O Antigo Testamento qualifica o repouso ou descanso santo ao
Senhor como solene (Êx 31.15; 35.2; Lv 16.21; 23.3, 24, 32, 36, 39; 25.4). Na
tradição do Pentateuco, emprega-se o termo solene também para o ano de descanso
solene (Lv 25.5) e para a reunião solene (Nm 29.35).
Na época do reinado teocrático, o termo é ampliado para assembléia
solene (2 Rs 10.20; Jl 1.14; 2.15; Am 5.21), ajuntamento solene (Is 1.13),
reunião solene (Lm 1.4), juramentos solenes (Ez 21.23) e festividades solenes
(Sf 3.8; Zc 8.19). A festa da páscoa foi chamada de solenidades ao Senhor (Êx
12.14), bem como a festa anual em Silo (Jz 21.19). Sião era a cidade das
solenidades (Is 33.20), e a harpa era usada como instrumento de destaque em
tais eventos (Sl 92.3).
Em hebraico, os termos solene e solenidade têm origem na palavra
kadosh, que significa santo. Concluímos, pois, que os cultos solenes constituem
uma expressão de nossa fé, consagração, reverência e sinceridade ao Senhor.
Deus é santo e deseja que nossos cultos festivos e solenes sejam santos,
também.
A assembléia é um culto solene em que os membros de uma igreja
local reúnem-se legalmente para tratar dos negócios de sua igreja como pessoa
jurídica. Na assembléia, a igreja local delibera a respeito de seus trabalhos,
planos, admissão, transferência e disciplina de seus membros.
Não queremos entrar nos aspectos jurídicos e legais e nos
procedimentos parlamentares, porque isto faz parte da teologia pastoral.
Precisamos nos limitar a questões ligadas à homilética. Não é apropriado
apresentar uma mensagem de 25 minutos numa assembléia, seja ordinária ou
extraordinária. Por outro lado, a pregação da Palavra é uma característica
distinta de cada reunião evangélica. Recomendamos, portanto, fazer uma breve
leitura bíblica apropriada ou uma pequena meditação de 5 ou 7 minutos, em forma
de exortação, estímulo, direção pastoral ou reflexão meditativa, a fim de
facilitar o bom andamento e a harmonia da assembléia. Esse mini-sermão tem uma
função preventiva e introdutória para a assembléia que se seguirá.
A convenção é o ajuntamento planejado e jurídico de uma
associação, união ou aliança de igrejas para coordenar, planejar e deliberar
sobre assuntos de uma região eclesiástica.
A pregação da Palavra de Deus numa convenção é de suma
importância. É triste quando esse evento reduz-se a meras questões polêmicas,
teóricas e comerciais, não dando mais oportunidade para o estudo, a reflexão e
a pregação da Palavra de Deus.
A preparação dos estudos para uma convenção precisa de cuidados
especiais. Geralmente, os estudos são temáticos ou consecutivos. Isto permite
abordar um tópico de maneira abrangente, usando textos apropriados do Antigo
Testamento e do Novo Testamento ou, então, a exposição de um livro bíblico
inteiro. As principais dimensões das pregações ou dos estudos bíblicos numa
convenção são de caráter catequético e pastoral. Mensagens bem elaboradas e
escritas são uma exigência indispensável para pregações em convenções, não só
por motivos psicológicos, mas também pelo fato de que muitos daqueles que
assistem à convenção irão pedir uma cópia do sermão ou do estudo bíblico.
Em cultos de posse de um obreiro, na ordenação de um ministro, no
provisionamento de um pastor leigo ou na licenciatura para o evangelista, a
pregação evangélica é caracterizada pela responsabilidade pastoral. Por isso,
os textos das epístolas pastorais constituem um valioso tesouro para o
pregador. Nestes cultos solenes, a prédica dirige-se ao pastor, como líder, ou
à igreja que o recebe. Algumas sugestões para os tópicos seriam:
- a importância, a responsabilidade e a viabilidade prática do
pastorado evangélico;
- as qualificações bíblicas para o ministério;
- as responsabilidades da igreja para com seu pastor;
- a vocação ministerial no contexto bíblico e atual.
Estas mensagens serão de grande estímulo para o pastor, os membros
e os possíveis futuros obreiros do Senhor.
Os cultos solenes por ocasião do aniversário da igreja são
excelentes oportunidades para desafiar a igreja, lembrar os membros de sua
missão no mundo e evangelizar as pessoas que, de outra maneira, não entrariam
num templo evangélico.
Cuidados especiais precisam ser tomados no que diz respeito à
mensagem principal. Não se deve permitir que ela seja entregue após duas horas
de culto de ação de graças, quando todos já estiverem cansados. Recomenda-se
também fazer mensagens curtas, com uma duração máxima de 15 minutos.
A dedicação de um templo novo, cheio de visitantes, representantes
eclesiásticos, representantes de bairros e autoridades municipais, é uma boa
oportunidade para a pregação do evangelho. O perigo de tal solenidade está num
programa abarrotado de palavras de saudações e inúmeras apresentações
especiais. O formalismo jamais deve substituir a proclamação das boas novas
numa maneira construtiva e desafiadora.
A solenidade de dedicação do templo em Jerusalém, relatada em 1
Reis 8, revela a importância da reunião do povo num local para adorar o Deus
verdadeiro, ali estabelecer Seu nome e sentir Sua presença real (1 Rs 8.12-21).
Além da pregação solene, a oração (1 Rs 8.22-53), a bênção (1 Rs 8.54-61) e os
sacrifícios voluntários, como expressão de gratidão (1 Rs 8.62-66), destacam-se
como características distintas da dedicação do templo. Todavia, é importante
ressaltar que, na dispensação da graça, o Senhor Jesus deseja que nossa vida se
constitua em santuário do Deus vivo (1 Co 3.16, 17; 6.19).
Os templos feitos de tijolos e telhas têm uma função temporária,
mas são testemunhas do poder de Deus na transformação de vidas preciosas, as
quais aceitaram a pregação do evangelho.
Na dedicação de um novo templo, as mensagens devem salientar o
plano de Deus para Sua igreja, o testemunho da fidelidade de Deus e a missão
evangelizadora da igreja, além de levar a congregação a um compromisso firme de
obediência diária a Cristo. Recomenda-se apresentar mensagens curtas, que não
passem de 15 minutos.
Numa solenidade de consagração de crianças, que ocorre
preferencialmente na escola dominical, o comunicador do evangelho deve
explicar, em poucas palavras, a origem, o conceito, a bênção e a finalidade
prática deste rito. Passagens bíblicas específicas (Mt 19.13-15; Mc 10.13-16;
Lc 2.22-24; 2.52; 18.15-17) são recomendadas para uma exposição breve. A
cerimônia não deve demorar mais de 12 minutos, por causa da fragilidade e dos
imprevistos dos bebês.
A ênfase homilética nas pregações batismais recai sobre seu
significado bíblico e prático. Nenhum batismo deve ser realizado sem que se
esclareçam sua origem, sua função e o testemunho bíblico a respeito dele. Uma
sólida pregação doutrinária, baseada num texto bíblico que se refira ao batismo
de Cristo, à Sua ordem para batizar, aos exemplos históricos do livro de Atos
ou a uma das muitas referências nas epístolas neotestamentárias, é de suma
importância para o candidato ao batismo, bem como para a igreja em geral e seu
testemunho no mundo. Para um estudo profundo sobre o batismo cristão,
recomendamos a leitura da obra clássica de G. R. Beasley-Murray, Baptism in the
New Testament (Exeter: s. ed., 1962).
A solenidade de noivado é diferente de cultura para cultura, mas
normalmente é realizada no ambiente familiar. O noivado é uma oportunidade para
que o pastor ofereça instruções matrimoniais aos noivos e dê um toque
evangelístico aos familiares que ainda não conhecem a Cristo. Se os noivos
desejam um culto, este deve ser bem alegre, festivo e breve, mas com algumas
referências bíblicas sólidas quanto ao compromisso cristão no namoro e no
noivado. Cuidado para que o culto de noivado não se torne um substituto do
culto matrimonial.
A preparação homilética para o casamento é dupla. O ministro deve
preparar a ordem da cerimônia de casamento, que é composta de: entrada solene,
música, oração invocatória, mensagem nupcial, troca de alianças, votos, bênção
matrimonial, avisos e oração final. Após ter preparado detalhadamente a parte
litúrgica e ter conversado com os noivos quanto à sua ordem, o pastor investe
na mensagem nupcial, que deve ser especificamente preparada e dirigida ao
casal. A mensagem nupcial possui um teor ético e bíblico, mas não moralista.
Ela aponta de maneira simples e objetiva para a definição, a origem, a
natureza, a função e a duração do casamento no testemunho bíblico. Numa
sociedade pluralista, permissiva e materialista, vale a pena enfatizar que o
casamento cristão é um pacto sagrado, uma aliança solene, legal, pública,
monogâmica e para toda a vida.
Nem todos os pastores fazem uma pregação nupcial, restringindo-se
à cerimônia litúrgica. Encorajamos os pregadores do evangelho a usarem os
casamentos como plataforma de instrução bíblica, apresentando uma pregação
nupcial de cerca de 15 minutos para apoiar a relevância e a inviolabilidade da
lei moral de Deus.
A pregação do evangelho em cultos fúnebres é bastante variável.
Algumas famílias desejam um culto fúnebre em casa; outras, na igreja ou no
cemitério. Para alguns, o culto fúnebre é memorial; para outros, é um culto de
ação de graças. Em casos extremos, o culto fúnebre pode ser restrito aos
membros da família. De qualquer forma, o pastor dialoga com os familiares
envolvidos e procura um caminho aceitável para todos. As mensagens fúnebres
podem ser uma corrente de versículos bíblicos, uma mensagem preparada com
alguns pontos, uma mera meditação de caráter pessoal ou leituras bíblicas com
poucas explicações pastorais.
O pastor oficiante não pode limitar sua mensagem somente à
sepultura, mas tem a missão de pregar a vitória sobre a morte o evangelho da
ressurreição e referir-se à esperança bendita dos fiéis (1 Co 15.1-58). Paulo
enfatizou: "Onde está, ó morte, a tua vitória? onde está, ó morte, o teu
aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a
Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na
obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão" (1 Co
15.55-58).
Perguntas didáticas sobre a
homilética formal
1. Qual a tarefa da
homilética formal?
2. Quais as partes
integrantes da estrutura do sermão que merecem nossa atenção?
3. Dê uma definição curta,
clara e específica de título da mensagem.
4. Quais erros devemos
evitar na definição de um título apropriado?
5. O que compreendemos por
introdução?
6. Quais são os objetivos
principais de uma boa introdução?
7. Explique o que é uma
proposição.
8. Explique como se
desenvolvem as proposições homiléticas.
9. De que maneira chegamos
às proposições bíblicas?
10. Por que precisamos de
um bom esboço para nossas prédicas?
11. Quando elaboramos o
esboço?
12. Defina esboço
homilético.
13. Quais as vantagens
práticas de um bom esboço?
14. De que maneira um
esboço bem traçado ajuda os ouvintes?
15. Cite 11 princípios para
a elaboração de um esboço adequado.
16. Quais as diferenças
básicas entre a estrutura e o esboço do sermão?
17. Qual a função das
discussões da mensagem?
18. Por que a unidade de
pensamento é de vital importância para o sermão?
19. Quais conselhos você dá
para o trabalho de redação de uma mensagem?
20. O que entendemos por
simplicidade de palavras?
21. Qual a função da
vitalidade e da elegância na elaboração e entrega de uma prédica?
22. Quais as vantagens do
emprego de ilustrações na mensagem?
23. Sobre quais
recomendações práticas precisamos ser conscientizados quando usamos boas
ilustrações?
24. Quais as diferenças
entre ilustração e aplicação?
25. Quanto tempo o pregador
deve investir na conclusão?
26. Por que a conclusão é
de suma importância para o pregador?
27. Cite as três formas
principais de sermão.
28. Dê uma definição
objetiva e clara de sermão tópico.
29. Quais são as vantagens
do sermão temático?
30. Mencione algumas
desvantagens do sermão tópico.
31. Defina o sermão
textual.
32. Cite alguns aspectos
positivos do sermão textual.
33. Quais são as
características do sermão expositivo?
34. Por que o sermão
expositivo é o tipo de pregação mais difícil?
35. Cite o nome de três
pregadores expositivos cujo exemplo você gostaria de seguir.
36. Que conselhos práticos
você daria para uma pessoa que deseja desenvolver a pregação expositiva?
37. Quais são os três
métodos típicos de apresentação do sermão?
38. Cite as vantagens da
leitura do sermão.
39. Por que muitos
pregadores rejeitam a leitura de seus sermões?
40. Explique o que é
memorização parcial do sermão.
41. Por que a maioria dos
pregadores evangélicos dá preferência à memorização de seus sermões?
42. Defina pregação sem
anotações.
43. Cite exemplos
históricos de pregação sem anotações.
44. Quais as vantagens da
enunciação livre?
45. Qual o maior pecado dos
pregadores contemporâneos?
46. Onde você percebe as
grandes dificuldades da pregação livre?
47. Quais conselhos você
daria a um pregador iniciante sobre como melhorar a memorização de suas
mensagens?
48. Como podemos melhorar a
apresentação pública de nossas prédicas?
49. Qual o papel da
avaliação do sermão?
50. Como o pregador pode
avaliar suas mensagens?
51. Quais os dez passos
sistemáticos na preparação e entrega de um sermão?
52. Por que a homilética
evangélica apresenta e discute em separado as formas alternativas de pregação?
53. Mostre as diferenças
fundamentais entre o estudo bíblico em classe, com monólogo, com diálogo, com
mesa redonda e em grupo.
54. Quais são as vantagens
do estudo bíblico por meio de diálogo?
55. Cite alguns perigos do
estudo bíblico em grupo.
56. Que significado
especial tem o culto evangelístico para a pregação?
57. Cite alguns elementos
distintos do culto evangelístico.
58. Quem são os
destinatários do culto evangelístico?
59. Por que apresentamos
mensagens evangelísticas?
60. Mencione pelo menos
quatro formas de culto evangelístico.
61. Qual o maior problema
do culto evangelístico tradicional na igreja?
62. Como você planeja um
culto ao ar livre?
63. Por que a pregação pelo
rádio é tão diferente das outras pregações?
64. Com quais recomendações
precisamos nos familiarizar para a pregação pelo rádio?
65. Quais os grandes
perigos e as vantagens da prédica pela televisão?
66. Defina os cultos
solenes.
67. Como devemos pregar
numa assembleia?
68. Quais são as
características homiléticas da prédica numa convenção?
69. Para o pregador, quais
são as oportunidades de um culto de posse ou ordenação?
70. Como você pregaria no
aniversário de sua igreja?
71. Que regras homiléticas
ajudam a prédica apropriada à dedicação de um novo templo?
72. O que você prega na
consagração de crianças?
73. Por que a pregação
batismal exige preparo especial?
74. Quais os grandes
desafios homiléticos de um culto de noivado e de outro de casamento?
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